Descobri Que Te Amo

Dezessete - Desculpas

Semanas depois...

Mal consigo acreditar que tudo enfim acabou. Nos livramos de Jacke, Nia foi julgada e condenada, com isso foi mandada de volta para seu país. Agora eu posso ficar em paz com Bárbara. Com tudo que aconteceu fiquei em casa mais tempo e pude notar o quão é difícil a vida em casal. Eu não posso nem esquecer uma toalha na cama que já escuto por umas três horas! Isso sem contar as horas a menos que tenho disponível para jogar, ela prefere discutir sobre qualquer coisa, mas não quer que eu jogue. Mas ainda assim eu a amo, não a trocaria por nada, mas tem hora que da uma canseira.

- Está cansada de mim Noah? - questiona Bárbara um tanto furiosa.
- Não! Eu só estou cansada de você gritando o tempo todo.
- MAS EU VOU GRITAR MESMO! - grita mais alto Bárbara.
- Okay! Então você grita, se faz de doida sozinha. - pego as chaves de casa e saio sem dizer mais nada. Ando pelas ruas sem um destino certo até que chego no parque onde Bárbara e eu nos beijamos pela primeira vez. Me sento em um dos bancos disponíveis, olho todos ao redor e tudo que vejo são pais, mães e filhos. Cachorros correndo por toda parte, só escuto gargalhadas atrás de gargalhadas e eu sou a única pessoa que destoa de tudo isso no momento. Quando me sinto incomodada com isso, um senhor se senta ao meu lado e coloca a mão em meu ombro.

- Estava observando você de longe. - olho com um certo espanto para ele sem entender o motivo, já que o mesmo não me era tão aparente.
- Mas, por que?
- Está tão cabisbaixa... - eu sorrio forçadamente para parecer simpática. - sabe, eu fui casado 63 anos com a mesma pessoa. Sempre tivemos nossos altos e baixos como qualquer casal, mas sempre que brigavamos eu sempre arrumava um jeito de me desculpar com ela, nunca fomos dormir brigados. - ele para, respira fundo e olha para o céu, como se visse algo lá em cima. - exceto uma vez. Uma única vez... - ele redireciona seu olhar para mim e eu posso ver tristeza no mesmo. A tristeza foi tanta que escorria por seus olhos.
- O senhor não precisa contar algo que o faz chorar. - digo sem saber muito o que dizer.
- Não, eu preciso contar a você isso. - ele diz secando suas lágrimas. - essa única vez que fomos dormir brigados foi a vez em que eu não disse a ela o quanto eu a amava, o quanto ela era importante. Fomos dormir sem nós despedir, e assim ela se foi! - meu coração gela na hora, eu simplesmente não sabia como reagir aquilo. - tinha horas que eu achava chato tudo aquilo que ela sempre pegou no meu pé, todas as vezes que ela me chamava atenção por coisas bobas, e eram quase sempre a mesma coisa. Mas hoje... hoje eu sinto falta! Falta dela andando pela casa com minha toalha molhada na mão que vez ou outra eu acabava esquecendo na cama, sinto falta dela reclamando que deixei o chinelo pela casa e estava descalço. Mas acima de tudo, sinto falta do amor da minha vida, da mulher que sempre amei. Eu falhei com ela, fui rude e não me desculpei. - a essa altura da conversa eu já estava em lágrimas junto com ele. Só conseguia lembrar de como saí de casa e deixei Bárbara, do quanto fomos desnecessárias uma com a outra. - agora minha filha, vá para casa e se desculpe com quem você brigou, porque a saudade dói demais! - ele se levanta e coloca sua mão em meu ombro novamente, sorri e caminha lentamente na direção de onde ele tinha vindo. Eu o acompanho com o olhar até ele sumir do meu campo de visão, então me levanto e começo a andar de volta para casa, pensando em tudo que ele havia dito. A cada passo que eu dava mais eu queria chegar logo, mais eu queria me desculpar com ela por ter dito que estava cansado de tudo. Quando andar já não bastava, me coloquei a correr. Corri o mais rápido que minhas pernas aguentaram. Não me importei com os olhares ao meu redor, eu só queria chegar em casa. Sem que eu percebesse uma chuva caia sem parar e ela só se fez aumentar. Entro igual a um louco em casa procurando por Bárbara, e ela estava lá, jogada no sofá chorando. Chovia mais ali dentro do que lá fora. Eu a abracei mas não conseguia falar nada.

- Me desculpa por ter gritado com você. Eu não queria! - diz ela quebrando o silêncio.
- Me desculpa ter falado que estava cansada de tudo. Não estou cansada, eu amo você! - a beijo e retorno a abraça-la e ficamos ali por um bom tempo e foi aí que tive a plena certeza de que não queria mais ficar sem ela, me colocar no lugar daquele senhor me fez sentir a dor que seria se ela me deixasse.