1 - Dead Roses

7 0 0
                                    

21 de outubro, sexta-feira, 11:28

   Eu já não aguentava mais aquela escola barulhenta e chata. Por Deus! Eu daria tudo p'ra estar com ela... Matérias do ensino médio são um saco. A única coisa que me restava era colocar o fone e me isolar daquele bando de gente chata.

   Não vou dizer que sou anti-social, porquê tenho vários colegas com quem eu converso, eu só não gosto da maioria das pessoas dessa escola (hipocrisia e falsidade rola solta).

   Graças a quem quer que seja que controle esse vasto Universo, o sinal de saída tocou. Não pude conter minha felicidade e soltei um grito agudo (acontece sempre que eu tô feliz ou nervosa). Ninguém prestou atenção e eu juntei meu material e fui embora. EU AMO SEXTA FEIRA!

***

   Por volta de 12:30 cheguei na "minha" casa, que era mais ou menos pequena, mas como morávamos somente eu e minha irmã isso não era problema. Fui p'ro meu quarto, joguei a mochila na cama e tirei meu uniforme ficando só de calcinha e sutiã, já que eu 'tava sozinha em casa.

   Fui para a cozinha e esquentei um pedaço da pizza que o namorado da minha irmã tinha trago ontem, mesmo achando que ele tinha botado veneno. Pelo menos eu ia morrer com a barriga cheia. Coloquei um pouco de suco de maracujá no copo. Comi a pizza, tomei o suco e enchi a "pança".

   Fui para o banheiro e terminei de tirar minha roupa. Antes de tomar uma ducha, escovei os dentes até ver que eles estavam perfeitamente limpos. Logo, entrei no chuveiro e o liguei na água morna, passei o sabonete de rosas que ela tanto gostava. Após me limpar, eu não podia me esquecer do cabelo. Lavei com todo cuidado meu cabelo azul-esverdeado. E fiz tudo que eu tinha que fazer no banheiro. Gastei uns 40 minutos.

   Geralmente eu tinha preguiça de fazer isso tudo, mas quando era pra ver ela, eu não hesitava.

   Após terminar o banho me enrolei na toalha e voltei para o quarto.

   Vesti um top azul e uma calcinha amarela com desenhos de sorvetinhos. Depois, escolhi uma calça jeans azul larga e uma camiseta do Chicago Bulls preta; vesti as mesmas. Calcei meu bom e velho All Star branco. Sequei meu cabelo com a toalha e o deixei solto. Passei o primeiro perfume que vi na minha cômoda.

    Fui me olhar no espelho p'ra ver se eu estava arrumada. Vi uma garota morena de cabelo ondulado azul-esverdedo com os olhos marrom claro. Dei um sorriso p'ra mim mesma e disse:

   — Queria poder namorar comigo, mas como não dá, deixo essa ótima oportunidade pro meu neném.

   Tirei os cadernos da minha mochila e coloquei roupas e tudo mais que eu usaria.

   Enfim, eu estava pronta. Peguei meu celular e chamei um Uber, já que a casa dela não era tão perto e eu não estava nem um pouco no clima pra pegar ônibus.

***

   Chegando lá, paguei o motorista e desci do carro.

    Toquei a campainha de sua casa e esperei um pouco até que ela abriu o portão. Alexia estava com seu cabelo longo preso em um rabo de cavalo, uma camiseta larga e um short fino preto. Abri os braços para abraçá-la e fui até ela com um sorriso no rosto, abraçando a mesma. Eu achei estranho o fato de ela não ter retribuido. Logo eu me soltei e olhei em seu rosto.

   — O quê você tem? — perguntei, preocupada.

   — Nada — ela respondeu seca —. Entra aí.

   E assim eu fiz. Entramos em sua casa e eu me sentei na sala, retirando a mochila das minhas costas e colocando no chão.

   Ela ligou a TV e se sentou do meu lado. Ela não tinha mais aquele sorriso de quando nos conhecemos. Estava apenas com uma expressão tediosa. Eu queria saber o que estava havendo.

   — O que 'tá acontecendo, amor? — me aproximei dela, pegando em sua mão e olhando fixamente em seu lindo rosto; ela parecia evitar contato visual comigo e aquilo estava me matando por dentro.

   Ela meio que se afastou de mim.

   — Nada, Gabriela.

   Ela falou meu nome... com certeza tinha algo de errado com ela e eu precisava descobrir.

   Me aproximei ainda mais dela, e beijei sua bochecha. Ela se virou pra mim e me deu um rápido beijo na boca.

   — Me desculpa... eu ando pensando muito ultimamente. Tem algo me incomodando.

   — Pensando sobre o quê? É algo sobre nós, Alexia? Se for, fala logo, por favor — falei um pouco nervosa, com as mãos suando frio.

   — O amor é algo vivo, contagioso. Mas nós somos como rosas mortas. Não tô dizendo que a culpada seja você, pois isso é da minha parte. Eu não me sinto atraída por você da mesma forma que antes.

   Meu coração acelerou, minhas mãos ficaram frias e trêmulas, senti algo correndo pela minha bochecha. Era uma lágrima. Maldita lágrima.

   Eu queria pelo menos fingir não importar, mas ela tocou em um ponto tão frágil. Eu a amava tanto, seria capaz de fazer qualquer loucura por ela, e agora, acabo de escutar que não sou mais amada.

   — Você quer dizer que não me ama mais? — perguntei, tentando me segurar para não chorar mais; pelo menos não agora, em sua frente.

   — EU TE AMO! Só que não como antes. Já faz  um tempo que essa distância vem crescendo entre nós. E acho que isso afetou nosso relacionamento. Desculpa — ela falava como se isso não a afetasse de nenhuma forma.

   — Você quer terminar? — meu coração batia como uma marreta.

   — Não, Gabriela. Eu quero continuar com você...

   — Seu amor por mim tá acabando... eu sei que ele vai se esgotar. Por que não acabar com isso logo? — forcei um sorriso —. Você conheceu alguém melhor do que eu?

   Ela ficou calada.

   — Okay, então, Alexia.

   Me levantei do sofá e peguei minha mochila.

   Lexi puxou meu braço e acabei me sentando no sofá novamente, contra minha vontade.

   — Por que você não esquece isso? — ela disse se sentando no meu colo, olhando pra mim.

   Ela me beijou suavemente, colocando os dedos entre meus cabelos. Ah, Deus! Ela beijava tão bem, e eu sabia que brevemente sentiria saudades daquele beijo. Ela desceu seus lábios para o meu pescoço e o sugou várias vezes. Com certeza iriam ficar marcas. Ela voltou a me beijar  e começou a rebolar. Eu podia sentir que estava ficando molhada. Tudo que ela fazia me excitava, especialmente quando ela rebolava no meu colo e me beijava daquela maneira. Até que ela sussurrou no meu ouvido:

   — Eu quero foder contigo.

   Bastaram essas palavras p'ra terminar de acender as chamas dentro de mim. Por mais que eu estivesse meio quebrada por dentro eu não conseguiria resistir à essa maldita vontade. Por que eu tinha que ser tão viciada nela? Em todos os sentidos? Pelo menos ela ainda gostava de fazer sexo comigo.

DaydreamOnde histórias criam vida. Descubra agora