Uma bagunça
Ele estava com medo.
Medo da morte.
"Dói... Dói... muito."
Todo o seu corpo formigava, doendo. Seus olhos e tímpanos tinham sido esmagados por tamanha pressão que foi o golpe do alien, apenas pequenas vibrações eram captadas, ainda imerso em água, parecia que estava seco, não sentia nada, só a dor.
Tremendo de medo, sentia a angústia o consumindo cada vez mais, o medo aumentava com o passar dos minutos.
Queria que tudo isso acabasse rápido, queria voltar a sala e conseguir os 10 pontos que lhe faltavam.Mas isso era impossível, ele sabia. Haviam muitos daqueles espalhados por ai, e não duraria tempo o suficiente para ver a queda de todos eles.
"Não quero morrer... Vai... vai logo... Katou."
Masaru Katou. Tinha o ameaçado de morte a poucos minutos, deixará bem claro várias vezes que o achava hipócrita, mas sábia que ele não era, so estava tentando ter esperança de que tudo ia acabar bem, esperança de pode sair vivo, algo que ele precisava agora, esperança de poder sobreviver.
E quem era a esperança? Ele. Porque sabia que o rapaz tinha um bom coração, que ajudaria sempre que alguém precisasse, arriscando até mesmo a sua vida.
- Katou, o pescoço dele...ta quebrado -
Oque parecia ser uma voz ecoou em sua cabeça, em forma de vibrações, que aos poucos foi interpretando.
A dor foi substituída por calafrios, forte o suficiente para sufocá-lo, e por último uma sensação gélida.
"Frio... muito frio."
Logo oque lhe falaram foi processado, fazendo seu coração apertar. Sua situação piorava a cada segundo.
"Perdi Meu pescoço... não sinto... meu"
Parecia que tinha uma barreira o impedindo de falar, dificultando cada vez mais a sua vida.
"Eu mesmo... pescoço... eu mesmo"
Um ano atrás. Um garoto semelhante a ele, mas tão diferente do que era agora, estava no topo de um prédio, de seus olhos jorrava lágrimas com fevor, ele fechou os olhos e pulou, caindo de cabeça no chão, quebrando o pescoço.
A escuridão o envolveu, novamente. Naquele momento soube que não tinha como escapar, que não havia esperanças para sobreviver, que todos o abandonaram, até mesmo o rapaz cuja confiança de sua vida foi depositada. Desistiu de lutar contra o inevitável.
"Eu... eu vou morrer... ja era... eu vou morrer ."
E no meio de todo aquele frio, sentiu lágrimas quentes desabando por sua face, como se queimasse a pele. Sentia medo. Sentia uma grande vontade de ser protegido da escuridão em que estava. Como uma criança, como um garoto de 14 anos, que no fundo, sempre foi.
"Não... não quero morrer... não... quero morrer... não."
Mas aquilo era inevitável. Oque restava a ele?
Talvez morrer com o coração em paz, morrer sabendo que havia um descanso para um garoto que tentava ser feliz, mas sempre era mal interpretado.
Então começa a soltar toda a angústia presa em seu coração apertado.
"Não é que... eu não gostasse das pessoas... eu não gosto é do mundo em si... é que tudo é uma bagunça."
Era o mundo que fazia as pessoas odia-lo, o mundo o fez sofrer junto com as pessoas, e ele não compreendia o por quê. Por isso, após a morte, ódiou o mundo da mesma forma que o mundo o odiou quando estava vivo.
Aquela confusão, tudo oque ele passou...tudo culminou no que ele é hoje.
Ás lagrimas pareciam penetrar seu rosto, e ele tremia mais que antes. Mas toda a dor, tanto no seu corpo quanto no coração, parecia sumir lentamente.
"Sempre achei isso... só que tinha que ser certinho... tinha que ser certinho."
Ele era um bom garoto, só que ninguém percebia. Ele ja fora o orgulho da família, um exemplo para as pessoas, mas depois percebeu que tinha que seguir as regras do mundo, ou acabaria perdido para sempre.
Ainda o odiando...seguindo suas regras...
"Uma bagunça... por isso... por isso não conseguia ser certinho."
... aquela angústia e sofrimento, enquanto estava presa, Não podendo ser ele mesmo ...
A respiração falhava, mas ainda se esforçar para continuar vivo até ter a paz que tanto queria.
"Eu... eu não quero... não quero morrer... não... mamãe... mamãe."
De certo modo, mesmo aceitando sua morte, não queria morrer. Queria voltar aos braços da pessoa que o deixava feliz, que o ensinou a ser o garoto que todos amavam.
"Eu tenho que Desculpar... mamãe... desculpa, mamãe eu me esforcei muito... muito... mamãe... desculpa!."
Desculpava-se por não ter sido o filho que era motivo de orgulho, por não ter resistido ao mundo, e por ter se tornado o tipo de pessoa que ela odiava.
Um psicopata.
"Que medo... mamãe...que medo, mamãe... "
O que ele sempre tivera, medo. Há um ano deixou de senti-lo, e agora aquele sentimento voltou, mas forte do que nunca.
E mesmo que chamasse sua mãe, sabia que ela não poderia fazer nada, naquele lado violentoe obscuro da cidade, tentando ajudá-lo. Ela não poderia estar naquele abismo, para tirar ele de lá.
"Frio... mamãe, eu vou morrer."
As lágrimas não podiam mais esquentá-lo, e agora aquela sensação mórbida espalhava-se por seu corpo.
Logo não sofreria mais.
"Mamãe... so 100 pontos... eu tinha juntado 90 até agora... só faltavam... so faltavam 10 pontos... ai ficaria livre pra sempre... mas..."
Ele estava tão perto de seu real objetivo... mas então caiu, não podendo alcançá-lo.
Já não sentia seu corpo, e nem o frio que tanto o tomou. Sua respiração falhou, a morte o envolveu, e o coração parou de bater.
O inocente e confuso garoto partiu do mundo que odiava, descansando em paz.
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Anime: moments
RandomFalarei aqui sobre alguns acontecimentos de animes/mangás que me chamaram certa atenção, seja pelo sentimento expressado, ou a morte de algum personagem