―Pronta?
―Sim ― ela respondeu, colocando o batom dentro da bolsa. ― Pedrinho, já vamos!
―Tô pronto, mãe! ― o menino gritou da sala.
―Tem certeza que quer ir?
―Não me diga que está cansado.
Os ombros dela caindo e sua expressão desolada me animaram.
―Tudo por você.
Abracei-a.
―Faz tempo que não saímos os seis juntos.
―Eu sei.
―Será divertido.
―Eu sei.
―Prometo que se ficar chato, voltamos.
―Gostei disso.
Ela beijou a ponta do meu nariz.
―Não diga que fiquei parecendo aquela rena de nariz vermelho!
Valerie riu, passando um pedaço de lenço na ponta do nariz, tirando o batom.
―Pronto, senhor. Bem melhor.
Entrelacei nossos dedos e seguimos para sala, Pedrinho jogava com seu videogame portátil, com a mochila pendurada. Nós três fomos para a casa de Mon, onde Pedrinho dormiria e para ela e Jonas se juntarem a nós.
―Boa noite casal!
―Boa, Mon. Oi, Jonas.
―Adoro o fato de não ser o motorista hoje ― Jonas disse entrando pelo outro lado do carro e dando um tapinha em meu ombro. ― Acho terrível dirigir diariamente, me cansa.
―Obrigado pela parte que me toca amigo, mas eu gosto de dirigir ― falei manobrando o carro. ― E de noite o trânsito do Recife melhora consideravelmente.
Seguimos para o restaurante combinado, Alice e Marcus já nos esperavam, depois dos cumprimentos habituais, fizemos o pedido.
―E então, Jonas. Quantos canalhas que traem suas esposas e pedem o divórcio, você está ajudando esse mês?
―Alice! ― Marcus repreendeu a noiva.
A mesa silenciou e Jonas franziu a testa em direção à loira, que exibia um olhar desafiador. Era só o que faltava, uma noite de troca de farpas. Apertei a mão de Valerie embaixo da mesa, ela me olhou de canto.
―Defendo clientes, não suas ações.
―Isso é bastante cômodo.
―Qual o seu problema com o meu marido, Alice? ― Mon interferiu.
―Com ele nada, mas com o fato dele defender canalhas? Tudo. ― Alice tomou um gole de seu suco. ― Aliás, que eu lembre você também não concordava com isso há algum tempo.
Mon remexeu na cadeira e seu olhar para Alice foi de decepção. O que a loira tinha naquela noite?
―Alice, eu acho que esse encontro é para nos descontrair ― adverti.
―Estou apenas perguntando, engraçado como todos gostam de fugir de assuntos como esses.
―Eu não estou fugindo, Alice. ― A voz de Jonas era ríspida, apesar de ele falar devagar. ― Apenas acho isso sem propósito. Não são apenas os homens que traem sabia? E também defendo mulheres que foram traídas.
―Claro que não são, mas são eles que fazem questão de proteger seus bens materiais, arrancando tudo de suas esposas ― ela cuspiu as palavras. ― Canalhas que pagam o seu salário.
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Confissões de um Traste (DEGUSTAÇÃO)
RomanceEles completaram um ano de casados e concordaram que é a hora de tentarem seu segundo filho, já que Pedrinho está grande e eles querem passar a um novo estágio da relação. Mas o passado de um ex-traste volta a todo vapor e um vendaval se instala na...