I'm A Mess - Messenger

58| Fix You

Estella

Ele só pode estar de brincadeira comigo. Agora deu para me espionar. Isso já é demais!

- Será que você não sabe mais bater?- encaro-o com os braços cruzados.- Estava ouvindo minha conversa?

- Claro que não!- diz colocando as mãos na cintura.

- Claro que não o quê?

- Que eu não estava ouvindo sua conversa.- responde sem muita convicção.

Será que ele ouviu alguma coisa?

- Já que está aqui, pode levar o celular do Stuart?- peço e ele semicerra os olhos se aproximando de mim.

- Claro.- entrego o aparelho à ele e indico a saída.- Mas antes, vamos terminar aquela conversa!- ele cruza os braços.

Estava sendo fácil demais para ser verdade.

Ele não pode simplesmente ir embora?

- Pensei que estava terminada!- dou de ombros e caminho até a janela, me afastando dele.

Quero tentar manter uma distância segura.

- Não, não está.- ele suspira e abaixa o tom de voz.- Eu sei que você está se sentindo traída e enganada...

Rio sem humor o interrompendo.

- Você não sabe como eu me sinto, Ed.- como ele ousa dizer que sabe o que eu estou sentindo?

- Me desculpa, eu devia ter te contado.

Sim, ele devia, mas não fez. Antes de tudo, eu achei que fôssemos amigos, mas vejo que estava me enganando com isso também.

- Eu confiei em você, mesmo depois de ter me enganado. Te perdoei quando vi aquela magricela com a língua na sua boca, - sinto um nó na garganta só de lembrar daquelas fotos.- e você não podia me contar que meu namorado, aquele em quem eu confiava cegamente, estava transando com outras mulheres na minha cama?

Viro-me e conto até dez mentalmente tentando me acalmar para não esbofetear sua carinha branca. Ainda estou com muita raiva. Eu simplesmente não consigo entender porque ele não me contou.

- Eu só queria evitar uma desilusão.- sinto sua aproximação atrás de mim.- Você estava sempre falando o quanto ele era bom, carinhoso e atencioso...

- Isso não quer dizer que você tenha que esconder algo tão repugnante.- digo um pouco alto, me controlando.- Eu ía sofrer, mas ía doer menos do que tá doendo agora.- sinto meus olhos arder e não atrevo-me a olhá-lo. Estou cansada de chorar.

Sinto que posso desabar a qualquer momento. Eu odeio essa sensação.

Eu fui uma completa idiota nessa história toda. Os dois mentiram várias vezes para mim, e eu como a perfeita burra que sou, acreditei em tudo.

Mas por outro lado, eu agi feito uma hipócrita com o Adam, ele me traiu, mas eu também fiz a mesma coisa com ele, que direitos eu tinha de recriminá-lo?

Eu admito que tenho minha parcela de culpa, porém não posso deixar de me sentir traída e usada, de certa forma. Apesar de tudo, eu amei o Adam, não com a mesma intensidade com que eu amo o Ed.

- Eu admito que fui um egoísta.- ele toca meu ombro nu causando um arrepio por todo o meu corpo.- Pensei mais em me aproximar de você e te afastar do Adam, que acabei fazendo todas essas merdas.

Uma maldita lágrima escorre no canto do meu olho, e agredeço por estar de costas para ele. Não gosto quando ele me vê tão vulnerável, eu odeio seu olhar de pena sobre mim.

- Sabe, - limpo meu rosto.- eu também sou culpada pelo que aconteceu. Se eu não tivesse colocado meu trabalho em primeiro lugar, talvez...

- Não diga isso!- ele me segura pelos ombros, minhas pernas falham e eu acabo me virando.- Você não tem culpa.

- Como foi que as coisas chegaram à esse ponto?- indago com a voz embargada pelo choro reprimido.

Ele enrosca seus braços ao redor do meu corpo e aperta-me forte contra seu peito.

- Me perdoa.- sussurra e eu retribuo seu abraço.

Tudo em mim diz para mandá-lo embora, mas tem um sentimento que fala mais alto dentro de mim e é maior que minha raiva. No fundo, eu acho que já o perdoei, mas não vou voltar atrás na minha decisão, é o melhor para mim. Eu só espero que ele entenda.

- Ed, eu te amo mais do que achei que amaria.- desfaço o abraço.- Se você soubesse o quanto eu quero te bater, mas ao mesmo tempo te beijar, você acharia que eu sou louca.- ele ri

Talvez eu seja mesmo.

- Sabe o que eu acho?- encaro seus olhos e ele segura meu rosto entre suas mãos.- Que você é uma mulher maravilhosa, determinada, um pouquinho bipolar, mas incrível. Tudo o que eu menos queria era te vê sofrer!

Sorrio.

Para onde foi toda a raiva de minutos atrás?

Sem dizer nada, eu apenas o abraço novamente tentando transmitir tudo o que eu não consigo pronunciar com palavras.

...

Não parei um segundo para descansar desde que acordei. O comercial de tênis estava marcado para as dez horas, então tivemos tempo suficiente para um café da manhã bem tranquilo e sem pressa. O melhor momento do dia. Consegui organizar todo o meu trabalho e minha agenda durante toda a correria e acertei tudo com o Stuart, que tentou pela segunda vez me fazer mudar de idéia.

Eu sei que vai ser o melhor para mim, disso não tenho dúvidas. Já faz muito tempo que quero e preciso disso, mas por conta do trabalho e do Adam, eu acabei por não voltar.

Ainda não consegui contar ao Ed sobre minha decisão. Hoje, pela manhã, ele perguntou mais uma vez como eu havia machucado às mãos e me cortado, apenas falei que não queria discutir sobre o assunto. Ele também me pediu desculpa pela forma como me ofenderam nas redes sociais por causa das fotos, entretanto aquele era um assunto sem importância. Ele não teve culpa, então não precisava se desculpar, as fãs apenas defenderam seu ídolo. Eu fiquei muito furiosa, mas isso foi o empurrão que eu precisava para tomar minha decisão.

Sei que o Ed vai ficar chateado e talvez não permita que eu vá, principalmente agora que eu o perdoei, mas eu vou voltar para casa.