Era noite, o tempo estava frio, era primavera em Londres e a noite parecia tão viva, ainda restavam poucos resquícios do inverno que se passou rápido naquele ano.
O cenário era um parque no centro da cidade de Londres, já era meia-noite, horário de Greenwich, logo, não haviam jovens fazendo piquenique, nem crianças jogando futebol com camisa dos maiores times ingleses.
Haviam esquilos saindo de suas tocas para pegar nozes, corujas caçavam ratos dentre as pequenas moitas para o jantar, apenas observando e a espreita, esperando a oportunidade perfeita para dar o vôo rasante e apanhar sua presa, pássaros dormiam em seus ninhos, aquecendo ovos minúsculos que puseram a pouco tempo.
Em meio a essa madrugada calma e mal iluminada no parque, ouviu-se um grito ao longe, então ouviu-se passos, uma garota corria e ofegava, olhava com frequência para trás, parecia estar sendo perseguida por alguém ou alguma coisa.
A garota vestia um jeans surrado de cor azul, usava uma blusa preta de banda de rock por baixo da jaqueta de couro, suas madeixas louras estavam meio presas em um coque mal feito, havia um corte no rosto, seus olhos castanhos estavam apreensivos e transmitiam pavor, ela mancava, corria de uma forma estranha, como se tivesse torcido o tornozelo.
Na trilha mal iluminada do parque, podia-se perceber o que havia deixado ela tão apavorada, uma sombra caminhava calma e vagarosamente perseguindo ela, quase como uma cena de filme de terror, o vulto escuro não tinha pressa em alcançar a garota, embora ela estivesse começando a tomar distância.
Quanto mais ela tomava distância do vulto, mais dava para perceber a silhueta em volta dele, parecia um homem vestindo roupas de frio e usando luvas, o que faz sentido naquela noite, fazia um frio de 7°C.
– ME DEIXA EM PAZ! – Gritou a garota, desesperada, tentando correr para se salvar. – NÃO CHEGA PERTO DE MIM! ME DEIXA EM PAZ!
Mas o perseguidor nada falava, ele apenas continuava andando calmamente enquanto ela atravessava o campo de futebol mancando, tentando correr o mais rápido possível, até que, no meio do campo, ela tropeça nas próprias pernas e cai no chão.
– Não! – Ela gritou e começou a rastejar para tentar se salvar. – Vai
embora! Me deixa em paz!Cada passo que ele dava na direção dela sincronizava perfeitamente aos ponteiros dos segundos no relógio no pulso dele, e cada passo parecia pesar no coração dela, ela sabia que iria morrer, estava claro, mas uma pontinha de esperança ainda havia em seus olhos marejados, que estavam tão brilhantes sob a luz do luar.
Dez metros, ele estava cada vez mais perto dela, a garota começou a gritar desesperada por ajuda, na esperança que alguém pudesse ouvir e intervir no que estava prestes a acontecer, ele sacou um canivete.
Cinco metros, ela tentava se arrastar ainda para pedir ajuda, mas ela mal tinha forças, mal parava de soluçar, só pensava mas coisas que deixou de fazer na vida, as coisas boas que ela deveria ter feito, os planos que ela tinha em mente.
Quando ele finalmente ficou de frente para ela, puxou-a pela jaqueta, colocou a ponta do canivete na garganta dela, fez um irônico carinho na testa dela, tirando fios de cabelo louro que estavam colados ao rosto dela devido ao suor, o homem aproximou a boca do ouvido dela, sussurrou algo que só ela conseguiu ouvir, fazendo com que os olhos dela se arregalassem de medo.
Então, com um movimento rápido e certo, a lâmina da arma branca desenhou uma linha quase perfeita na garganta da garota, fazendo o sangue escuro dela jorrar da fenda aberta pelo canivete, a garota ainda agonizou, seus braços tremiam.
Ela tentou gritar, mas o grito fora engasgado pelo sangue que não parava de jorrar, a pele da garota, que já era clara, ficou cada vez mais pálida, ela estava perdendo muito sangue, o assassino, tomando distância, vê de costas, observando toda a cena enquanto a sua vítima morria de forma cruel e covarde, afogada em uma poça do seu próprio sangue.
Não demorou muito para que ela parasse de se mexer, uma grande poça vermelha escura se formou ao redor do local onde o corpo dela caiu, sem vida, sem mais esperanças, sem mais chances. Seu assassino apenas deu as costas e caminhou calmamente para longe do local do crime, como se nada tivesse acontecido.
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Livre Para Morrer - Uma história de Ted J. White
Mystery / ThrillerExausto de tanto trabalhar, o investigador da Interpol, Theodore J. White, decidiu tirar suas merecidas férias, mas, quando estava prestes a fazer isso, um novo caso apareceu e ele terá que solucionar. Uma garota está morta, um crime que quase não d...