Lua, era diferente diferente de todas as garotas de sua escola, mas não de um jeito ruim, ela só não era igual a todos, talvez ela fosse um pouco acima do peso, e talvez não se vestisse ou agisse como todas as garotas da sua idade, mas ela era linda, do jeito dela, uma pena que ela não soubesse disso.
Naquela manhã, no refeitório da sua escola, Lua estava sentada em um mesa sozinha, já que sua melhor, e única amiga, tinha faltado a aula. Três garotas se aproximaram dela, as que zombavam dela, batiam, jogavam coisas, todas os dias.
- Você não cansa de ser essa gorda patética? - uma delas disse, fazendo todos que estavam por perto, rir.
- O Gato comeu a língua da baleia? - outra das garotas disse, ja que Lua apenas as ignorou.
- Eu acho que a baleia precisa de um incentivo para falar - a terceira garota disse e virou o seu prato de comida na cabeça de Lua, que se levantou chorando.
Lua tentou correr, mas as garotas a seguraram e a jogaram no chão, elas a chutaram e socaram, até cansarem e ir embora.
Quando Lua chegou em casa, sua mãe estava bêbada no sofá e seu pai, ainda nem havia chegado em casa.
Aquelas garotas não sabiam, mas Lua não comia a dias por conta dos apelidos que davam a ela, ela queria emagrecer, mas aquilo estava matando ela.
Ela foi até uma caixinha em sua estante e pegou a sua lâmina, e um pote com comprimidos da sua mãe, abriu o pote e colocou todos os remédios sobre a cama, tomou dois e começou os cortes.
Lua tinha cansado, de tudo, do caos em sua casa, das brincadeiras de mal gosto, ela não tinha mais ninguém, ou pelo menos era o que ela pensava.
Ela fez diversos cortes, e aqueles remédios que no início eram só pra ela dormir e tentar se esquecer de tudo, se tornaram algo pior, seriam os remédios com que ela iria tirar a própria vida naquela noite.Na mesma noite, minutos depois de Lua estar sem vida no chão de seu quarto, diversos alunos de sua escola foram em sua casa, ver se ela estava bem, pois ficaram revoltados com a atitude das garotas que bateram nela, infelizmente eles chegaram tarde demais.
Encontraram Lua morta. Alguns ficaram horrorizados, um outro grupo, chorava ao canto do quarto, e um outro pessoal ligava para ambulância desesperados, tendo esperança de que ela ainda pudesse ser salva, mas já era tarde demais.Às vezes não percebemos o grito de socorro de alguém, a pobre menina estirada no chão do quarto só precisava de alguém que estive do lado dela e dissesse que ia ficar tudo bem. Mas ninguém nunca se importou o suficiente e agora é tarde demais para tentar salvar Lua.
Depois daquela noite, cada um fez uma pequena homenagem a Lua, todos se sentiram mal por não terem notado que ela precisava de ajuda, a melhor amiga dela descobriu quando chegou para aula naquele dia e ficou desolada, Lua era tudo que ela tinha, era a melhor parte dela.
A mãe de Lua entrou em depressão, se culpou mais que tudo pela morte da garotinha que ela viu crescer.
O seu pai se afundou cada vez mais, não saia de casa, não trabalhava, não comia, e tentava cuidar de sua mulher, que nem falava mais, trancada no quarto o dia todo.
No final, pessoas realmente sentiram a falta de Lua, no final, ela era realmente importante, talvez, se eles tivessem chegado em sua casa mais rápido ela iria ver que se importavam com ela, e talvez, a ela ainda estivesse viva.
Viver com a culpa pela morte de alguém é uma das piores coisas que você pode sentir, mas agora, a família de Lua, todos em sua escola, e todos que já conheceram aquela garota sempre sorridente e ao mesmo tempo tão triste, todos eles, viveriam com a culpa de não ter ajudado, de não ter ouvido seu grito de socorro.Lua observava o mundo a sua volta, de onde quer que ela estivesse, e se perguntava se podia voltar atrás, ela queria poder agradecer as pessoas que se preocuparam com ela naquela noite, queria tirar a mãe dela daquele quarto e dizer que tudo ficaria bem, que ela ia dar outra chance, ela queria fazer seu pai sorrir de novo e ver um sentido a vida, querer abraçar sua melhor amiga, a melhor pessoa que ela ja teve, e dizer que a culpa não foi dela, Lua queria agradecer por cada pessoa que se preocupou e tentou, mesmo que tarde, eles tentaram.
Lua só esperava que com isso todos aprendessem, que não deixassem isso acontecer novamente, porque ninguém merece passar por aquilo, seja quem for.
Depois que ela partiu, percebeu que todos passavam por coisas difíceis, que todos tinham suas dores, ela percebeu que tentar, mesmo que não consiga, era o que importava, lutar para conseguir, Lua percebeu que não tinha que ser forte sempre e sofrer faz parte da vida, ela percebeu que se ela tivesse tentado apenas mais uma vez, teria válido a pena e hoje era seria feliz.
Conto escrito por @wantmaloley
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Ainda há esperança para as flores
Short StoryAcredite quando falamos que ainda há esperança para as flores. Setembro é o mês amarelo de prevenção ao suicídio. Pensando nisso, foi criado esse livro que reúne diversos contos que serão postados todos os dias durante esse período.