Capítulo Único (ένα κεφάλαιο)

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O Sangue dos Deuses

(Το αίμα των θεών)

Eu enfrentei gigantes, vi a destruição em meus olhos

Senti meu coração destroçado, vi a injustiça e os refolhos

E por mais que eu queira desistir, eu me recordo

Tenho o sangue dos deuses

E, no peito, muito amor a bordo.

❀❀❀

Era quase noite no Acampamento Imítheos, e a guerra ainda não havia acabado. Provavelmente, outros semideuses de outras profecias também lutavam naquele exato momento, contra os mesmos gigantes que estávamos lutando naquela hora. Nós, como bons heróis, corríamos para defender nossos irmãos e nossas casas. A floresta ao nosso redor estava em chamas. O céu, que deveria estar laranja por conta do crepúsculo, estava cinza- escuro. Eu podia sentir a presença dos Deuses a milhares de quilômetros dali; o sangue deles escorrendo pela antiga terra da Grécia.

Ao contrário do que muitos pensavam, Gaia não estava totalmente acordada. Se aquilo acontecesse, o mundo estaria acabado. Não precisava nem de gigantes criados para matar os deuses se ela realmente tivesse despertado.

Nós somos a geração de semideuses mais antiga que existe. Provavelmente você só conhece dois acampamentos, ambos americanos. Nada nas Américas é como no berço dos Deuses. Aqui na Grécia as coisas são bem mais complicadas. A presença dos Deuses é ainda mais forte e mais poderosa. Os mesmos gigantes que querem destruir os Deuses, querem destruir a linhagem mais poderosa também.

Deveríamos ter ajudado os semideuses da antiga profecia. Mas nosso acampamento e toda extensão mágica que nos ligava ao Olimpo original estava em perigo, e precisávamos proteger isso. Nossa força vital está ligada aos deuses. Sem eles, nós enfraquecemos. Nosso sangue é mais poderoso pois somos descendentes dos reais deuses do Olimpo, e não de seus espectros. O Olimpo nos Estados Unidos não é totalmente real, acredite.

Aqueles gigantes também eram apenas espectros, mas pareciam tão reais causando toda aquela destruição que era assustador. Os Deuses estavam enfrentando algo muito maior naquela hora. Se eles conseguem aparecer em muitos locais ao mesmo tempo, seus inimigos também conseguiam.

Mas, repetindo: nada é mais poderoso que no berço dos Deuses.





Eu corri pela larga trilha da floresta, escutando os gritos surdos dos outros semideuses. A fumaça invadia meus pulmões, fazendo-me tossir e perder o oxigênio. Uma forma gigante veio lentamente em minha direção. Corri e me escondi atrás de uma enorme rocha cinzenta, agarrando meu arco e conferindo se minha espada estava em seu devido lugar. Senti a flecha estremecer em minha mão quando a tirei da aljava. Não era uma flecha comum – em contato com minhas mãos, ela brilhava em um tom dourado. Suas pontas eram rosadas, como se tivesse sido enfiada em um pote de tinta rosa brilhante.

Coloquei a primeira flecha no arco quando senti o gigante se aproximando mais. Percebi, então, que estava na margem de uma clareira. Alguns semideuses estavam ali – inclusive um de meus irmãos – erguendo as espadas e se protegendo com os escudos corajosamente.

Espiei por trás da rocha e percebi que se tratava de uma giganta. Uma gigante fêmea, a única que tinha visto até então. Era menor que os gigantes machos, o que a tornava mais rápida. Seus braços e suas pernas musculosas eram tão grossas quanto um tronco de um antigo carvalho. Sua armadura maltrapilha estava suja, e sua cabeça sem elmo. Ela estava de costas para mim naquele momento, rugindo e arrancando uma das pequenas árvores ao lado.

O Sangue dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora