Capítulo 11

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William

Promessa feita é promessa cumprida .
Depois de certo descanso eu levei Bela e Malu para a matriz do Memorial Montenegro , o hospital herdado por mim do meu pai criado em memória do meu avô importante médico cirurgião .
Eu não era capaz de gerir todos as suas sedes pela cidade e arredores mas com uma equipe centrada eu poderia fazê - lo e inclusive permanecer exercendo a minha função que estava longe de administrador junto ao meu preferido , a matriz e primeira sede a qual como dito levei Bela e Malu .
- Bem vinda ao Memorial Montenegro ainda mais se não é como paciente - Ela sorriu olhando o entorno maravilhada .
Realmente a arquitetura dali era uma coisa bonita porém não mais que os trabalhos apaixonados desempenhados entre aquelas paredes .
- Seria estranho gostar de trabalhar aqui ? - Indagou.
- E porque seria ? - Quis saber .
- Se há trabalho aqui é porque alguém se machucou - Esclareceu .
- E precisa da nossa ajuda para se recuperar - Continuei .
- Enfim reconhece o quão nobre é o que você faz e que não pode desistir disso - Eu assenti .
- Devo dizer que talvez deva um pouco disso a você - Falei andando a sua frente .
- Como ? - Indagou .
- Quando falei sobre me salvar também eu não estava brincando - Olhei - a por cima do ombro quando disse e segui andando .
- Ivy - Disse assim que entramos na recepção para minha secretaria .
- Esta é Bela e será sua substituta . Portanto a partir de hoje é de sua função ensinar a essa menina tudo que ela precisa aprender sobre a minha agenda e meus compromissos além de tudo mais que possa incumbir sua função . Certo ? - Ela assentiu e eu sai deixando Bela e Malu sob as orientações de Ivy .
Não que a bebê fosse aprender qualquer coisa mas mesmo aqui Malu teria que ficar junto a mãe .
Não era opção separar ninguém aqui ao menos por enquanto.
Tentei me concentrar em alguns papéis nessa parte da manhã pois como herdeiro não era possível ficar somente em cirurgia pois essa era só uma parte do que poderia fazer e por isso a importância vital de uma secretaria .
Eu tinha que me desdobrar entre cirurgias e determinada manutenção do negócio mesmo que isso não significasse uma administração ativa dele .
E os papéis eram mais importantes do que nunca porque além de me distrair dos meus próprios pesares , que costumavam crescer nas noites e manhãs , eram coisa esquecida desde a viagem para África que acabei aceitando pela caridade e me isolou de todo o negocio e inclusive do resto do mundo me custando o ...
Tentei parar olhando para os papéis .
"Quem vem para terra para salvar vidas jamais vai ser quem vai tira -
las "
Com isso em mente fui analisando os balanços e relatórios até estar completamente atualizado de tudo já as tantas do dia .
Mais especificamente ao meio que foi quando ouvi a porta abrir era Chell com um semblante desnorteado .
- Algum problema ? - Indaguei para ela que segurava a prancheta com firmeza .
- Nenhum . Só vim chama - lo para o almoço como sempre - Disse pois era de nosso costume fazer nossas refeições juntos desde muito tempo .
- Eu vou levar a secretaria nova para comer . Ela precisa se adaptar um pouco melhor aqui e quem sabe para isso seja necessário também conhecer mais pessoas . Almoçarmos todos juntos seria uma idéia boa . Não acha ? - Ela pensou por um segundo e logo que olhou para a prancheta negou .
- Na verdade ... acabei de lembrar que tenho um paciente agora . Consulta de acompanhamento . Então com pesar no coração sinto que vou ter de recusar o convite que eu mesma comecei fazendo - Disse e eu assenti em entendimento .
- É uma pena . Gostaria que estivesse lá - Declarei com ela saindo .
- Eu mais ainda mas vai ter oportunidade de comermos juntos só vai depender de nós - Disse por último e saio fechando a porta cuidadosamente .
Logo em seguida eu levantei e saí .
- Hora de comer Bela ! Não garanto que a comida daqui é melhor porém a compahia permanecerá agradável - Por longo tempo ...

Maite

Um ano depois ...
O tempo passou .
Com ele minha admiração pelo ser humano William Montenegro só crescia pois apesar de com os tempos ele conservar sua personalidade introvertida sempre que necessário mostrava - se bom .
Tanto que quando tive dinheiro o suficiente para sair do seu apartamento eu realmente senti que teria falta da sua compahia a todos os momentos .
Era além de tudo um amigo incrível .
Com meu primeiro salário em mãos a primeira coisa que pensei foi voltar a ponte apesar de não ter tanta certeza do que encontraria .
Ou do que não mais .
Eu busquei o velhinho que me ajudou mas ele não estava mais lá .
Lembro de ter voltado triste para o trabalho naquele dia mas só até vê - lo no hospital .
- O senhor Montenegro foi atrás de mim . Ele quer me dar emprego - Eu lembro de te - lo mencionado a William mas nunca pensei que ele fosse estender a mão a aquele idoso também que resultou ser meu confidente com o passar dos meses pois sua história era de uma sucessão de fugas também .
Era o primeiro dia dele ali também pois tinha acabado de fugir do asilo que fora abandonado por seus filhos .
Agora ele trabalhava como faxineiro no Memorial Montenegro, não que William o deixasse fazer muito na verdade , mas a ajuda em troca de trabalho o fazia digno como a mim também e assim fomos criando uma afinidade de avó e neta como nem em casa .
Malu , agora mais velha , já frequentava a creche e era tão bem comportada que quase doeu mais em mim do que nela a separação por sorte William estava lá comigo me apoiando .
Como em tudo ao longo deste ano .
Em verdade , íamos nos apoiando um na amizade do outro e seguíamos em frente .
- Bela ? - Chamou como costumava chamar todos os dias na hora do almoço .
A essa altura sabia do meu nome , visto que teve de assinar minha carteira , apesar de não saber ao certo a história por trás dele mas não deixou o costume de chamar - me assim .
- Eu sei . Hora do almoço . Mas eu tenho essas planilhas para terminar lembra ? Te encontro lá na lanchonete daqui a meia hora - Disse para ele pois desde que cheguei e que sua amiga trocou os turnos éramos a compahia um do outro , o velho ignacio sempre prefiria estar sozinho a essas horas .
- Na verdade... Hoje faz um ano que trabalha para mim e... - Parecia sem jeito .
- E... - Encorajei sem olha - lo concentrada no computador.
- Gostaria de leva - la para comer fora . Em comemoração . Ignacio me sugeriu isso e eu concordo que é necessário - Almoçar fora ?
- Mas ele vai não é ? - Perguntei olhando .
- Você sabe que Ignacio não gosta de estar em locais muito povoados . Mas se essa for a condição tudo bem eu retiro o que disse . Era bobo e... - O interrompi .
- Tudo bem . Fazemos isso todos os dias e não há nada de bobo nisso - Expliquei com um sorriso e ele sorriu de volta .
Era tão bonito vê - lo desta maneira que em um ano meio que se tornou minha missão arrancar - lhe uns sorrisos e uns raros sim .
E tenho que confessar que no meio do sucesso dessa missão eu caia um pouco por ele . Mas só numa admiração distante ...

Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...Onde histórias criam vida. Descubra agora