Capítulo 22

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Liam

Olho novamente o relógio no painel do carro enquanto aperto o volante. Estou parado em frente à casa do Dr. Smith a pelo menos duas horas e simplesmente não sei como enfrentar Gwineth, ou seja lá quem esta mulher seja. Minhas emoções se confrontam violentamente dentro de mim, ódio, vingança, incerteza, duvida, mágoa e um fio de desejo causado por antigas lembranças. Minha vida virou de cabeça para baixo desde que ela surgiu e não gosto disso, sempre prezei por prever e ter controle sobre os acontecimentos que me atingem e a minha família.

Aperto o volante com mais força buscando aliviar a tensão que tomou conta do meu corpo. Viva ou morta, a única coisa que sei é que ela traiu minha família, ela traiu a mim.

- Preciso me controlar. - murmuro - Ela tem as respostas que preciso. Tenho que manter o controle. - um gosto amargo sobe até minha garganta.

Comprimo o maxilar e respiro fundo, aos poucos organizo e acalmo minhas emoções. Saio do carro batendo a porta, caminho a passos largos e decididos até a entrada da casa, aperto a campainha.

- Pensei que você não sairia daquele carro. - Dr. Smith fala ao abrir a porta.

- Onde ela está? - pergunto sem rodeios - Preciso resolver essa situação de uma vez.

- Está no quarto lá em cima...

- Certo. - passo por ele sem cerimônia e subo as escadas.

- Liam, ela está... - ao chegar ao topo não ouço mais sua voz.

Caminho pelo corredor farejando, sinto seu cheiro e paro em frente à porta do quarto. Ponho a mão na maçaneta, respiro fundo e com um movimento rápido abro-a entrando sem me anunciar. Congelo.

- Liam! - ela me encara assustada pelo espelho grande que está a sua frente. Encontra-se completamente nua, há apenas uma toalha branca cobrindo seu sexo, os raios de sol que entram pela janela refletem em seu corpo dando um brilho dourado as gotas espalhadas por sua pele. Minha respiração, que nem percebi estar presa, sai entre meus dentes enquanto observo nossos reflexos juntos no espelho, sou jogado para outro tempo, outro lugar, mais jovem, com desejos e certezas.

Meus olhos descem lentamente por ela. Os cabelos, mais curtos do que me lembro, estão molhados formando cachos em torno do rosto sardento, as gotas que pingam dos fios escorrem lentamente fazendo o arco suave dos seios fartos e macios, seu corpo maduro está cheio de curvas nos lugares certos, a cintura fina valoriza o quadril largo, os mamilos rosados estão intumescidos, as pernas são longas e torneadas, os pés delicados. Sua boca carnuda esboça um sorriso inseguro, os olhos parecem brilhar. A menina bonita e em flor que conheci, se transformou em... uma bela mulher.

- Que merda! - amaldiçoo silenciosamente. Lembranças dos encontros furtivos que tivemos na juventude me golpeiam atordoando-me e revivendo sensações. Reteso os músculos do meu corpo recompondo-me rapidamente e torno meu rosto indiferente.

- Gwineth. - digo com voz firme e distante, fazendo um cumprimento com a cabeça.

- Não esperava vê-lo... Estava no banho... e-eu... - seu olhar mostra fragilidade, insegurança. Sua mão desce vagarosamente por entre seus seios. Desvio o olhar.

- Não deveria ter invadido, desculpe. Vou esperá-la na biblioteca. - viro-me para sair, mas um toque leve em minhas costas me faz arrepiar e parar.

- Não precisa sair. Você já me viu assim antes. - murmura com voz rouca.

- Vou esperá-la na biblioteca. - reafirmo e saio sem olhar para trás, fechando a porta ao sair.

Passo a mão pelo cabelo enquanto sigo até a biblioteca no andar de baixo. Quero me chutar pela minha precipitação e estupidez, minhas emoções estão novamente confusas e vê-la assim, definitivamente não ajuda.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora