Capítulo 14

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Depois de desligar o telefone, esfreguei minhas orelhas doloridas. Como mamãe fala! Ao ligar para Seth, fiquei no quarto e deixei no viva voz, só para não ter que colar o telefone nas orelhas de novo.

-Mon Chérie! Como você está? Não prrecisa dizerr, eu ouvi a madame dizerr todos os detalhes. Quando terrei o prrazerr de massageá-la novamente?

-Depende de você, Seth. O que descobriu?

-Sobrre o homem fantasma, nada. Mas sobrre você sim.

-Sobre mim?

-Querrida, hoje tive que comprrarr junto de meu pai, muitas rroupas sociais de várrios tamanhos, corres e estilos diferrentes. E adivinha em qual closet forram guarrdadas essas rroupas?

-Por que? Você sabe?

-É surrprresa. Recuperre-se logo, não consigo investigarr sozinho. E ah, estou com saudades. Au revoir!

E antes que eu pudesse falar ou perguntar algo, ele desligou. Ah, que filho da mãe. Grunhi frustrada e fui para a cozinha. Depois de jantar, fazer um curativo no pulso e esperar o ar condicionado gelar pois estava um calor dos infernos, adormeci.

***

Acordei escutando uma gritaria. Levantei meio sonolenta e agucei meus ouvidos para ver se ouvia sons de coisas quebrando. E arregalei os olhos ao ouvir os sons de vidro se espatifando. Oh, Clara. Me vesti e calcei minhas sandálias e sem pensar direito abri a porta do apartamento. Não só eu como os outros vizinhos do andar de cima e provavelmente do andar de baixo estavam no corredor. Cutuquei uma senhora que morava em frente ao meu apartamento.

-O que houve?

Ela olhou para mim com os olhos assustados.

-Eles estão brigando a horas. E acredito que ele deve estar agredindo ela. Olhe, estão tentando abrir a porta.-Ela apontou para alguém próximo a porta, de costas para nós.-Já chamaram a polícia, mas pode ser tarde quando a viatura chegar, então estão tentando entrar.

Me afastei dela e abri espaço entre as pessoas. Uma mulher tinha um grampo nos cabelos brancos. Pedi licença e peguei o grampo. Pedi licença ao homem que tentava arrombar a porta. Ele olhou para mim com as sobrancelhas erguidas. Fiz a minha mágica e abri a porta. Graças a Deus só estava trancada aquela fechadura. Eu e o homem entramos e vimos o cara batendo na Clara. Este tinha as pernas cortadas e os ombros sujos, já a Clara tinha o nariz e a boca sangrando e as mãos também. O homem que entrou comigo pegou um abajur e deu com ele na cabeça do cara agressor. Este bambeou e caiu. Ergui Clara e a sentei no sofá. Ela chorava e tremia.

-Se acalma, a polícia já está chegando.

E era verdade. O homem que entrou comigo, por algum milagre, achou uma corda e amarrou as mãos e as pernas do agressor. Na verdade parecia corda de varal. Logo em seguida a polícia entrou. Resolvi falar que a levaria ao hospital e depois para a delegacia.

A noite foi um borrão, hospital, delegacia, hospital de novo porque Clara caira e abrira os pontos das suas mãos. Quando abri a porta do apartamento dela, reparei de fato na bagunça que estava lá.

-Quebramos muita coisa. Eu jogando nele e ele jogando no chão para me alcançar.

-Eu vou te ajudar a limpar, ok? Cê vai me dizer onde fica cada coisa e depois faremos uma lista das coisas que você vai ter que comprar de novo.

-Não precisa. É sério.

-Precisa sim. Para de graça. Quando terminarmos, ligaremos pra quem?

-Pode ligar para Maria. É minha prima barra irmã.

É, eu sei.

-Pode deixar.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora