Capítulo - 29 A redenção de Inácio

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Eu tava muito preocupado por causa que eu num via nem sinal de pai Tonho , por que já tinha três dias que ele num aparecia , então como eu tava forte e já num mancava tanto , eu sai para buscar ele , ele era velhinho, e podia de tá ferido , ou coisa parecida , então eu comecei a andar e sai de perto da choupana dele e fui andando sem avistar nada , e já tava cansado por que era uma imensidão de terra e eu num sabia mais o que eu podia fazer , e fui chamando o seu nome , eu chamava e andava , chamava e andava , e procurava e nada , nadinha de pai Tonho, nem um sinal , e eu , cansado , já tinha me afastado de onde eu tava e sabia que podia ser visto por alguém , mas eu tava era preocupado em achar ele , e ele tinha sumido , e sabia dos perigos daquela mata da fazenda , e nem um sinal que me levasse a ele , até que cansado e com o corpo colado de suor , eu vi o rio que eu tanto me banhei ali , e num me contive e me banhei , e tirei todo aquele calor por que o sol tava bonito mas tava forte . e eu me banhei até num poder mais , e quando eu tava a me vestir senti que alguém me espionava , , eu tive essa sensação , mas era tudo verdade , eu , quando olhei o céu e olhei para a frente para apreciar o verde das matas , me deparei com um negro alto e forte que me inquiriu --- quem é vosmecê ? eu me atrapalhei , mas respondi --- eu sou um amigo de pai Tonho , estou na choupana dele , ---- então vosmecê terá que vir comigo até os patrões , pois nas terras dele num entra ninguém sem a permissão dele , e sou eu que tomo conta de tudo aqui , e vosmecê vem comigo ver o patrão , -- e o pai Tonho? ele tá sumido , e eu tenho que achar ele , ele deve de tá ferido, porque faz dias que num vem me ver , o negro , olhou-me espantado , mas disse --- primeiro vosmecê vai ter com o patrão a depois a gente vê isso , venha . ; Eu o segui com o coração apertado de agonia por pai Tonho que tanto me ajudou , me salvou , mas fui e vi que a fazenda tava mais bonita , num tinha mais senzala , tinha pequenas casas , e tava mais bonita , a casa grande num tinha mais o jardim , deve de ser porque o fogo num deu jeito de formar flor novamente , mas tava linda novamente , mais ainda , vi muitos negros pra baixo e pra cima , todos trabalhando com um largo sorriso nos olhos , eu pensei na sinhazinha só quando , vi que era o seu Cipriano de longe  parecia ele ... , irmão da sinhazinha que eu tinha visto  umas duas vezes  acho, se num me falha  os pensamentos , aí eu fiquei nervoso , minhas mãos tremia , e eu mancava , tentando acompanhar o negro , até que tava diante de um homem branco alto e bem apessoado era ele mesmo  , que me falou --- bom dia! , como se chama? -- Inácio , sim senhor , ele me olhou , e me fez me sentar numa cadeira junto a ele quando  adentrei  no salão grande  ao que eu neguei com a cabeça --- num tô em condição , sinhor eu tô sujo , mesmo com o banho do rio , vou sujar sua cadeira , --- pois fique a vontade e me conte o que aconteceu com você , sem rodeios , não omita ,nada, eu me encorajei e contei tudo , desde que sai da fazenda até o dia de hoje , e por que fugi , e ele , ouviu o meu relato e quando eu terminei disse --- você é um homem corajoso Inácio , eu lhe tenho o mais profundo respeito , salvou a vida da minha irmã , e no que depender de minha pessoa , vou fazer tudo para ajuda-lo , até porque você era escravo de meu saudoso pai , portanto será alforriado como os outros e poderá viver aqui na fazenda se quiser , ou se não quiser , será livre  dada as circunstâncias  ., mas .. ele parou e me  observou  me mirando  e disse  devagar ---  tem uma pessoa que tem outros planos para você , eu levantei, .a cabeça e o encarei --- tem? quem? , e ele sorriu , mandando uma de suas aias , que era nova chamar  a ''PESSOA"", seria então  a minha sinhazinha? , ah! eu tava me tremendo todo , era muita coisa , eu num tava preparado para ver ela com o marido dela , eu queria sumir dali , eu já tava chorando por dentro , e eu num podia ver a minha sinhazinha assim sem um preparo , mas podia ser que fosse o marido dela , e eu num sabia o que era pior mas , num ia fazer a desfeita ao moço , que era muito educado e sabia ser o irmão da sinhazinha , eu tinha que esperar, e tinha que aguentar mais essa dor , e esperei e esperei , e o passar das horas fizeram seu Cipriano me oferecer um cálice de licor , e eu que num tava acostumado com esse tratamento recusei --- num carece não sinhozinho , eu tô bem como tô , mas eu num tava era nada , eu tava agoniado com a ideia de ver de novo a minha sinhazinha , ou o marido dela .



Após umas horas , eu num tava me aguentando de tanta espera , e quando ia pedir para sair com a licença de todos , pois tinha que ver se pai Tonho apareceu , por que se ele num me visse ele ia ficar agoniado também, apareceu na sala , uma mulher de roupa preta , e eu gelei , era ela , a sinhazinha Rosa , e tinha os olhos negros e profundos que rasgava a alma de quem olhasse ela , e tinha algumas rugas ao seu redor , mas era ela sim , linda!  , e seus olhos tava marejado de lágrimas , quando me fitou , eu num sabia o que dizer depois de todos aqueles anos de distância , eu tava com o peito arfando de alegria e e saudoso  e  eu num me contive e deixei as lágrimas do meu rosto rolar livremente e eu num fiz jeito de limpar ela , eu tava ali parado e o silêncio só foi quebrado com a voz de seu Cipriano , ---vou ver os cavalos  com licença , e saiu , beijando o rosto da sinhazinha , que ficou parada me olhando , depois se aproximou de mim e tocou de leve meu rosto castigado pelo sol --- ah, quanto tempo , negro! aí quando eu ouvi ,a palavra negro , dei mais espaço para as lágrimas chegarem com mais força até que elas  se formaram um soluço e um choro sentido da dor causada pela  falta dos que amam ,  eu me ajoelhei diante dela e ela se ajoelhou para perto de mim chorando e me beijando , o rosto , o meu beiço queimado de sol , e foi se levantando e me levantando até que me abraçou e me beijou os beiços e eu que pensava tá morto vi minhas intimidades ganhar força  e meu coração  se abrir de tanta  alegria , mas me mantive quieto , mas era difícil, pois ela me abraçava e me beijava muito , até que nós fomos interrompidos , por uma voz de criança , e eu assustado me afastei dela , e fiquei em pé olhando o menino que ali tava na minha frente me olhando sério, e eu sério para ele , em respeito apesar de ele ser um sinhozinho que devia ser dela e do  marido , e foi a sinhazinha que chamou ele para junto de nós , --- vem aqui Matias! , vem conhecer o seu pai , --- PAI! , ---pai ! que Pai? eu num entendia , e fiquei abobalhado olhando dela para o menino e o menino me olhava curioso aí a sinhazinha fez ele se aproximar e falou --- lembra da estória que mamãe te contou , sobre o seu pai? --- o menino balançou a cabecinha concordando -- então , eu não lhe disse que ele voltava como o pai Tonho falou ? pois bem aqui está ele , o seu pai . Ficamos olhando um ao outro e eu num sabia nem o que dizer e o menino de pele clara amarronzada , de nossa mistura , foi que foi abrindo o sorriso e pude ver que se parecia com a minha sinhazinha, , o sorriso era dela , e eu num sabia que tinha feito filho nela . me abaixei e abracei aquele ser pequeno , fruto do amor , de nosso amor , e só consegui chorar , aí a minha sinhazinha se abaixou também e fomos abraçando o Matias , e ninguém se importou se eu tava sujo ou limpo , , e ríamos e chorávamos porque o melhor num podia ser mais do que o que tava ali na minha frente . , eu plantei um amor e ele tava crescendo e nunca deixou de crescer , eu só tive forças para dizer ---eu pensei que a sinhazinha já tava casada com algum fidalgo , ---- eu lhe disse negro , que só me casaria por quem tivesse amor , como daqueles dos livros , se lembra? --- me alembro , ah , lembro --- pois então , amor nessa vida era só o seu , e assim será .

O Dedo de Deus (Obra não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora