A Grande Promoção

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Consigo ouvir o som dos pneus esmagando o cascalho que fica no caminho para minha casa e pela janela do meu quarto consigo ver a luz do farol vindo em minha direção.

Quando vou receber o carro, percebo que é meu filho, um lindo rapaz de 30 anos que espera ser promovido no departamento de polícia em algumas semanas e junto com ele está o homem que ocupa o cargo que vai ser dele. Hoje à noite vai ser divertida!

- Meu filho, faz tempo que você não vem visitar seu pai, o último presente acabou faz tempo.

- Olha pai, está cada dia mais difícil conseguir seus presentes, mas daqui a algumas semanas as coisas ficarão mais fáceis. Há pai aqui está meu chefe, Artur - Ele fala enquanto aponta para o homem que aparenta ter seus 40 anos, talvez esse dure mais tempo que o último.

- Como vai o senhor? - Estendo minha mão para cumprimentá-lo e poder ver como anda seus batimentos cardíacos, depois de tantos anos no ramo acabamos pegando técnicas para facilitar a checagem da saúde da vítima sem assustá-la.

- Vou bem e o senhor? Marcelo nunca falou do pai e nunca mencionou que havia uma fazenda tão longe da cidade.

Acho que ele vai durar umas 4 semanas talvez menos, mas pela voz ele fuma, talvez o pulmão sirva para fazer a receita de escondidinho que minha mãe me passou. Nesses últimos anos as pessoas estão se cuidando muito e com isso os fumantes estão escassos, e acabo não podendo fazer as melhores receitas da minha família.

- Acho que vai servir filho, pode levá-lo para dentro - ele é da polícia então deve estar armado, melhor pegá-lo de surpresa do que arriscar a levar um tiro.

Meu filho, já acostumado acertou um soco certeiro no rosto do seu querido chefe, antes mesmo de eu acabar de falar, ele vai ser um grande assassino como o pai.

Arrastamos o corpo de Artur para dentro, tiramos a roupa dele e o amarramos na cadeira no meio da sala, mal deu tempo de amarrá-lo e ele já estava se acordando ainda sem entender nada.

- O que vocês estão fazendo? Marcelo me solte ou irei te denunciar por assédio e sequestro quando sair daqui - ele não consegue nem gritar, o medo se mostra nos mínimos detalhes, o lábio que levemente treme e os olhos que tentam não piscar para não chorar, esses são os melhores, acham que não tem medo.

- Quem falou que você vai sair? A partir de agora eu tomarei seu cargo e você vai ser meu almoço - Meu filho realmente sempre estragando o plano e falando com a vítima.

Quando ele escuta que vai ser transformado em almoço, o medo explode e agora o grande policial está resumido em um bebê chorando e implorando para não morrer, uma pena que o destino dele já esteja traçado.

-Bom agora que você está aí chorando, seu merda, eu vou lhe contar todos os detalhes que a polícia nunca descobriu das vítimas do parque "Jardim Amor" - Marcelo sempre falou que quando a vez do seu chefinho chegasse ele abriria o jogo só para ver a cara de pânico dele, realmente não entendo porque contar tudo isso a alguém que irá morrer, perca de tempo.

No meio dos soluços e das lágrimas, consigo ouvir ele perguntando se foi meu filho que fez todos aqueles crimes.

- Claro que fui eu - meu filho se aproxima do rosto do bebe chorão e fala com todo orgulho que eu ensinei a ele - Eu matei todos os 16, e advinha só, foi bem aí onde você está sentado que a vida deles foi dessa para uma pior - Meu filho é muito sádico, lembra muito meu avô.

Enquanto meu filho vai narrando como cada garoto morreu, as técnicas que usamos para captura-los e como tiramos as humildes vidas usando dos melhores métodos de tortura, eu vou afiando a faca que era do meu tataravô, para poder tirar a carne das pernas com ele ainda vivo, quero fazer a receita de geleia de sangue, nunca consigo sempre me esqueço.

Ao me aproximar para começar a cortar a carne, meu filho ainda continua narrando tudo nos mínimos detalhes e Artur de tanto chorar está sem lagrimas, está quieto apenas olhando para o nada. A realidade, às vezes é dura com as pessoas.

Quando a faca toca em sua perna esquerda, ele começa a gritar desesperadamente me xingando e xingando principalmente meu filho, eu um senhor de quase 70 anos não tenho que aguentar esse tipo de atitude infantil. Me levanto e pego sua língua com uma mão enquanto aproximo a outra com a faca para corta-la, porem em um descuido meu ele acaba cravando a cabeça na ponta da faca e sua vida vai embora.

Não pudemos nem aproveitar e este animal já se matou, não acredito que ele tirou a própria vida, assim por nada.

-Filho, bem que você falou que ele era burro, não vou comer a carne de um ignorante que não consegue se segurar até a hora certa, pode levá-lo para os cachorros, e não se preocupe sua promoção logo vai chegar.

Genealogia da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora