Ouço de modo abafado uma sirene aguda soar nos meu ouvidos ficando cada vez mais forte, como se nunca parasse de aumentar. Eu havia esquecido como era acordar pelas manhãs com esse barulho nada harmonioso, depois de algumas poucas semanas de férias a rotina começa a fazer falta, mas a dor de ter que voltar pra ela é maior que a saudade.
-Levanto-me vagarosamente, de forma que quase não se percebe os movimentos. Vou em direção ao banheiro esbarrando em todos os móveis do meu quarto, quando finalmente tropeço na porta procurando a maçaneta- Assim que abro a porta meus olhos são atingidos por uma forte luminosidade, os primeiros raios de sol do dia.
Acabo de me lembrar que hoje é o primeiro dia da última semana de férias e que me resta pouco tempo antes de voltar as aulas para o meu último ano de ensino médio.
-Mal posso esperar pelas meninas metidas, professores bem humorados e garotos arrogantes, haha - rio sem humor algum.
Ainda não fiz nada que valesse a pena de ser lembrado, esse é o meu último ano e precisa ser revolucionário.
-Tomo um banho quente , dá pra ver o vapor saindo de dentro do boxe do banheiro e embaçando meu espelho. Após me secar e passar alguns minutos
diários em frente ao espelho, procurando algum defeito em mim mesma, decido que vou ligar para o Matt, meu melhor amigo, quero fazer alguma coisa interessante e não vejo outra saída a não ser correr para os braços do meu estereótipo de amigo popular, que joga no clube de basquete da escola e tem todas a meninas aos seus pés, mas nunca dá muita bola pra nenhuma. Ele costuma dizer que não valem a pena, elas são muito fáceis.
-Alô? Sou eu, layla.
-Aah.. Oi! Não reconheci sua voz, estava fazendo o que com essa boquinha?
-A menos que comendo seja a resposta que você queira, nada demais, como sempre.
-Eu já sabia, foi só pra massagear o seu ego, dessa vez..
-Vamos fazer algo hoje Matt, não que eu queira te ver, mas é a única coisa que me resta - falo em tom de ironia e logo escuto uma leve risada através do telefone.
-Coffee place às 8:30, tá bom pra princesa assim?
-Porque tão cedo? Você por acaso vai abrir a cafeteria? - ele retruca debochando e me obriga a ir cedo, tenho apenas 1 hora pra me arrumar.
Saio do meu quarto e vou em direção a cozinha enquanto ouço barulhos de panelas e choro de bebê.
-Bom dia querida, posso saber onde vI vestida assim? - mamãe sempre disse adorar meu estilo, que pareço com ela mais nova.
-Vou tomar um café com o Matt, teria algum problema, mãe? - pergunto receosa, em um tom tão baixo que quase não me ouvi falar.
-Problema nenhum! - hummm, é aquele menino super educado e bonito?
-Sem essa mãe, só amigos, mesmo..
Pego rapidamente uma maçã na fruteira e me despeço com um abraço, saio apressada já que demorei tanto tempo me arrumando. Ainda bem que pelo menos posso dirigir, embora não seja muito longe daqui é sempre mais rápido e confortável ir de carro.
Viro as ruas observando o dia ensolarado, as flores parecem vibrar em um intenso contraste com o azul do céu, fazendo o verde ficar fluorescente e os pássaros calmos. Quando estaciono o carro e vou em direção a enorme porta de vidro do Coffee, já posso ver um cabelo castanho e pele claro de longe, que ao me ver, abriu um lindo sorriso em um rosto levemente abatido.
-Não sabia que estava participando do elenco de the walking dead- falo tirando sarro de suas olheiras e aparência cansada.
-Haha, eu estava na casa de uma...bem, podemos dizer que "amiga".
-Ahh, mais uma pra eu ter de sumir, você me dá muito trabalho - falo fazendo cara de brava enquanto franzo a testa.
-Como você é possessiva! Estávamos apenas brincando.
Claro que eles estavam brincando, é a única coisa que ele saber fazer com as meninas, e elas adoram, pelo menos ele de ser bom no que faz - pensei comigo.
-Imagino...Papai e mamãe, né?Ele me olha dando risada deixando tudo claro, nos entendemos apenas com olhares, 10 anos de amizade é muita coisa. Começamos a falar sobre os dias de aula e como seria voltar a toda aquela chatice, mas estamos ansiosos pelos novatos, sempre são como carne fresquinha, afinal, isso é um ensino médio. Espero que chegue alguém interessante.
-Você tem visto a Kim?- ele pergunta trocando ligeiramente de assunto.
-Ah, eu estava com ela ontem, fomos à praia, girls time...
-Ele fica vermelho na hora- ela ainda está... na-na-namorando?
Essa é uma longa história, sei que ele ainda gosta dela mas é complicado, ela é a minha amiga e ele meu melhor amigo, fique triste em saber que tudo que ele faz é pra esquecê-la, o primeiro amor de verdade, dizem que a gente nunca esquece.
-Sim, ela ainda namora. -posso ver a decepção tomando conta de seu rosto, então mudo de assunto - e como foi ontem, como a sua "amiga"?
-O de sempre, a Nathalie, você sabe, é meio... acho meio errado falar, mas é rodada.
Eu caio na gargalhada, ele sabe que eu e ela não nos damos muito bem, é mais uma relação de extrema falsidade consciente.
-Baby, já são 10 horas, o que faremos de interessante hoje?- eu pergunto espontaneamente, esperando uma boa proposta.
-Podemos ir pra downtown e depois em uma festa de uns amigos intercambistas brasileiros...Se a senhora 80 anos de idade quiser..
Pagamos a conta e fomos em direção ao meu carro, coloquei uma música bem do nosso estilo, um guns n roses pela amanhã cedo consegue deixar Chicago ainda mais bonita.
Fomos a todas as lojas que gostamos fazendo as mesmas tolices de sempre, provando roupas como se estivéssemos em um filme de adolescente, paramos pra comer um cachorro-quente de carrinho em frente a mesma loja de sempre, Ryo and myo, nossa livraria preferida.
-Falamos de mim o dia inteiro, e você não me contou nada de você...Desembucha logo, senhorita.
-Bom, podemos dizer que esta tudo a mesma coisa, esperando pelo começo das aulas, sempre esperando..- eu falo em tom de pena, embora não devesse.
-Está na hora de ir a caça, sei que voce não é essa caretona toda.
Ela fala em tom que me faz pensar de verdade sobre o que ele disse, eu tenho um lado completamente diferente, mas prefiro ficar na minha, é mais fácil e eu já estou habituada com essa situação, não é tão difícil quanto parece.
-Vamos ver o que podemos fazer nessa festa hoje para mudar isso- eu falo em um tom provocante- mal posso esperar pra ver, é tudo que ele responde, falando logo em seguida, temos que ir, o tempo aqui passa rápido e sei que voce demora anos pra se arrumar..
Me dou conta do horário no relógio, 17:00 e a festa começa as 19;00 - vou te deixar em casa e vou me arrumar, ok? - pergunto apressada.
-Ok, mas dessa vez vamos com com o meu carro, passo as 19:00 pra te buscar.- ele abre a porta do carro para que eu entre e o deixe em casa, em seguida irei para a linha casa me arrumar, mas não faço a mínima ideia de qual roupa colocar...já sinto a dor de cabeça vindo...
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Um não clichê, romance.
Teen FictionNão é fácil viver lado a lado, com a personificação de seus sentimentos sem entrar em conflito com eles, emoções tomam conta de Layla, sem ter pra onde correr tem que encara-los e tomar decisões difíceis. De um lado o mais fácil, do outro o amor, um...