Prólogo

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- Mas não podemos ficar com ele...
- Eu sei que não... E por mais que tentemos não vai dar.
- Vamos leva-lo para onde?
- Para qualquer canto... Longe de casa, sítio escondido e não dês nas vistas. Nem é pelos outros, também por ele.
- Eu levo-o então, certo? - fala e olha para Bill.
- Eu vou agora lá baixo, à tabacaria, diz-me qualquer coisa depois de o largar. - o casal beija-se e Joana disfere um golpe com o seu pé diretamente no peito do cão - olha, desta vez não ganiu! - ri-se.
- Não tem piada. Não mesmo.

~

Eu não estava a perceber nada que os meus donos falavam... Num movimento forte e apreensivo, o meu pai agarra-me pelas patas, e leva-me até ao carro, atirando-me lá para dentro. Deve ser a segunda vez que sinto as mãos dele - quando me pegou ao colo para me dar de presente e agora, presenteando-me com a rua.
Passados um longos e torturantes minutos, o meu pai agarra-me pelo cachaço atirando-me pela a rua fora, entra no carro e cospe, isto numa única fração de segundo, rápido como um flash embora lento aos meus olhos.
E agora?

- Estou aqui sozinho... — digo soltando uma lágrima, acumulando-se no pelo, agora não preciso de ter medo de o sujar, não mais.

Destino d'um Cão Abandonado (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora