Capítulo 2

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Liam

A manhã está corrida, trabalho no escritório há horas pondo em dia os documentos dos nossos negócios e as contas atrasadas. Owen bem que tentou organizar as coisas, mas, burocracia e negociações não são seu forte.

Inclino-me em minha cadeira espreguiçando-me, olho pela janela, percebo que o inverno chegou e em breve deverá nevar. Observo as árvores secas e deixo minha mente vagar.

Tem pouco mais de um mês que o Alfa atacou pela última vez, até agora não se manifestou, nem deu sinal. Apesar de nossas buscas ainda não conseguimos informações sobre o canalha. Brandon retornou à casa de Huarez, porém, este não tinha nenhuma informação.

- Sei que ele está armando alguma coisa... está quieto tempo demais. - murmuro enquanto tamborilo os dedos no tampo da mesa.

Os dias em que fiquei impedido de me mexer fez com que a procura ficasse mais lenta. Sei que Brandon e os rapazes estão fazendo o máximo, porém, há coisas que apenas um Alfa como eu tem condições de conseguir. Agora tenho que correr atrás do tempo perdido. - Me deixar fora de combate foi uma boa estratégia da parte dele. – penso enquanto observo uma moça andando na rua.

- Brandon está se sobrecarregando. - franzo o cenho.

Depois que acordei, veio até mim reconhecendo seu descontrole na noite em que fui atacado e pediu perdão, sugeriu, inclusive, que deveria sair da matilha. Como não perdoar um amigo, que tem sido meu braço direito inclusive nas decisões e situações mais extremas durante anos, por um deslize causado pela perda e dor? Como fazê-lo entender que minha ira não está direcionada a ele?

Eu mesmo não seio o que teria feito. Talvez algo muito pior.

Conversamos longamente sobre isso, porém, percebo que ainda parece precisar provar sua lealdade a mim. Está se empenhando demais em todas as ações que tem feito, ao ponto de ter seu tempo de descanso reduzido. Assumiu, inclusive, a proteção de Hanna mesmo eu dizendo que Maicon daria conta.

Brandon e Maicon, meus melhores homens, estão empenhados em proteger uma mulher que me deixou quando estava à beira da morte. - Curioso como ambos a defendem contra mim. - passo os dedos pelo queixo - Eu, que sou o seu Alfa, o líder de sua matilha... Ela sequer foi declarada minha companheira e conquistou a lealdade deles. Como conseguiu? - isso me irrita.

Brandon tem se posicionado contra a forma com que venho tratando Hanna. Diz que ela não merece tanta indiferença, apesar do que fez, pois, é uma humana e as ameaças e ataques deixaram-na amedrontada e confusa.

- Quem no lugar dela não iria querer fugir? - me questiona toda vez - Sabe que algo está sendo escondido dela, como quer que confie em nós? Você no lugar dela não confiaria.

Maicon, por não ter tanta proximidade, apenas me olha acusadoramente e se afasta.

- Como posso perdoar o que fez? - murmuro enquanto me levanto e me aproximo da janela, observo as pessoas que passam na rua.

Recordo as coisas que disse enquanto eu estava imóvel naquela cama. Sua desconfiança sobre mim e minha família me ofende. Já esqueceu tudo o que fiz por ela? Da acolhida que minha família lhe deu?

Sinto o rancor e a magoa abrir caminho em meu peito. Contraio o maxilar e cerro os punhos tentando controlar esses sentimentos.

Quando a vi entrar no loft, no dia em que recobrei meus movimentos, não consegui conter minha raiva. Tratei-a com fria indiferença e disse coisas cruéis, quando na verdade queria chacoalhá-la pelos ombros e gritar.

Coloquei-a para fora de minha casa como um objeto usado e inútil, apesar dos protestos de minha mãe e das ponderações de Owen. Quase voltei atrás ao ver seu olhar, foi como se eu estivesse vendo um cristal precioso e raro se partindo em mil pedaços, mas meu orgulho falou mais alto.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora