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Eu sempre me sentia sozinha. Isolada do mundo, isolada de todos.

Um nada.

Eu não costumava acreditar em coisas tão clichês como o bad boy e a mocinha indefesa. Não costumava acreditar que existe uma pessoa ideal para cada ser humano na Terra. Não costumava acreditar em contos de fadas, principes em cavalos brancos ou até mesmo em finais felizes.

Na verdade, nunca acreditei nessas tolices.

Até que você chegou, Alex.

E por incrivel que pareça, você me fez acreditar que ainda existem pessoas clichês, Alex. Você era uma dessas.

Você era o bad boy, e eu, como já imaginado, a mocinha indefesa.

A mocinha que você destrui com todas as suas forças.

Com esse seu jeito tão clichê de ser. Eu odeio admitir, mas eu amava esse seu jeito.

A verdade é que, eu odiei e ainda odeio o jeito que você me fez sentir. Eu odeio o fato de como você fez eu me sentir viva. Você me fez ver um novo lado da vida que eu não conhecia e não fazia nenhum esforço de conhecer, e eu odeio isso. Eu odeio como eu me sentia um nada e ao mesmo tempo um tudo com você por perto.

Eu te odeio, Alex.

Eu te odeio por você ter simplesmente transformado minha vida em um completo furacão. Eu te odeio por tantos e tantos motivos. E eu realmente não sei se esses motivos vão te fazer entender o meu lado. Entender o lado certo.

E é por isso que eu, Kaya Madson, estou escrevendo esta carta, com todas as coisas que me fizeram desistir de tudo. Desistir de nós.

Com todos os motivos pelo qual eu te odeio, Alex.

E aqui vai a longa história de como tudo começou:

Eu estava sentada em um banco qualquer de uma praça próxima do campus, com a cabeça levemente abaixada, ouvindo músicas.

Eu não me preocupava em aumentar o volume do meu celular, porque eu sabia que provavelmente ninguém falaria comigo. Para falar a verdade, ninguém nunca se dava ao trabalho de dirigir uma única palavra à mim. Eles sabiam do perigo. Sabiam que eu era encrenca, que se tirassem sarro da minha cara, ou ao menos tentassem, iriam acabar com dezenas de hematomas no rosto. Eu não sei porque eu era assim. Eu simplesmente não sei.

E foi aí que você apareceu. Eu ainda estava com meus fones nos meus ouvidos, e o som que saía de lá era muito alto. Não vi você caminhando em minha direção, Alex. Mas eu conseguia ouvir. Não sei como, mas era como se eu já sabia que você iria ir até mim.

E você foi.

E o pior de tudo, você sentou do meu lado.

Ninguém nunca sentava do meu lado, Alex. Todos sabiam de como era a minha personalidade. Mas você parecia não saber.

Eu aumentei mais o volume do meu celular, até o máximo. Abaixei mais a minha cabeça. Eu não queria que você falasse comigo, eu não queria que ninguém falasse comigo. Não sei porquê, mas aquilo me dava um pouco de raiva, Alex. Você estava sentado do meu lado, mas não fez absolutamente nada. Eu também não esperava que você conversasse comigo, afinal, ninguém conversava comigo mesmo. Não era nada demais. Mas o que me encomodava era o fato de você ter sentado do meu lado.

E eu tinha que sair de lá.

Eu já estava me preparando para levantar-me, mas você me impediu.

Você colocou um braço na minha frente, contra o meu abdomen, me impedindo de me levantar. Eu virei meu rosto furioso, e te encarei. Você tirou o braço, e eu me sentei de novo.

- Qual o seu problema? - explodi.

Você não respondeu de imediato, mas sorriu.

O primeiro sorriso.

Aquele sorriso maravilhoso com covinhas que fazia qualquer garota se jogar em seus braços. Mas eu não seria uma delas, de jeito nenhum.

Abaixei o volume do meu celular e voltei a te encarar com o cenho franzido.

- Você não ouviu eu falando com você, garota gótica? - você disse, ainda sorrindo.

- Não ouvi, e não me interessa o que você diz ou deixa de dizer.

- Não seja grosseira comigo, garota gótica. Você não sabe com quem está falando. - você falou sorrindo, com um ar ameaçador.

- Ah é? E com quem estou falando? Com um serial killer? - zombei.

Você alargou seu sorriso ainda mais, como se se divertisse com a minha raiva.

- Eu poderia até ser. Mas não, não sou. Vou te avisar uma coisa, Trevas. Nunca na sua vida me trate assim outra vez. Ou eu vou ser obrigado a te ensinar boas maneiras. - disse sorrindo maliciosamente.

Eu já estava cansada daquilo, e com raiva, muita raiva de você.

A verdade é que você era um tremendo idiota clichê, Alex. Você era aquele tipo de garoto bad boy, que gostava de provocar. E antes mesmo de te conhecer eu já sabia disso.

Eu continuei te encarando com furia no olhar.

Você estava tirando sarro da minha cara na maior cara de pau. E eu odeio muito admitir isso Alex, mas eu gostei do apelido que você me deu. Trevas. A palavra era simplesmente linda saindo dos seus lábios, como o som relaxante de ondas de um mar.

Eu fiquei te encarando por um tempo com a testa franzida, eu estava prestes a te dar um tapa na cara, mas eu simplesmente não conseguia. Então resolvi só me acomodar no banco de novo, te ignorando completamente.

- Alex. - você disse, do nada.

- O que? - me virei para você sem entender.

- Meu nome. Alex. Agora sabe quem eu sou? - você disse com sarcásmo.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para meu celular. Era perda de tempo conversar com pessoas como você.

- Agora é a parte que você se apresenta. - você disse se inclinando levemente para ver meu rosto. Você estava sorrindo, é claro.

Bufei e revirei os olhos.

- Kaya.

- Kaya. Nome bonito, Trevas.

- Não me chame de Trevas. - rosnei, e virei o rosto para te encarar novamente.

Você sorriu de lado e simplesmente saiu de lá.

Eu fiquei vendo você sair, sem entender absolutamente nada. Mas também não estava nem aí. Afinal eu nem te conhecia.

Mas o que eu não imaginava era que eu iria te conhecer, Alex. E eu conheci. Conheci todos os seus defeitos e qualidades. Conheci você todo.

Mas eu sinto até hoje que existe uma parte de você que eu não tive oportunidade de conhecer, assim como existe uma minha. Eu realmente queria conhecer essa sua parte, Alex, mas depois de tudo eu nem ligava mais pra isso. Eu não ligava e não ligo mais pra nada sobre nós. Porque parece que nunca existiu realmente um s. Era apenas um sonho. Na verdade, um completo pesadelo. 

E tudo por causa de você ter sentado do meu lado naquela tarde, quando ninguém mais sentou.

Você foi o único que realmente me notou, Alex. E eu te odeio profundamente por ter me notado.

E o primeiro motivo pelo qual eu te odeio é:

Você foi o único que me notou em meio à tantas pessoas.





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⏰ Última atualização: Sep 01, 2017 ⏰

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