Como tudo começou

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Algumas semanas antes:
—Beatrice dá para sair do meu quarto?
—Calma, só um segundo. Você é muito impaciente.
Disse eu com os cabelos super embaraçados na frente do espelho.
—Não acho a escova de cabelo, por acaso você à escondeu?
Lhe encarei com os olhos meio fechados.
—Claro que não, porque eu faria isso?
Ele caminhou até a escrivaninha e pegou-lá e me entregou em seguida.
—Seria essa? Com licença.
—Ma, m-a-s, preciso do espelho.
—Leva.
Me entregou meio de cara fechada.
—Obrigada.
Ele fechou a porta e eu pude ler sua incrível e grande placa escrito: NÃO ULTRAPASSE. Aquelas letras em capslock gritavam tanto que do final do corredor dava para "ouvir". Pego o espelho e caminho até o meu quarto, posiciono em uma cadeira que há ao lado da porta. Enquanto eu penteio meu cabelo, Bernardo aumenta o volume no som no seu quarto.
Eu não me importaria se as paredes fossem mais grossas.

—Bea?
—Oi vó, algum problema?
Minha vó já esta velhinha a ponto de precisar de mim para várias coisas. Meus pais morreram a 6 anos, me deixando apenas com o meu irmão de 18 e morando com minha vó.
—Eu queria te entregar uma caixa muito especial.
Ela disse enquanto sentava na beirada da cama e apoiava a tal caixa em seu colo.
—Caixa? Que caixa?
Me aproximei dela e sentei-me ao seu lado.
A caixa é de madeira com desenhos esculpidos, um deles era de um farol o que me chamou muita atenção. Ao redor era pintado com uma tinta vermelha com 3 pedras cravadas em um dos lados. As pedras são coloridas e aparentemente servem para incrementar a caixinha.
—Seus pais deixaram essa caixa para você e seu irmão, pediram para entregar quando eu sentisse que estavam prontos. Eu já estou muito velha e tem coisas que vocês precisam saber.
—Mas vó, o que é isso? Pra que essa caixa?
—Eu vou te deixar com ela, aí dentro tem tudo que você precisa saber daqui para frente. Desejo a vocês sorte.

Tudo isso pareceu muito misterioso. Porque uma caixa? Fiquei curiosa a ponto de me arrepiar! Minha vó saiu do quarto com dificuldade para andar e puxou a porta com toda calma. Me sento no tapete felpudo no chão, posiciono a caixa na minha frente e fico  a encarando. Olho todos os seus detalhes antes, parece ter sido feita a anos atrás, sua madeira está lascada e desbotada. Passo minha mão sobre ela com delicadeza e abro logo em seguida. 
Dentro encontro uma carta com um bilhete dentro que dizia:
  
Queridos filhos,

     Se vocês estão lendo isso quer dizer que vocês já estão preparados para o que virá. A um tempo atrás eu e sua mãe viajamos para a índia e encontramos essa caixinha. Ela possui o desenho de um farol que representa o objetivo de vocês. O que vocês precisam fazer é seguir todas as pistas que estão na caixa que nós fizemos como presente para vocês. Pegue todas as coisas e escondam com vocês! Tem pessoas muito poderosas que dariam tudo para pegar a caixa.
   A primeira pista está em uma foto que possui o número 1 atrás. Boa sorte para vocês.
                               Com amor,
                                        Papai e mamãe.

Enquanto eu leio o finalzinho da carta meus olhos se enchem de água, sinto meu coração saltitar do meu peito e sinto minhas mãos tremerem. Me recomponho após ler, me levanto e junto a carta e a caixa e vou em direção ao quarto do Bernardo.
—Bernardo??!
Coloco um dos ouvidos na porta enquanto tento escutar o que ele está fazendo.
—Bernardo, eu sei que está ai. Poderia abrir? É importante.
Ele abre a porta e sua cara está com o desenho certinho do controle da televisão.
—O que foi Bea? O que é isso na sua mão?
Ele pergunta encarando a caixa.
—Nossa vó me entregou, disse que é um presente do papai e da mamãe. Eu a abrir e li a carta que estava em cim...
—Deixa eu ver.
Eu abrir a caixa e ele á pegou no mesmo instante.
—Foi escrita pelo papai mesmo, eu reconheço a letra dele. Você Ainda era muito nova quando eles se foram...
e a carta só diz isso?
Ele coloca de volta em cima da caixa que ainda estava em meus braços parada na porta.
—Só isso? Você fala: "só isso?" Ei, é um mistério! Eu amo mistérios, tem tantas perguntas, como: o que vamos procurar, o porque nós, o porque eles, tantas!
Digo toda empolgada enquanto ele olha para mim com uma cara de tédio.
—O que você tem? Anda desanimado ultimamente.
Pergunto querendo explicações.
—Não é nada, está tudo bem. Não se preocupe.
Ele me da um beijo na testa e em seguida encosta a porta.
—Tudo bem, eu descubro os mistérios sozinha!
Eu disse com a boca na greta da porta me espremendo para não empurra-lá e ao mesmo tempo conseguir ser ouvida.
Volto pro meu quarto e coloco-a em cima da mesa branca aonde eu estudo, ligo 2 luminárias para conseguir olhar bem a caixinha todos seus detalhes. Abro de uma vez só e uma das pedras se solta, deixo de lado para continuar a olhar, talvez colaria depois. Dentro tem vários envelopes, cada um com uma foto e atrás algumas coisas escritas. Pego uma delas e esta escrito número: "1" e em seguida uma frase que diz: "um presente muito especial". O que poderia ser essa pista? Eu lembro que nossa vó disse que essa caixinha é especial. Virei a caixinha de cabeça pra baixo e lá estava cravado nela as seguintes informações:
"retire a pedra vermelha da caixa e use-a para procurar um baú pela cidade, a pedra irá lhe ajudar".
Abro o guarda roupa e procuro algumas coisas que posso usar na minha caçada ao tesouro, uma corda, um sapato confortável, óculos com luzinha, shorts, blusa de frio, lanterna.Coloco tudo na mochila e faço aquela pose de "super herói".
—Estou pronta!!!
Digo para mim mesma.
Desço as escadas rapidamente e encontro minha vó na sala.
—Vó? Estou indo dá um passeio de bicicleta, tudo bem?
—Vai lá minha querida, não seja igual seu irmão que só fica no quarto e aproveite suas férias da escola, já estão no final.
—Pode deixar vó!
Abro a porta e a bato sem querer.
—Foi mal!!!!
Grito do lado de fora.
—Santo Deus!!!
Grita minha vó do lado de dentro.
Pego a minha bicicleta que esta encostada no muro atrás da casa, mas acabo não indo muito longe. A pedra de repente começa a brilhar! Levo um susto e acabo parando no meio da rua, um carro passa buzinando e acaba me "acordando" da minha hipnose.
—Bea, Bea, Bea?? Cuidado! O que você está fazendo? Eu estava lá em cima quando te vi parada no meio da rua quase sento atropelada!
Bernardo em vinha caminhando na minha direção com a mão na cabeça.
—Ah, Oi Ber, é, eu me desconcentrei aqui... a pedra brilhou!
—Para de mentira Bea, porque uma pedra iria brilhar? 
—Eu não sei! Foi a caixa que disse para procurar um baú e que a pedra iria me levar até ele, acho que quando ela brilha é porque estou perto!
—Lá vem você de novo com esse papo da "caixa", o que são todas essas coisas na sua mochila? Por acaso vai acampar?
Ele perguntou enquanto olhava a mochila.
—Mas Bernardo é verdade! Acredita em mim, eu posso provar!
Tiro a pedra do bolso e a mostro para ele, mas a pedra não se ascende novamente.
—iiiii?
Ele pergunta enquanto encara a pedra em seguida completa:
—Não vejo nada de diferente. Você só pode está brincando. Pega sua bicicleta da rua e volta pra dentro.
Fico triste no mesmo instante, porque ela brilhou aquela hora? Caminho até a minha bicicleta no meio da rua e de novo a pedra brilha!
—BERNARDO!!!
Grito bem alto.
—O que fo...
Bernardo olha fixamente para pedra e a ver brilhando, seu olhar para no tempo e ele a encara sem reação.
—Eu disse! Eu disse!
Dou pulinhos de alegria enquanto ele caminha em minha direção e acaba tomando a pedra da minha mão.
—Ei! Me devolve! Eu disse que ela brilhava mas você não acreditou, você é um bobão!
Enquanto eu falo ele analisa a pedra como se fosse algo de outro mundo.
—Beatrice, você percebeu uma coisa?
Ele se vira para mim enquanto pergunta.
—O que eu deveria ter percebido?
—Você disse que a caixa lhe disse que a pedra iria ajudar você a achar o tal baú, certo?
—Certo!
—Pois então, ela brilhou novamente quando você veio pro meio da rua, e se ela for um objeto localizador?
—Sim, sim! Pode ser, mas aonde você acha que o baú pode estar?
Bernardo me deixa falando sozinha enquanto caminha até o quintal da casa  do outro lado da rua.
—Aqui! Acho que pode está aqui! Está brilhando mais forte, mais o que é isso? Parece que tem algo enterrado aqui. Me ajude!
Agacho na mesma hora e começo a olhar o que pode ser, já que a grama estava alta como se tivesse algo realmente ali embaixo.
—Não acredito que nós achamos!
—Calma, calma. O que tem nessa mochila que pode nos ajudar?
Coloco a mochila no chão e a abro.
—Tenho corda, lanterna, chiclete... ah, tenho um canivete!
—Como que eu vou cavar com um canivete ou um chiclete Bea? Meu Deus.
Faço cara de triste enquanto tento pensar em outra solução.
—Já sei!
Levanto correndo e vou até a porta de entrada da casa do senhor Osmar. "Tim, dom" toco a campainha.
—Oi Bea! Oi Bernardo, o que vocês estão fazendo aqui? Por acaso sua vó está gostando de mim? Ela é uma graça! Fala que mandei um beijo.
—Não senho Osmar, sabemos que você gosta da vovó e fica a encarando quando ela está regando as plantas, mas não, não é por causa dela. Queremos saber se podemos furar o seu chão!
Eu falo toda animada como se fosse um pedido comum do tipo: "você tem açúcar?"
Senhor Osmar me encara sem entender e da um sorrisinho sem graça.
—Bea? Claro que não, acabei de plantar a grama...
—Por favor! A gente planta de novo, é importante!
Senhor Osmar me encara é apenas diz:
—Quero do jeito que está quando terminarem.
—Obrigada, obrigada! Ééé só mais uma coisa...
—O que foi agora?
—Pode nos emprestar as coisas de jardinagem?
—Tudo bem, está na garagem pode pegar.
—Obrigada.
Caminho até a garagem e pego todas as coisas que encontro para jardinagem.
—Bea, depressa!
Pego uma pá que usa para colocar terra ou tirar de um vasinho de flor e entrego para Bernardo.
—É, acho que isso deve servir.
Diz Bernardo cravando logo em seguida a pá no chão com toda força. Começa a tirar a terra e bem no fundo avisto uma coisa dourada.
—Ali, Ali!
Aponto enquanto grito baixinho.
Bernardo limpa um pouco da terra que está por cima, e tira do buraco e coloca no chão. O baú é dourado, parece até aquelas coisas de filme que a gente assiste.
—Olha só, essa outra "caixa" é bem diferente do que a vó nos deu...
—Vai abrir ou vai ficar só encantando ele?
Pergunta Bernardo sem paciência.
—Espera, você achou que tudo isso era bobagem e agora tá mais ansioso que eu? Ha-ha-ha
Dou uma risada como quem estava certa o tempo todo.
—Eu pensei melhor, só estou fazendo o papel de um irmão! Não posso te deixar sozinha. Você só tem 16.
—Falou o "crescidinho" ha-ha. Fez 18 a pouco tempo e tá se achando.
—Para de bla bla bla e abre isso.
Encaro a caixa novamente e a abro, dentro tem apenas um papel cortado no formato de prédios e um bilhete que diz:
"A vista é realmente maravilhosa, espero que gostem. Sua próxima pista está no desenho, prestem atenção"

Acabo de ler e pego o papel e coloco em frente aos meus olhos.
—Ei! Eu sei aonde é isso! Sabe aquele prédio que fomos na excursão da escola? Aquele que tem vários quadros para exposição? Então! A vista de lá é exatamente desses prédios, eu sei porque fiquei encarando o formato de um que era totalmente diferente dos outros.
Acho que é ele mesmo a tal "vista", vamos lá?
Ele pergunta.
Pega sua bicicleta e vamos juntos!
Avisa a vovó!
Respondo animada.
Espero Bernardo no passeio da nossa casa.
—ANDA LERDEZA!
Grito bem alto.
Bernardo pega sua bicicleta e sai correndo na frente sem me esperar.
—Acabou ficando pra trás em!
Ele grita la da frente já.
Pedalo sem parar para alcançá-lo! Isso não vai ficar assim! Vou te alcançar.

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⏰ Última atualização: Apr 16, 2018 ⏰

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