Só acordei no dia seguinte por causa de um barulho muito forte na janela do meu quarto, uma coruja batendo nela. Uma, das mais de cem que tinham chegado naquela manhã.
Eu levantei, ainda sonolenta, para abrir a janela para a criatura, que vinha com várias cartas. Uma pelo menos, naturalmente, era para minha mãe, como todas as outras cem que tinham chegado. Outras eu reconheci serem de Hogwarts. E uma delas, em caligrafia delicada, era especialmente para mim
A primeira coisa que eu pensei foi que Dominique a tivesse mandado. As lembranças da noite anterior ainda vinham como um sonho, e eu esperava que ela se pronunciasse sobre. Aliás, ela ainda era minha prima. Nós tínhamos que falar sobre.
Antes de eu conseguir abrir a minha carta, Jullie acordou, levantando bruscamente do colchão estendido sobre o chão e se sentando. Os cabelos cacheados e quase dourados estavam muito embolados, e ela estava com a cara péssima de quem tinha tido uma noite daquelas.
-Bom dia.-disse, meio grogue, esfregando os olhos.
-Dia.-eu respondi, com a mesma animação.
-Fiquei com seu primo ontem. O James.-revelou ela, em tom de como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Eu a encarei, incrédula de que ela não estava aos pulos, comemorando. No entanto, Jullie estava feliz de maneira mais sutil; um sorriso bobo se formava nos lábios meio inchados. Os olhos sonolentos tinham um certo brilho. Eu fiquei feliz por ela, sabendo do interesse que ela tinha por James. E me lembrando das vezes em que ele a elogiava ou a fitava e ela surtava, mesmo discretamente.
-E você,-disse, me puxando para o colchão dela.-me conte o que aconteceu depois que eu sai. Adelline apareceu ou não?
Eu fiquei com o coração pesado ao ouvir o nome de Adelline. Droga, eu tinha esquecido. Com tudo aquilo da Dominique, eu esqueci de Adel. Eu não sabia nem o motivo de ela não ter nem respondido a carta.
Eu neguei com a cabeça, e contei o que tinha acontecido. O que Jullie não mostrou de entusiasmo falando de James, ela mostrou quando eu contei de Dominque, e parecia que todo aquele sono e a ressaca tinham sumido de repente.
-Ah, isso é ótimo, meu Deus!-ela gritou, aos pulos, e eu tive que tapar a boca dela para não levantar suspeitas, mesmo que meus pais estivessem ocupados demais para nos ouvir.-Rose, isso é incrível! Seu primeiro beijo com uma garota, Merlin, que gracinha! Então...?
-O que?-eu disse, e me peguei com um sorriso nos lábios.
-Gostou ou não?-perguntou, com as sobrancelhas arqueadas.
Eu apenas confirmei com a cabeça, e ela voltou a surtar. No entanto, quando viu as cartas na minha mão parou subitamente, com uma expressão de surpresa e excitação.
-A carta. Deve ser de Adelline.
Mordi o lábio de nervosismo. Adelline ou Dominique. Ambas me deixavam nervosa, embora, convenhamos, era de Adelline que eu gostava.
Cartas para a mamãe, uma para o papai... O resultado dos NOMs de Jullie, que eu a entreguei, e ela ficou mais nervosa do que eu. O meu, que eu joguei em cima das cobertas. A lista de material de Hugo e uma carta para ele de uma tal de Charlotte, que eu logo imaginei ser a presidente do fã-clube Hugo-Louis, e eu me perguntei por que diabos tinham mandado ela para mim. E, por último, lá estava.
Dominique.
-Levei um "E" em defesa e em transfiguração, dá para acreditar? Deplorável em adivinhação, aquela mulher me paga...-dizia Jullie, absorta com as notas, quando viu que eu olhava para o último envelope.
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About it All
FanfictionRose tem coragem. Inteligência, ambição e coragem. É decidida, independente e sabe o que quer. Mas até Rose Granger-Weasley pode ficar um pouco desestabilizada com o primeiro amor. Principalmente quando pega de surpresa.