Uma pequena fada sem asas
Vivia abraçada à sua árvore ancestral
Abraçava com força
Como a paixão abraça um casalSozinha, anos viveu
Ganância, luxúria
Palavras como "seu e meu"
A pequena fada jamais conheceuPreenchida com devoção à sua árvore
Que apesar da idade, tinha virtude
Amor lhe ensinou, amor concedeu
E pregava a bondade desde a juventudePura como a sombra
Que esconde ali aqueles
Que tem medo dos que se expõem na luz
Que usam da luz para ver
Os vivos que julgam merecer morrerDez luas até o seu destino frio
A chegada do inverno
E da palidez de um congelado rioO som de madeira a crepitar
O som de pés ao chão
A fada acordou à noite
Com uma dor em seu coraçãoUma tocha fincada na neve
Com tristes chamas brilhantes
Porém brilho maior surgiu
A espada de um homem ao ar
E de repente tudo ficou frio
Os olhos acinzentados da fada
Se puseram a fecharE tudo era luz, e então a luz sumiu
Ao som de machadadas
A ira a fada conheceu
Pois ali e agora era derrubada
A árvore em que nasceuO calor do fogo prisioneiro
A tocha a fada adentrou
Dançava agora com as chamas
E o fogo inteiro se tornouE o fogo começou a aumentar
De forma que nem a neve podia apagar
Com ódio o homem o fogo engoliu
E com dor ao fogo o homem cedeuMas para o tardio coração da fada
Defender sua árvore não bastou
Imensa tristeza invadiu seu pequeno corpo
E a floresta e o vilarejo
A fada queimou.
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La fée
PoetryFrágeis são os seres da natureza quando só conhecem amor, frágeis somos nós quando eles conhecem a dor.