Capítulo 1 - Esclarecimentos

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Já batia seis horas da noite na capital de Santa Catarina, Florianópolis. A cidade era conhecida por ter as mais belas árvores de outono, com aquelas cores douradas nas folhas que insistiam em cair perdidamente dando o charme naquelas ruas.

No inverno passado, moradores do local presenciaram a rara neve em solo brasileiro. Como o próximo inverno aproximava, as casas da maioria dos bairros já se preparavam pro frio rigoroso.

A passos largos, uma mulher caminha agasalhada em direção a uma dessas casas. Sobe os degraus e toca a porta algumas vezes. Segundos depois, a mulher poderia jurar que alguém lhe visualizava pelas brechas.

- Josh, sou eu, Amanda - sussurrou ela. Aparentava ter uns quarenta anos, de pele clara, cabelos curtos e loiros. Amanda vestia um sobretudo por conta do frio - pode abrir, está tranquilo.

Soltou suspiros de ares congelado. Ouviu o molho de chaves girando, e junto com ela veio uma voz grave:

- Oi Amanda - disse o rapaz dando um leve abraço na mulher, que também fazia o mesmo. Afastou-se para tal passar - entre, ela já deve tá chegando.

Numa batida de pés no último degrau de entrada, Amanda entrou naquela passagem com uma imensidão escura. A porta foi trancada novamente.
A mulher ia tentando assimilar os objetos quando ia passando, o compartimento que estava adentrando, até perceber algumas silhuetas e diversos olhares miúdos com sorrisos estampados em meio a escuridão. Aos poucos seus olhos iam se acostumando quando parou do lado da poltrona daquela sala e decifrou as pessoas em sua volta. Eram os vizinhos de Josh.

- Quase que chega junto com a Racheu eim Amanda? - falava Josh mais atrás, com os olhos já confortáveis na escuridão. Deixou escapar a felicidade de ter conseguido reunir todas as pessoas que Racheu amaria ver em um dia especial, alterando o tom de voz.

Amanda, com um leve susto, se vira para o homem, se encaixando, por fim, no seu lugar entre a poltrona e um criado-mudo. Todos pareciam estar pelos cantos da sala. Respondeu:

- Ah sim... ainda bem que isso não aconteceu. Minha parceira de trabalho faltou justamente hoje e aí tive que cobrir ela, foi uma confusão, lhe explico melhor depois.

- Imagino... - disse Josh com um breve sorriso amigável no rosto, continuou - ... quiseram fazer mais ou menos isto comigo lá no restaurante, acredi...

Não deu tempo finalizar aquela conversa que para Josh, estava se tornando empolgante.

Uma das garotas em pé do outro lado da sala subiu o dedo entre os lábios, pedindo silêncio. Josh apertou os olhos e percebe que é Ane, uma das amigas de Racheu. Estudavam juntas. As outras duas próximas de Ane, riam baixinho, encostada próxima a TV de tubo e a janela.

Aquilo poderia ter sido constrangedor pelo fato do homem ser o dono da casa. Ane encolheu-se por tamanha timidez dos risos que arrancou de todos ali, mas toda a situação acabou sendo engraçada e descontraída.

Josh pôs a se conter, coçando seus cabelos castanhos da nuca, num sorriso tímido.
O tempo foi passando. Já se passavam cinco minutos desde o silêncio que havia se formado. Pelo menos era o que dizia em gestos, Amanda após levantar seu relógio a visão do homem.

Um movimento suspeito, e lá estava Ane, puxando um pedaço da cortina para bisbilhotar, se animando logo após. Aponta para janela, estava chegando o momento. Fechou por completo as cortinas e voltou a ficar imóvel com aquele pacote de confetes em mãos.

Todos se puseram a se ajeitarem em seu canto.

Racheu já chegava em frente à sua casa. Havia saído a tarde com seu amigo Josuah para um longo ensaio de piano, onde fazia toda sexta-feira no palco da escola. Ela amava tocar instrumentos musicais, tais como violão, guitarra e piano. Com seus cabelos longos e marrom escuro se misturando ao esvoaçar do vento. Mas ele não ajudou nada naquele momento, bagunçou por completo, forçando a amarrá-lo.

Entre Nós (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora