Acordei com o barulho do despertador para ir para a escola, levantei da cama e sorri de alegria porquê achava que foi realmente tudo um sonho, quando terminei de me trocar, meti a mão no bolso da calça e encontrei o papel do ingresso da festa com um pequeno rasgo para comprovar que eu realmente tinha ido naquela festa. Só podia aceitar a verdade de que aquela história toda tinha acontecido mesmo e torcer para que ninguém descobrisse nada. De qualquer forma, aqueles dois greasers babacas eram da minha escola e consequentemente eles iriam vir falar comigo de qualquer jeito, eles se chamavam Jimmy e Andy mas preferia chama-los de babacas mesmo. Não podia mais fugir do que eu vi ontem, eu estou envolvido nisso e agora não tem mais volta.
Fui para a escola como se nada tivesse acontecido, entrei na sala, era aula de matemática com a professora Gomez, ninguém da minha classe me conhecia então eu conseguia passar despercebido sem me encherem o saco e tudo ocorreu bem como um dia normal. Depois de meio período de aula tudo ainda estava sob controle, o sinal então bateu, era a hora do intervalo. Quando cheguei no refeitório, eu me deparei com uma coisa, uma pessoa, até que, sem mais nem menos eu me dei conta de quem era, era o mesmo cara que foi espancado pelo moicano vermelho, comendo seu lanche na mesa do refeitório todo arrebentado. ''Aquele maldito cara tinha que ser logo da mesma escola que a minha!'' pensei conturbado com oque estava vendo.
Ainda não acreditava que aquele cara quase perdeu a vida na minha frente, e no outro dia eu o vi no refeitório da minha escola. Com o braço esquerdo enfaixado e com vários curativos em seu rosto, ele estava lá, sentado, comendo. O que eu perguntava a mim mesmo era se ele tinha alguma lembrança da noite passada, se ele tivesse lembrado do meu rosto eu estava ferrado. Eu tinha que arriscar, estava decidido á ir falar com ele, puxar assunto e aproveitar para supostamente perguntar o que havia acontecido. Só que aí aqueles dois babacas apareceram do nada e começaram a encher o saco, quando fui ver o cara já tinha ido embora. Os dois queriam ''bater um papo'' mas pareciam apavorados, não conseguiam nem falar direto só ficavam falando meu nome repetidamente. - Marvo! Marvo! Marvo! Precisamos conversar. - Disse Jimmy. Só podia ser sobre o fato de que o cara que foi espancado era da nossa escola e dei ouvidos a eles.
- Na noite de ontem depois que a gente fugiu dos tiras, a polícia ainda conseguiu pegar o J.B, se ele dedurar a gente nós estamos ferrados. - Falaram os dois praticamente ao mesmo tempo. Só podia ser piada, torcia para para minha vida ser uma comedia naquele instante, eu estava passando pertinho de acabar com a minha vida por causa daquele cara, o J.B vulgo Johnny Bob assim como disse Jimmy e Andy para mim logo depois que terminamos a conversa. Esses dois podiam chamar a atenção do garoto de ontem a noite e dar muito na cara, na verdade não sabia nem se eles dois tinham visto que ele era da nossa escola então logo perguntei:
- Vocês dois sabem que o cara que foi agredido pelo J.B é da nossa escola certo? - Pelo menos uma coisa eles tinham conhecimento, logo responderam que sim, - Sabemos. é o Shelton Wayne, não precisa se preocupar com ele, ele é um bundão, mesmo se ele tiver visto a nossa cara ele não falaria nada. - Mas esse problema não era nada para eles comparado ao outro problema que eles estavam na cabeça, o J.B.
- O real risco para nós é o J.B, não sei quanto tempo ele vai aguentar ficar na cadeia até dedurar a gente e aí já era, vamos estar acabados. - Os dois continuaram.
- Se vocês odeiam tanto o J.B por quê ontem na festa ele estava junto com vocês sentado naquela mesa? - Perguntei curioso, tinha que ter algum nexo para isso tudo.
- Marvo, acontece que o J.B na verdade é um procurado pela polícia por preconceito racial e ele ainda faz parte de um grupo de apoiadores ao nazismo. Naquela noite ele conhecia aquele outro cara que estava com a gente o Josh um amigo em comum, e por isso ele estava com a gente na mesa. Se soubéssemos que isso iria acontecer não iriamos te incluir nessa história. - Responderam apavorados. Tudo indicava que de um jeito ou de outro a polícia iria me achar, então eu comecei a pensar em um plano. Eu tinha que fazer amizade com aquele cara que eles chamaram de Shelton para poder me proteger, se eu conseguisse sua confiança talvez esse seria um jeito de não ser preso.
O resto do dia passou, e os alunos estavam indo embora da escola para as suas casas, entre a multidão de alunos que saía pelo portão principal procurei por ele até que o achei. Então, era a hora de colocar o plano em prática.
- Ei! - Ele se virou para mim e ficou esperando eu falar, eu tinha que usar bem as palavras para que ele não suspeitasse de nada, ele estava esperando minha resposta, não sabia o que dizer de início então logo soltei um... ''Oi'' - E ai pensei, "por que eu falei isso ?" Já estava esperando um "vai se fuder", mas para minha surpresa ele respondeu:
- Ei, oi como vai? - Naquele momento eu senti que ele aparentava ser uma boa pessoa pela resposta que me deu. Então perguntei:
- Qual é o seu nome ? - Logo em seguida ele respondeu:
- Wayne, Shelton Wayne. - Mesmo eu sabendo seu nome eu queria ter certeza que aqueles caras tinham me dito a verdade. Eu queria entender porque mesmo com o braço enfaixado e todo arrebentado ele ainda estava sorrindo como se nada tivesse acontecido. Eu o respondi:
- Prazer, me chamo Marvo. - Demos as mãos e nos cumprimentamos, pelo jeito ele não lembrava do rosto de ninguém mas mesmo assim eu tentei desenrolar uma breve conversa e perguntei sobre seus machucados:
- O que houve com você ? - Bem depois que eu perguntei isso ele começou a ficar sério e começou a desviar o olhar como se isso o constrangesse. Em um certo momento, outros alunos que passavam do meu lado acabaram esbarrando em mim, e quando vi ele já tinha ido embora, mas mesmo assim eu estava até que feliz com o fato de eu não ter que me preocupar com o J.B por um tempo.
Alguns dias depois eu já estava andando junto com Shelton, ainda o conhecia pouco mas só esse tempo já consegui perceber que ele era um cara bacana. Mesmo assim ainda não tinha perguntado nada sobre seus machucados, até que um dia eu achei que poderia perguntar já que estávamos mais íntimos e percebi que ele não tinha mais vergonha de contar suas coisas para mim.
- Que tal me contar agora o que houve com você no dia que a gente se conheceu? - Ele começou a ficar pensativo de novo mas dessa vez ele decidiu me responder. - É uma longa história cara, acontece que eu não sei direito, eu estava voltando para casa a noite e senti uma pancada na cabeça. Caí na hora... Não lembro de muita coisa, só lembro que tinham 5 caras quando olhei pra cima mas não vi o rosto. Depois que eu acordei, estava no hospital e a polícia estava ao lado da cama me cercando. Me disseram que eu fui atacado por um bando de punks, e que era para eu deixar essa historia quieta e não tentar encontrar quem fez isso. - Enquanto ele falava minha vontade era de chorar, não podia falar nada a respeito mas eu não queria mentir pra ele. Mal sabia ele que eu era um dos 5 que estava lá.
Isso me fez sentir mais afeto ainda por Shelton, eu tomei suas dores e mesmo vendo que tudo isso era horrível, ele ainda conseguia ficar com um sorriso no rosto para não me magoar. Eu estava usando ele apenas como um escudo para me proteger, mas eu comecei a ver que na verdade ele era o meu propósito na vida, alguém que realmente importasse para mim, ele era a minha verdadeira amizade.
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A Verdadeira Amizade
أدب المراهقينSeu nome é Marvo, um garoto ruivo da Inglaterra de 16 anos que está de mal com a vida, quando ele entra no ensino médio acaba sendo procurado pelos greasers, os valentões da escola Saint Davis, mas quando ele precisa tomar uma decisão difícil o rumo...