Youth

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O vento gelado do final da tarde batia em seu rosto e criava um contraste gostoso: a pele, quente pelo sol forte que prevaleceu por toda a tarde, arrepiava-se em cada poro com aquele choque térmico que mais parecia um carinho.

Era isso. Era uma mão repousada sobre a pele delicada de seu rosto, fazendo-lhe uma carícia com o polegar. Era relaxante e ao mesmo tempo libertador.

- Grande merda.

Jungkook nem ligava mais para as coisas desconexas que falava sozinho. Sabia que seu hyung, que passara a tarde inteira consigo, já estava acostumado.

Fora uma tarde cheia de cervejas, folhas secas pisoteadas, corridas nos meios-fios das calçadas e um sol estonteante. Jungkook não entendera muito bem quando Yoongi o convidou para passarem a tarde assim, à esmo, mas não questionou: era o aniversário do Min. Se ele queria que seu aniversário fosse desse jeito, então seria.

- Algo de errado? – a voz grossa de Yoongi soou à sua frente.

O mais velho parecia ainda mais bonito ali, com o sol fraco refletindo nos fios azulados, que balançavam pelo vento. Os braços estavam levemente abertos, os pés dançavam em passos desconexos apenas para pisar em folhas mortas.

Esse era o problema. Metaforicamente falando, é claro. Esse era o medo de Jungkook.

Ele queria que aquele ato simples de pisar em folhas mortas simbolizasse a liberdade de viver à sua própria maneira.

A cada dia que se passava, porém, ele sentia-se estranho. Quase como se aquelas folhas mortas fossem, na verdade, os seus 19 anos de vida, sendo pisoteados por uma ideia fixa e equivocada da vida adulta.

- Eu não quero ser um adulto. Ser adulto é um lixo. – a oposição entre a frustração e a pureza da fala de Jungkook fez com que ele parecesse ainda mais adorável.

- Eu queria discordar disso e te dizer que vai ficar tudo bem, mas não vai. Ser adulto é um lixo. Mas por que esse assunto agora?

Yoongi atreveu-se a olhar para trás e sentiu uma fisgada no peito. Não era infarto, mas antes fosse: Jungkook vinha ao seu encalço com suas características calças jeans escuras e apertadas, camiseta branca e extremamente larga, o cabelo liso desgovernado, os óculos redondos pendidos no nariz e uma expressão de completa revolta.

- Por que tem que ser assim, hyung? – o mais novo ergueu os olhos, encontrando os de Yoongi. Ele amava aquilo. Aquela sensação que o mais velho transmitia sempre, como se compreendesse todas as engrenagens que trabalhavam dia e noite em sua cabeça. Mesmo se uma delas travasse ou passasse a funcionar em uma velocidade absurda e prejudicial, Yoongi continuava ali, dando-lhe apoio mesmo sem dizer nada.

O mais velho pegou-lhe pela mão e Jungkook deixou-se ser guiado.

Ele odiava aquilo. Odiava quando puxavam-lhe pela mão e obrigavam-no a seguir direções e sentidos que pareciam metodicamente absurdos.

Era, contudo, engraçado; com Yoongi era diferente. Mesmo sendo guiado pelo mais velho, o Jeon não se sentia preso. Ele sentia-se livre até demais, quase como se pudesse mergulhar no cabelo infinitamente azul de Yoongi e perder-se no emaranhado de pensamentos bonitos.

Os sapatos escuros e velhos de Jungkook tocaram a grama verde, e assim seguiram até que Yoongi parou. O Min sentou-se sob uma árvore grande, de cujos galhos pendiam flores pequenas e delicadamente tingidas de rosa, e olhou para Jungkook num pedido silencioso de que o mais novo se sentasse ao seu lado.

Youth • YoonkookWhere stories live. Discover now