Um Sopro Qualquer

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 Carla estava muito pensativa enquanto estava sendo levada para a igreja pelo seu irmão Flávio. O nervosismo tomava conta de todo o momento e ela não conseguia lidar com tudo aquilo.

 Apreensiva ela pediu para o seu irmão parar na pracinha pouco antes da igreja, e no instante em que pode saiu do carro correndo e foi se sentar no balanço. Flávio estava realmente preocupado com Carla, porém deixou a irmã ter um momento de paz. 

 Após uns dez minutos de reflexão, Carla se levantou e fez um pedido a Flávio que por sua vez achou um pouco repentino, mas aceitou.

 Enquanto isso na igreja, já se passou mais de trinta minutos e nada da noiva aparecer.

 Diego já estava muito aflito e suando demais. A todo momento ele olhava para o relógio da pessoa que estivesse mais próxima dele.


 - Por que ela não chega? Por que ela não chega? - ele se perguntava o tempo todo - Chega logo Carla! Chega logo! 

 Até que Flávio, o irmão da noiva, vai entrando lentamente em direção a Diego, e quando chega logo fala algo no ouvido dele. 

 Diego dá um risinho sem acreditar, ele olha todos na igreja e parece que todos já sabem o que foi dito, sem mais o que fazer ele pede educadamente para que todos se dirijam ao salão de festas. 

 Algumas pessoas tentam se aproximar dele, mas ele ignora e diz que quer ficar sozinho na dele.

 Flávio ainda está parado perto dele.

 - Eu sei que você não vai ficar bem - diz Flávio com muita dó de Diego, que estava sentado no chão da igreja sem mais esperanças.

- Era isso mesmo que ela queria? - perguntou Diego.

 Flávio o encarou e disse que sim, e que desse jeito foi a melhor solução.

- Não foi melhor assim pra você? - perguntou Flávio - Imagina ter que viver infeliz.


 Diego se levantou.

- Mas ter que passar por essa humilhação é um pouco demais, eu sei que ela é sua irmã e você quer protegê-la, mas não concordo com isso.

 Flávio tentou se manter calmo, mas estava muito complicado.

- Não vou discutir com você neste momento, sei que está fora de si.


 Flávio foi andando em direção a porta até que Diego gritou:

- NÃO ME DEIXE SÓ!!!!! TODOS ME DEIXAM NO FINAL!!!

 Aquelas palavras cortaram o coração de Flávio que já não sabia se ficava ou se ia embora. 


 Horas depois


 Flávio tinha acabado de chegar no apartamento da irmã, que estava dando uma social simples.

- Está maluca Carla? - indagou ele - Uma social? Hoje?

 Carla já estava muito bêbada e nem conseguia falar direito.

- Nã-a-a-o bri-i-i-ga co-mi-mi-gooo - respondeu ela atropelando as palavras e caindo à toa.


 Flávio saiu imediatamente e foi até a casa de Diego porque não conseguia aturar mais essa situação. Chegando lá tocou a campainha, e Diego abriu a porta, estava de cueca e um pouco bêbado também.

 Flávio logo se desanimou, notou que tinha uma mulher nua no sofá.

- Quer o quê? - perguntou Diego.

 Flávio nem respondeu e saiu chorando do apartamento, quando esbarrou em um menino que devia ter uns oito anos.

- Me desculpe! - disse Flávio, e o menino puxou o braço dele.

- Moço, você tem dois reais pra mim dá? - perguntou o menino com suas roupas largadas cabelo desajeitado e descalço.


 Flávio se emocionou com a situação e levou o menino para lanchar.

 Enquanto ele observava a criança comendo alegremente, ele se deu conta de que a felicidade para alguns está nas pequenas coisas e que para outros nunca é o suficiente.

 - Moço, muito obrigado! - disse o menino sorrindo.

- Pode me chamar de Flávio - disse ele - Você tem lugar pra dormir?

 O garotinho fez que não com a cabeça e continuou comendo.

 Após terminar o lanche, o garotinho se levantou e foi em direção à rua.

 Flávio estava com os olhos cheios de lágrimas.

 - Aonde você vai? - perguntou ele.

 O garotinho apontou para um banco da praça e respondeu.

- Pra cama, dormir!


 Alguns instantes depois


- Pode dormir o quanto quiser, eu vou dormir no sofá - disse Flávio - Ah, você já sabe meu nome, quero saber o seu rapazinho. 

 O garotinho agora de banho tomado, cheiroso e alimentado, abriu o maior sorriso e respondeu.

- Diego!


 Flávio deixou uma lágrima cair e abraçou o menino bem forte.

- Eu prometo que você não vai ficar só no final!



"A felicidade está nos olhos de quem vê"



                                                                                                         FIM

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