One - Mas, sou Humana apesar de tudo!

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" -A sua resposta chegará. Não temas.-Amélia ouve a voz tranquila e calma de sempre, mais não consegue ver o dono dela.

-Como?-Pergunta olhando em volta.

Ela está em um local totalmente branco, há luzes por todos os lados , o chão é coberto por neblina, um espaço totalmente alternativo.

-Você saberá. Não desista, filha. Persevere.-A voz não responde a sua pergunta apenas a encoraja.

-Não consigo.-Diz em agonia pura.-Todos me odeiam.

-Não temas. Mandarei ajuda a ti."

O mesmo sonho de sempre em todas as suas noite e a última frase se repete em sua mente:
"Mandarei ajuda a ti."

"Mandarei ajuda a ti."

"Mandarei ajuda a ti."



O dia de Amélia Miller já começou conturbado, atrasada para o trabalho corre em direção ao ponto mais próximo, perde o ónibus e se ver obrigada a ir andando ou melhor correndo ao trabalho.
Chega vinte minutos atrasada.

-Onde estava, Amélia?-Carolina pergunta cruzando os braços. É sua chefe e dona da Agência de Modelos onde Amélia trabalha a dois anos.

-Me desculpe.-Diz abaixando a cabeça.

-Que não torne a repetir.

-Sim, senhora.-Amélia corre em direção a sala de troca.
Escolhe um biquíni da edição, se posiciona em frente a alguns fotógrafos e coloca um sorriso falso no rosto, a maquiagem esconde as olheiras da noite anterior.

Como todos os dias, toma para si um sorriso que não é seu, mais quando a tarde chega e todas as palavras já penetraram a sua armadura é impossível continuar fingindo.


Castiel




Encontei  quem eu procurava parada em um ponto de ónibus, cabeça baixa com o enorme capuz do sobretudo posto. Não consigo ver o seu rosto, mais sinto o poder emanar dos seus poros.

Me mantenho parado ao seu lado, ela não me ver e não me sente por perto. O que é estranho, pelo dom que tem deveria ao menos sentir a presença de um Anjo.
Observo seu corpo balança em um ritmo controlado, de um lado para o outro trocando o apoio dos pés ao chão. Parece bastante nervosa e apreensiva, retira o capuz e olha em direção há um pequeno grupo de garotas do lado oposto da rua. Ambas a observa de longe.

-Que esquisita.-Uma mulher passa em sua frente dizendo, enquanto caminha.

Um sorriso surge em seu rosto, um tanto quanto debochado como se as palavras que acabou de ouvir fosse algo comum para ela.
Sigo o seu olhar para o outro lado da rua, estreito o olhos e presto atenção.

-Porque ela está olhando para cá?

-Feia como sempre.

-Magrela ou será gorda?

-Quem se importa? É só a Amélia gente.

Ouço conversarem entre si e a garota ao meu lado é o assunto delas.
Amélia revira os olhos, passa a caminhar entre as pessoas e pega o segundo coletivo que parou. Acompanhando-a entro no ónibus, ela se senta na última fila e coloca os fones de ouvido, ligando em uma música alta.
Vejo as pessoas lhe lançarem um olhar de repreensão, raiva, nojo como se o simples fato dela está no mesmo local que eles fosse um erro.
Humanos.

Descido ir para a sua residência, esperar em um local sem aglomerações de seres humanos.
Ela chega algum tempo depois, se livra das sapatilhas e do celular, coloca o sobretudo em um sofá e joga a bolsa por cima. Caminha até o quarto e fecha a porta com um baque.
Irritada?

Espero Amélia retornar à sala ou ir busca algo em outro cómodo. E é realmente o que ela faz, sai vestida com outros trajes, cabelos soltos e um olhar perdido no rosto.
A sigo e vejo ela levar algo com um cheiro horrível a boca, o conteúdo da garrafa inteigra se vai, depois abre uma gaveta e pega um potinho, coloca um pouco de pó branco na palma da mão e volta a sala. Vira a mão na mesa e se colocar de joelhos, com a ajuda de um canudo ela inala tudo o que colocou sobre a mesa.
Levanta cambaleando, caminha tropeçando até o celular, retira o fone e coloca a música que estava ouvindo para tocar.

"Talvez eu seja tolo

Talvez eu sou cego
Pensando que eu posso ver através disto
E ver o que está por trás
Não tenho nenhuma maneira de provar isso
Então talvez eu esteja mentindo
Mas sou humano apesar de tudo
Eu sou apenas humano depois de tudo
Não coloque a sua culpa em mim
Não coloque a sua culpa em mim"

Música: I'm only human, vídeo de S&R Youtuber.

Ela se deixa escorregar até o chão com as mãos na cabeça, lágrimas molham a sua face, gritos saem ásperos da sua garganta como se estivesse apanhando, machucada, ferida.
E eu só consigo observa tudo sem entender, a música diz algo.

Sentimentos humanos talvez?  Não sei realmente, mais ela sente, sofre a cada palavra da música.

A melodia termina e recomeça novamente, seu choro se torna soluços com tremores pelo corpo. Diria que são reações da droga que consumiu agora pouco, o conteúdo da garrafa com certeza era álcool.

Seu corpo vai se acalmando aos poucos, relaxando por completo, ela adormece ali mesmo, deita em modo fetal no chão frio e mesmo enquanto dorme uma lágrima desce silenciosa, "correndo" pelo seu nariz e "morrendo" no chão.
O que houve com a garota do deboche a algumas horas?

Terça-feira 

Amélia repete os passos do dia anterior: trabalho, humanos falsos, drogas, festas, bebidas e o esquecimento temporário que eles dão. O mesmo que volta acompanhado com uma dor de cabeça no dia seguinte.

Quarta-feira 

Novamente.

Quinta-feira

Novamente.

Sexta-feira 

Novamente.

Sábado 

Novamente.

Domingo 

Novamente.

Segunda-feira 

E novamente.

Passei a acompanhar cada passo que ela dá, ouço o que ela não consegue ouvir, vejo o que aprontam para ela, lhe livrei de acidentes várias vezes em um só dia. E ela nem ao menos notou.

Para uma profeta Amélia é uma pessoa muito incrédula, não ler a Bíblia, não ora, não faz jejum e nem consagração a Cristo. Mais ela tem visões a quais a leva a achar que está louca, por isso a droga, já a bebida é um vício seu. Bebe para esquecer o que ela ignora o dia todo.

Terei mais trabalho do que imaginei.


Sou Teu Anjo (EM BREVE!)Onde histórias criam vida. Descubra agora