A Herdeira

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"Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota."

- Theodore Roosevelt


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ROSE

Meu coração ribombava, saltitando numa evidente tentativa de sair por minha garganta.

Scorpius estava caído a poucos metros de mim.

Ele tem que estar vivo.

Era tudo que passava por minha mente naquele momento.

Scorpius não.

Scorpius não.

Tudo menos isso.

Sentia meu corpo tremer de raiva, aflição e pesar, mas mal conseguia esboçar uma reação coerente. Me sentia fincada contra o chão, tal como a faca rombuda e imaginária que se contorcia dentro de meu peito.

- Não se preocupe – estática, o vi gesticular outra vez a varinha, afastando meu amigo inconsciente para longe, recostando-o contra a estátua prateada do Pentagrama – ele ainda está vivo. E quero mantê-lo assim. Precisaremos de alguém que envie o recado, não é mesmo?

Ao mesmo tempo que sentia o alívio me inundar, a perplexidade tomou conta de minha mente, fazendo-me sacudir a cabeça.

Wicca.

Aquele Comensal da Morte havia me chamado de Wicca.

- O que...? - guinchei roucamente.

- Não a culpo por estar confusa – Rashid se aproximou alguns passos cautelosamente, me avaliando com seu olhar frio e monótono – quer dizer... que eles nunca te contaram, não é?

- Do que... do que está falando...?

- É – ele concordou com a cabeça, reafirmando sua conclusão – eles não te contaram. Quanta negligência. Que ignorância... quase me faz querer... ter pena de ter que te matar.

Matar.

Ele estava ali por minha causa... para me matar.

Por que?

Ele pareceu ler minha indagação desesperada.

- Ah, não – sua expressão anuviou-se – não é o que você fez, queridinha. É o que você poderia vir a fazer. E teremos que impedir isso à todo custo. Espero que compreenda.

Tentei reagir, mas era como se alguma coisa me amarrasse no mesmo lugar. A sensação de imponência era desesperadora.

- Como nos encontrou...? - foi tudo que consegui dizer, embora não fosse a principal questão que me corroía.

- Vigilância – respondeu simplesmente – devia prestar mais atenção nas criaturas que rondam o seu redor, mocinha... foi assim que te vigiamos... durante todo este tempo. Apenas aguardando a oportunidade certa para te encontrar.

Lívida, compreendi como sabiam que estaríamos ali.

A raposa na carroça.

De quantos outros animais, nos terrenos do castelo, eu havia feito a burrice extrema de ignorar a presença?

Gênese - A Saga da Rosa (Temporada I)Onde histórias criam vida. Descubra agora