Cami sempre ouviu que a normalidade só era boa para aquelas pessoas que não tinham imaginação.
Todavia, ela sempre tentou ser extraordinária. Participou de todos os clubes no colégio, sempre teve notas excepcionais e trabalhava para não dar despesa ao pai. Ignorou sua atração por mulheres na pré-adolescência e começou a sair com os melhores meninos da cidade para afirmar que ela não era bissexual e sim, puramente heterossexual. Conseguiu admissão na faculdade aos dezesseis anos e sua vida estava mais que perfeita, ela iria terminar a faculdade de medicina em poucos anos e depois ganharia o mundo como o orgulho da família, até que... enjoos, menstruação atrasada e boom! Toda sua tentativa de ser extraordinária foi por água abaixo e Camille Starke se viu grávida no meio da faculdade. Abandonou o curso e acabou perdendo a vaga, foi largada pelo pai da criança e sua família começou a abominar a situação.
De repente, Cami se viu com uma filha, morando sozinha, uma vaga na última chamada para Arquitetura e um trabalho fajuto que pagaria só o sustento das duas.
Seu pior pesadelo tinha a atingido: ela tinha virado estatística e uma pessoa normal.
Quase dois anos depois, uma oportunidade de emprego surgiu e diante da situação de poder dar uma vida melhor para sua filha, Cami aceitou ser garçonete numa casa de strip no subúrbio de Manchester.
O barulho do copo batendo contra o balcão chamou sua atenção, mais um bêbado, pensou ela.
– Bonita, você pode colocar mais uma dose? – Ele leu a placa dourada no peito dela que dizia Taylor, um nome falso que tinha adotado para não ser reconhecida em outros lugares. Também usava uma wig loira e sempre exagerava na maquiagem, um perfeito disfarce – Taylor, com essa demora você não vai ganhar gorjeta. Vamos lá, uma dose do que você tiver de mais forte aí.
– Dois cubos de gelo? – Ela sabia que não era certo embebedar um homem que não deveria lembrar do próprio nome, mas aquele tipo era o que dava gorjetas mais avantajadas e ela não podia perder a oportunidade de conseguir um trocado extra – Ou você prefere puro?
– Puro.
Cami colocou uma dose generosa de absinto para o homem, a luz do local não era das melhores e depois de um tempo, ela percebeu que aquele era um jogador. Meia do Manchester United. Mas ele estava muito mais acabado do que depois de jogar dois tempos de qualquer outra partida. Paul Pogba era seu nome.
Ele fez uma careta ao dar o primeiro gole, estava esperando uísque e não cachaça destilada. Mas mesmo assim era o mais forte que ela tinha ali, o sabor agradou seu paladar e girou ainda mais sua mente. Normalmente as garçonetes ou baristas não colocavam bebidas boas quando viam que o cliente já estava bêbado e por Paul ser experiente no sentido ficar louco e não lembrar do próprio nome, ele estranhou aquilo. Alguém colocando absinto para um bêbado? Estranho.
– Sabe, você é bonita, Taylor. Você é novata? Acho que é a primeira vez que te vejo aqui.
– Paul! – Uma voz mais distante alcançou a audição de Cami num grito estridente – Moça, ele estava te incomodando? Me desculpe. Eu te perdi por alguns segundos e você já vem encher o saco das pessoas?
– Na verdade, ele estava só bebendo mesmo. Não falou nada demais. – A morena estava enxugando os copos de uísque e guardando-os no armário.
– E eu disse que ela era muito bonita e que era a primeira vez que a via por aqui.
– E também a última. Vamos. – Camille estreitou os olhos quando o outro homem puxou Paul. Daley Blind daquela vez, mais um jogador. Ambos do Manchester United e ela estava tão encantada com os dois em sua presença segundos atrás que nem percebeu o presente bem debaixo do seu nariz no balcão. Uma nota de cem paus.
Daley Blind definitivamente tinha que socorrer amigos bêbados mais vezes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Red Velvet
FanfictionEm algum momento da nossa existência, coisas importantes acontecem. Agora mesmo enquanto você lê isso, alguém está conhecendo o amor da vida. Alguém está morrendo. Alguém está nascendo. Alguém está fazendo sexo e até aniversário. Existem dias e mai...