Daqui à três dias minha cabeça será cortada. Estou encolhida no canto da minha cela húmida, tremendo de frio e com os olhos bem fechados orando para que isso seja apenas um pesadelo. Se eu soubesse à três semanas atrás que acabaria jogada em uma cela húmida como um cão eu jamais sairia de casa. Nem que os guardiões me chicoteassem até eu apagar. Ontem à rainha de Futhirah me condenou a morte por decapitação, nesse instante minha mãe preenche um lugar na minha mente o que estará ela pensando de mim a essas horas? Estou com medo, e lágrimas inúteis caem de meus olhos.
3 semanas antes.
Acordo antes que o galo cante, sento na cama e esfrego os olhos ainda cansada do trabalho árduo de ontem, e também pelo facto da minha cama ser dura de matar. O sol já está quase acordando, hoje o dia está começando silenciosamente... Os guardiões da rainha, já tinham que estar aqui para fazer a inspeção diária, coço minha pele negra que está irritada consequência dos 2 dias que se passaram sem eu ter tomado banho, aqui na capital de Futhirah assim como nas aldeias, os de "cor" tomam banho apenas duas vezes por semana e eu faço parte do grupo de pessoas de "cor", mas na verdade o problema é termos a cor escura, alguns dizem que somos filhos das terras de Maldain, pois temos a cor negra como as areias de Maldain, os mais insensatos dizem que somos filhos dos demônios porque a cor negra significa trevas por isso a nossa vida não é fácil aqui, somos como uma maldição, os filhos do submundo. Enfim levanto da cama esticando os braços, Minhas mãos buscam as Minhas calças de ganga, coloco-as sem mais demora não quero me arriscar a sentir os chicotes dos guardiões entrando e saindo da minha pele, coloco minhas botas de couro gastas, visto às pressas a minha blusa, ajeito o cabelo duro que nem esfregão, afasto a minha cama do lugar em que esta, tiro uma garrafa com água e lavo o rosto e os braços,tenho que me livrar dessa garrafa d'Água antes que os guardiões a encontrem, pego a garrafa d'Água e atiro na lareira para queimar, limpo os braços e o rosto, afasto a cama de volta para o lugar e sento com os ombros caídos esperando pacientemente as batidas de minha mãe na porta do meu quarto me alertarem que os guardiões chegaram para a maldita inspeção diária matinal.
Depois de 7 minutos, mamãe, como era de se esperar, bate três vezes a minha porta com força e abre, atrás dela estão dois guardiões Futhirianos com as suas caras fechadas e com a pele branca que nem a neve, o mais alto deles afasta a minha mãe com repulsa e entra logo no meu quarto.Levante-se filha do demônio ___ diz o guardião mas baixo, com uma frieza que me arrepia os ossos.
Olho pra minha mãe parada na porta inquieta com os olhos alertas, e me levanto sem dizer nenhuma palavra e baixo o rosto mostrando respeito.
Espero pacientemente eles desarrumarem o meu quarto procurando sei lá o quê, o mais alto me pega o observando e faz uma cara de puro ódio, rapidamente olho pra o chão.
Nem te atrevas a mandar uma maldição pra mim, sua maldita filha do demônio, nunca mais olhe pra mim.___diz o guardião neste instante perto o suficiente de mim, sua voz é rouca e seu olhar é implacável, sua voz baixa parecendo um rosnado é o que mais me aterroriza.
Sim senhor, me perdoe___ digo com o corpo trêmulo, mas com uma raiva interior.
Ótimo.____ diz o guardião, virando-se e dando sinal para que o mais baixinho parasse de fazer a inspenção.
Da próxima vez que você me olhar assim, mando arrancarem sua pele do seu corpo viva!___ diz o guardião mais alto antes de se retirar.
Ao trabalho escravas!____ grita o guardião mais baixo pra mim e pra mamãe.
Saio às pressas da nossa pequena casinha, minha mãe certifica-se que a porta de casa está trancada e novamente vamos para as plantações de trigo. No caminho minha mãe, fecha a cara pra mim seus passos são tão brutos que por um instante sinto a terra tremer.
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A Facção negra
Teen FictionDaqui à três dias minha cabeça será cortada. Estou encolhida no canto da minha cela húmida, tremendo de frio e com os olhos bem fechados orando para que isso seja apenas um pesadelo. Se eu soubesse à três semanas atrás que acabaria jogada em uma cel...