Capítulo Dez

17 2 0
                                    

- Tá tudo bem?- Caio se sentou a minha frente e me encarou a espera de resposta.

- Estou sim.- Falei sincera.- Só tive um sonho ruim. 

- Regina, eu não quero te pressionar a nada, mas, você ainda vai voltar para casa da sua mãe?- Perguntou, pude ver medo em seus olhos, o que me entristeceu um pouco.

Lembrei-me da Cristina.
***
-E pense direito sobre você e o Caio, vocês tem uma casa. Ele te esperou por três anos, não exija mais tempo dele.
***

-Não,- Falei depois de um breve silêncio.- Eu vou ficar.Caio sorriu aliviado, e depois me surpreendeu com um abraço.

E o medo de tudo dar errado ainda martelava em meu peito.

- Podemos fazer alguma coisa hoje, não vai ter problema se eu faltar o trabalho.- Ele falou empolgado. Tão empolgado quanto uma criança em um parque de diversões.

- Vá pro trabalho, vou na casa da mamãe, preciso pegar uma coisa lá. Estarei aqui quando você voltar.

Ele comprimiu os lábios, mas concordou em ir pro trabalho.

- Então eu já vou.- Falou se levantando.

- Vou estar te esperando.- Sorri e ele retribuiu.

- Então tchau.- Me deu um leve beijo nos lábios e saiu.

[...]

- Então você vai voltar?- Cris Indagou incrédula.

- Talvez seja bom.- Peguei a caixa com diários ao lado do criado-mudo

Cris olhou para caixa em minhas mãos e sorriu de maneira terna. Ela não assumia apenas o papel de irmã na minha vida, mas era semelhante a uma segunda mãe.

- Vai ser bom, você vai poder reconstruir sua vida, estou orgulhosa de você.- Ela me abraçou e eu não hesitei em retribuir.

- Como você consegue ser tão sensata e ao mesmo tempo tão maluca?- Perguntei rindo.

- Você acabou com o clima Regina.- Ela se afastou pegando sua bolsa.- Quer carona?- Eu assenti.

No caminho de volta pra casa fui olhando a caixa no meu colo, ainda tinha medo do que eu poderia encontrar lá. Tinha medo de descobrir a pessoa que eu fui antes do acidente, talvez eu me decepcionaria comigo mesma, mas se eu estava disposta a tentar, teria que ser por ali mesmo.

- Te ligo mais tarde para saber como você está.- Cris falou antes de se despedir de mim com um abraço.

Entrei em casa e sentei-me no sofá, não podia me acovardar a essa altura do campeonato. Com as mãos trêmulas eu abri o primeiro diário e encarei a primeira página.

🖋

01 de janeiro de 2011

Não vou começar com o famoso "Querido Diário", mas vou relatar aqui os meus dias, mas não como uma adolescente apaixonada, que escuta músicas românticas em seu quarto cor de rosa.
Mas eu realmente preciso fazer do episódio de hoje a minha primeira página.
Hoje pela manhã eu estava no shopping com minhas duas irmãs. Queríamos fazer nossa primeira compra do ano. Papai quase surtou quando viu o quanto gastamos, mas a ideia de levarmos o cartão de crédito foi dele, então ele foi obrigado a aceitar.
Mas o ponto principal não foi as compras nem o cartão.
Bom, eu estava esperando minhas irmãs saírem da loja onde elas estavam comprando coisas para seus maridos, e como eu sou a "solteirona" da família, preferi ficar do lado de fora, mas as duas estava demorando muitos, o que me levou a ir atrás delas. que eu não cheguei a ir pra loja, que um distraído literalmente me atropelou.
Me senti naqueles filmes românticos, onde o gatinho esbarra na garota, mas a segura antes mesmo que ela caia. os dois ficam se olhando, pelo que parece até uma eternidade. Foi assim que nos dois ficamos.
Ele tem olhos castanhos, os mais lindos olhos castanhos que eu   vi na minha vida. E eu   vi muitos olhos castanhos, mas nada comparado aos dele. Também tem o seu sorriso, ah se ele soubesse que o sorriso dele virou meu ponto fraco.
O galã de comercial de pasta de dente se identificou como Caio, e quando eu cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi pesquisar o significado (não que eu seja uma sociopata que vai persegui-lo pela cidade).
Em fim, Caio tem origem no latim e significa feliz, contente. Alguém que está sempre pronto para sorrir e demonstrar sua felicidade.
Caio, Caio, seu nome faz jus à você. Seu sorriso foi sua arma, e com certeza você e seu sorriso ocupará muitas páginas nesse diário.

Okay, sei que disse que não escreveria como uma adolescente apaixonada, mas fazer o quê? Eu me apaixonei por aquele sorriso.

CONTINUA

O  DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora