Capítulo 1

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- Baby you can be tough, say enough is enough, you could even be blunt, just do it with love, love, lo-

- O que é que estás a fazer? – perguntei repentinamente, virando a minha cabeça para trás tão rápido quanto tinha falado.

- Porra! – gritou ao atirar a caneta que estava a segurar para cima, tão alto que tocou no teto e fez um pequeno estrondo antes de voltar abaixo e cair em cima da minha cabeça.

Por dois segundos, fiquei parado. Limitei-me a olhar para ela e a ignorar os olhares de praticamente toda a gente no auditório. Tinha quase a certeza de que toda a aula tinha paralisado a olhar para nós os dois. Controlei a raiva que crescia dentro de mim ao fechar a minha mão em punhos e fechei os olhos por um, dois, três segundos. Quando os abri, a rapariga que estava sentada atrás de mim estava a olhar para mim com uma expressão que eu entendi como um misto de medo e de entretenimento. Ela estava divertida.

- Bem...eu diria que isso foi karma. – proferiu. Antes que eu pudesse processar o que ela disse ela voltou a falar. – Desculpe, professora. Assustei-me com algo que o Asher fez e...bem...o resultado toda a gente viu. Não volta a acontecer, prometo.

- Espero bem que não. – a professora disse apenas, antes de resumir a sua aula. Eu continuei a olhar para ela, especado.

- Karma? – sussurrei e percebi depois de falar que a minha raiva não estava tão bem controlada como eu achava que estava. Na realidade, não queria saber.

- Sim! Eu estava no meu canto, sem incomodar ninguém, e tu viras-te do nada e assustas-me. Achas isso bonito? Assustar uma pobre, inocente rapariga como eu sem qualquer razão? Quem te ensinou a fazer isso?

- Claramente eu estava a ser incomodado se senti a necessidade de te perguntar porque é que estavas a cantar Hilary Duff! E nem sequer estavas num canto. Nós estamos no meio do auditório.

O olhar desiludido que ela me lançou, por ter levado a sua forma de expressão à letra, divertiu-me. Limitei-me a revirar os olhos e a voltar-me para a frente. No entanto, antes que conseguisse voltar a concentrar-me no que a professora estava a dizer, algo brilhante chamou a minha atenção para o chão. Vi a caneta que ela tinha atirado e que quase me tinha deixado inconsciente com a força com que caiu na minha cabeça. Inspirei e expirei por outros três segundos antes de decidir apanhá-la com o propósito de a devolver. Ela podia estar a ser completamente insuportável, mas ainda não perdi todas as minhas maneiras.

- Oh, obrigada. – sussurrou, lançando-me um sorriso. – Como é que sabias que a música era da Hilary Duff? – antes que eu pudesse falar, ela voltou a abrir a boca. – Não conheço muitas pessoas que conheçam músicas dela, quanto mais rapazes universitários.

- Tenho uma prima mais velha. – encolhi os ombros e voltei-me para a frente de novo.

Ela conseguiu aguentar sem me irritar durante um total impressionante de cinco minutos. A aula estava a ser tão interessante que eu até contei os minutos que ela demorou a ser exasperante. No entanto, ela não falou diretamente para mim, portanto não era como se eu pudesse voltar-me para trás e intrometer-me na conversa incrivelmente importante que ela estava a ter com o colega do lado sobre como os One Direction eram, definitivamente, a melhor boyband de sempre, porque o seu sucesso tinha sido inigualável. Baixei a cabeça e apertei a ponte do meu nariz, respirando fundo. Olhei para o meu relógio, apercebendo-me de que só faltavam à volta de dez ou quinze minutos para a professora terminar a aula.

Talvez Mia tenha ouvido a minha expiração porque, momentos depois, ela pediu ao colega para falarem mais baixo. Agradeci-lhe mentalmente, embora fosse por causa dela que uma dor de cabeça estava a nascer da minha testa, graças à maldita caneta que ela atirou por ser demasiado assustadiça. Eu sabia que podia ser assustador, às vezes, mas seria ao ponto de ela se assustar, praguejar no meio de uma aula e ainda indiretamente atirar uma caneta à minha cabeça? Gostava de pensar que era um bocadinho mais atraente que isso.

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