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Eu estava me mudando para minha nova residência, em uma nova cidade. Seria a oportunidade de trabalhar com minha especialização, num hospital, morar sozinha e ser independente. No inicio meus pais foram contra essa decisão, mas depois de muito diálogo foi acertado que eu visitaria meus velhos em todas as folgas, feriados e passaria as férias, além de ligar e mandar mensagens todos os dias. Durante toda minha graduação, residência e pós, meus pais acompanhavam de perto o sufoco, pois eu havia optado por ficar morando com eles, agora eu precisava, realmente, seguir meu rumo.

Formei-me há alguns meses atrás em minha pós-graduação e consegui um trabalho depois de um concurso, no qual fiquei em primeiro lugar. Sempre fui estudiosa e agora irei exercer a profissão que escolhi desde pequena, pois sempre amei cuidar das minhas bonecas e curar seus "ferimentos".

Após terminar a mudança, paguei ao cara do caminhão de mudanças e entrei com minha família, em meu novo lar. Minha melhor amiga, Lizz, também foi me ajudar com tudo, e antes de anoitecer havíamos terminado de arrumar todas as partes pesadas, só faltavam alguns detalhes para aquele apartamento ficar com a minha cara.

Logo após comermos alguns lanches, meus pais e irmão mais novo decidiram ir embora, pois estava ficando tarde e eles não gostavam de dirigir a noite. A distância entre a casa deles e a minha, era de mais ou menos, três horas. Estávamos no estacionamento do prédio quando começamos a nos despedir.

- Filha, qualquer coisa que precisar, qualquer coisa mesmo, pode ligar pra mamãe, okay?

- Okay, mãe. Não precisa se preocupar. Não sou mais um bebê.

- Sn, só estamos preocupados com você, é nossa filhinha. Antigamente você não conseguia nem dormir na casa da sua tia. Só chorava para voltar pra casa. – Disse meu pai, com aquele semblante carinhoso de sempre, e deu um sorriso, por se lembrar desse episódio.

- Eu sei, papai. Mas isso faz muito tempo. Eu sempre vou ligar pra vocês. Vou morrer de saudades de casa, mas vai ser mais fácil pra mim assim. Uma hora eu teria que bater minhas asas e voar.

- Não teria não. – Respondeu minha mãe, que sempre foi mais ligada em mim.

- Mamãe, apenas vamos nos adaptar. Eu vou construir meu futuro e a minha vida aqui. Fique tranquila, ainda serei sua filhinha. – Falei com um sorriso no rosto e a abraçando forte.

Com toda certeza eu sentiria falta deles, mas não podia deixar de crescer e viver a minha vida, por conta dessa saudade. Tudo ia se ajeitar e nós nos acostumamos com o tempo, com qualquer coisa.

- Manda mensagem pra mim. – Meu irmão falou quando fui abraçar ele, depois de soltar meu pai. Ele não demonstrava muito, mas sempre fui um espelho pra ele, como qualquer irmão mais velho. Essa era a forma dele me dizer que me amava, que ia sentir minha falta e pedir para eu não esquecer ele.

- Eu vou mandar todos os dias. E nas férias você vem ficar aqui comigo, tá? – Falei e ele assentiu com a cabeça.

Eu sou quatro anos mais velha que ele. Sempre fui adiantada na escola e ele ainda está no ultimo ano do ensino médio, pois repetiu algumas series. Não é que ele seja burro ou desinteressado, mas realmente sente dificuldades, e quase nunca pede ajuda a alguém.

Terminei dando um beijo em sua bochecha e ele me soltou. Abracei novamente mamãe e papai e eles entraram no carro. Enquanto meu pai ligava o carro e ia saindo da vaga, acenei para eles, dando "tchau". Eles foram embora e minha amiga, que observava tudo, pediu meu braço para voltarmos lá pra cima.

- Temos muita coisa pra arrumar ainda.

- Eu sei. – Falei com voz de manha e demos os braços.

My Physical Educator (Imagine Wonho)Onde histórias criam vida. Descubra agora