Capítulo 04 - Juízo pouco

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Meu corpo estava estático , minhas mãos suavam frio e meus olhos estavam fixos nos dela. Eu tinha a reconhecido. Porque ela apareceu do nada em minha frente?

- Você está me seguindo?

- Mais ou menos. Queria apenas verificar se está gostando de algumas mudanças na sua vida.- Seu sorriso aumentou.

- Não sei do que está falando.

- Sabe sim. Lembro perfeitamente que seu desejo era viver uma nova vida e cheia de emoções.- Ela colocou sua mão na cintura e relaxou os ombros- Você desejou no Halloween.

Antes que pudesse protestar alguma coisa ela levantou o dedo indicador, sinalizando para não falar.

- Eu fui a pessoa certa para realizar o seu maior desejo. - disse com um sorriso enorme.

- Então as coisas que estão acontecendo comigo é por sua culpa... - Coloquei a mão em minha testa - Isso é bizarro.

Voltei minha atenção para onde a garota se encontrava e ela tinha sumido. A sensação no meu corpo era de intenso medo, meu coração palpitava loucamente, além de um frio assustador pecorrer toda a minha vertebra e minhas mãos suavam descontroladamente. A anos que esse tipo de sensação predominou meu corpo,um momento da minha vida que preferia esquecer eternamente.

A buzina inconstante de um automóvel interrompeu meus pesamentos profundos, assutando-me. Talvez cinco segundos fosse muito para descrever a velocidade que fui empurrada lateralmente, senti apenas a queimação em meu braço esquerdo e um líquido quente descer pelo meu rosto , toquei,  era sangue.

- Mais que merda... -susurrei

Ao meu lado estava aquele homem novamente, que quase morreu afogado. Seus olhos negros estavam fixos nos meus , transparecendo o quanto estava confuso com aquela situação, sua mão estava apoiada no meu quadril. Meu coração disparou em questão de segundos ao me deparar com essa cena, talvez mais por vergonha do que sua beleza delirante.

Levantei rapidamente, percebi que não estava mais na minha pequena cidade e parada em uma esquina. Que loucura. A alguns minutos estava com aquela garota e agora estou dentro da história, ela é a culpada de toda essa bagunça na minha vida.

Ele apoiou a mão em meu ombro, forçado-me a virar.

- Quem é você?

Sua voz grave causou um choque , era a primeira vez que ouvia.

- É... Bianca.

Sua outra mão levantou uma mecha do meu cabelo, rapidamente evitei contato visual. Ele suspirou pesadamente e depois segurou meu pulso,  seus dedos pressionavam com força a minha pele e isso deixou meus pensamentos descontrolados. Me sentei em uma cadeira próximo a entrada da farmácia que fui levada , o ambiente era diferente comparado ao da vida real, tão branco e com um clima frio devido ao ar condicionado .

Ele estendeu seu braço com um sacola branca . Franzi o cenho.

- É para você pegar .- Ele  balançou levemente a sacola.

Não questionei e peguei, dentro havia alguns materiais para limpar feridas e logo lembrei do meu braço machucado. Peguei uma gaze e molhei com soro para limpar meu braço,parecia queimar quando tocava. Seu olhar estava em mim,  deixando-me desconfortável , pois era como se estivesse fazendo alguma coisa errada.

Ele sentou ao meu lado, pegou a gaze das minhas mãos e limpou a ferida em meu braço, depois pegou na sacola um band-aid , a leveza como colocou a mecha do meu cabelo atrás da orelha me causou arrepios, o oxigênio parecia ter faltado quando seu corpo se inclinou em direção ao meu.

- Pronto.

Parecia que tinha acordado de um sonho a força e isso me deixou triste.  Acorda para a vida ! Estou apenas Pensando  besteira. Recomponha-se.

- Onde estão seus pais? - Encostou-se na cadeira com os braços dobrados.

- Estão trabalhando - desviei meu olhar para a bancada.

- Está mentindo.

Tinha um leve sorriso estampado em seus lábios , parece que suas habilidades como policial são realmente boas. Balancei a perna para aliviar o nervosismo.

- Não posso deixar você ir sem informar aos seus pais sobre o que ocorreu.

Suspirei pesadamente. Isso estava realmente me estressando, não tem nenhuma possibilidade dos meus pais saberem sobre isso.

- Obrigado por cuidar de mim, mais tenho que ir embora. - Levantei rapidamente

O silêncio tomou conta do momento por míseros segundos, mas foi interrompido por duas pessoas com máscaras branca entrarem na farmácia , seus passos eram firmes e pesados , seus casacos tinha um capuz preto que dificultava a visualização da face. O olhar de Chung se concentrou nos dois homens, sua mão subiu lentamente para seu paletó preto.

Tinha que ser o Webtoon Saahra , sempre com ação.

Minha vontade era de sair correndo como uma louca,mas eu seria a primeira pessoa a levar um tiro. Diante dos meus olhos tudo passava em câmera lenta: a mão de Chung indo até ao paletó e os dois homens caminhando em direção a bancada.

Nesse momento meu cerebro não estava calculando as consequências dos meus atos. Respirei fundo e coloquei o meu melhor sorriso. Chung franziu a testa e entortou um pouco a cabeça, quando ia pronunciar alguma coisa eu me virei e fui em direção a bancada.

- A quanto tempo! - falei com o farmacêutico , provavelmente ele irá me matar por estar falando casualmente. - Está tão forte, ficou mais bonito. - Pisquei para ele.

Seu queixo quase caiu, mas apoiei minha mão, sentia seu rosto esquentando cada vez mais até ficar ruborizado. Vou me arrepender disso. Os dois homens que estavam próximo a bancada arregalaram os olhos , devido a loucura que estou fazendo. Uma garota nunca iria se aproximar de um homem mais velho e dar uma cantada, pois existiria vários olhares reprovadores no mundo Coreano.

- Ele é meu ex-namorado, terminou comigo semana passada. Um absurdo. - disse apontado para o farmacêutico e olhando para os dois homens.

Eles entreolharam, suspiraram e um deles acabou dizendo que eu era louca. Em menos de cinco segundos saíram da farmácia.

- Desculpa . - curvei-me o máximo que podia.

Chung apoiou a mão em meu ombro.

- Desculpa , senhor. Minha irmã não está bem da cabeça hoje. - curvou-se logo em seguida.

Ele segurou firme minha mão e me puxou para fora da farmácia , era notável a sua fúria. Não tenho culpa, em momentos tensos meu cérebro não funciona direito.

- Você vai para delegacia.

- O quê?! - Soltei-me - Quem devia estar na delegacia são aqueles homens. - Minha voz saiu tão aguda que percebi a cara de desconforto dele.

- Preciso ligar para seus pais , enquanto eles não aparecerem você ficará comigo. - Retirou do bolso seu celular.

Pois então  não irei desgrudar de você nunca.

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