Capítulo Onze

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Era como olhar em um portal do tempo e ver as coisas com mais clareza. Aquele diário era a chave para o retorno da minha memória, as primeiras páginas foi as que mais me chamou atenção, todos falavam de Caio, e eu percebi através daquelas linhas o quanto eu estava apaixonada. Mas de uma coisa eu não sabia, ou melhor, não conseguia entender... o que me levou a traí-lo?

Eu o fiz uma promessa de fidelidade, e a quebrei a sangue frio. As mesmas páginas que falavam do "sorriso que me conquistou", também falavam de um hospital, um médico, e uma consulta informal. Quando comecei a ler tais páginas senti nojo de mim mesma. As lágrimas vieram a tona, junto com flash's de lembrança do meu adultério.

Ouvi a porta da sala abrir e Caio chamar meu nome. Fechei o diário e fui até ele.

- Tive medo de não encontra-la aqui.- Falou me puxando para um abraço.

- Eu disse que estaria te esperando.- Ele assentiu.- Tá tudo bem? -Perguntei ao ver lágrimas retidas em seus olhos.

- Estou, eu só.- Ele olhou para cima e depois voltou a olhar em meus olhos.- Eu te amo!

Sorri e o abracei novamente.

- Eu li o diário.- Falei sentando-me junto a ele na mesa.

- E como foi?- Indagou 

- Horrível! Foi como ver um "eu" que não me orgulho em sua existência.

Caio segurou a minha mão e a levou aos seus lábios, deixando um leve beijo em seu dorso.

- Vamos escrever uma nova história, escrever um novo diário. Sei que você não vai poder ignorar o passado, mas podemos fazer diferente agora.

- Como?- Perguntei confusa.

- Confia em mim.- Ele sorriu

Ah esse sorriso!

***

Acordei e percebi que o Caio não estava ao meu lado, foi estranho não encontra-lo ali.
Levantei e olhei ao redor, e nenhum sinal dele. Talvez tenha ido para o trabalho mais cedo. O estranho era ele não ter deixado nenhum bilhete.

Desde que eu havia acordado, eu só tinha orado uma vez, em compensação, passei a noite toda de joelhos. Mas eu precisava tomar uma atitude, então eu dobrei meus joelhos e orei.

Eu estava começando a ficar entediada dentro daquela casa, quando ouço a campainha tocar.

- Oi Bela Adormecida.- Cris me abraçou.

- Esperei a sua ligação ontem.- Falei me sentando junto a ela no sofá.

Ela começou a revirar as coisas em sua bolsa sem me dar atenção. Por quê minha família é tão estranha. Quer dizer, a Cris bateu seu recorde de loucura no pouco tempo que a conheci.

-Achei!- Falou tirando de lá o diário novo que ela havia comprado.- Isso aqui, fica aqui em cima.- Colocou o diário sob a mesa de centro.- E você,- Apontou para mim.- Vai se arrumar que vamos sair. Você tem cinco minutos.

- Onde vamos?- Indaguei.

- Agora tem quatro minutos e e cinquenta e cinco segundos.

Me levantei as pressas e fui para o quarto vesti algo mais casual.

- Você pode por favor me dizer onde vamos?- Perguntei novamente quando já estava no carro.

- Você pode por favor ficar quieta?- Falou sem tirar os olhos da estrada.

Eu suspirei impaciente, para que todo aquele mistério se estávamos pegando a estrada para o shopping?.
Ela colocou o carro no estacionamento e saiu com o telefone em mãos. Ela digitou algumas coisa nele e depois o guardou.

- Vem aqui comigo.- Falou me puxando pelas mãos e me levando, ou melhor, me arrastando até um banco para sentarmos.

- Cris, se antes eu já te achava maluca, imagina agora?- Falei e obtive um revirar de olhos como resposta.

- Bom, é o seguinte: Você vai criar novas lembranças. Então hoje, você vai se imaginar como uma garota solteira vindo com as irmãs no shopping. A diferença é que a Ana está vindo com o Johnny e o Marlon.

- Em outras palavras, eu vou segurar vela pra vocês? - Cruzei os braços a espera de uma resposta.

- Mais ou menos.- Sorriu.- Mas, hoje você vai conhecer uma pessoa. 

- Você não tá planejando uma encontro pra mim, está?- Ela assentiu em uma tranquilidade descomunal.- Cristina eu sou casada!

- Hoje você tem que fingir que não é.- Falou olhando a hora.
Minha irmã só podia ter ficado louca.

- Cristina isso é loucura. Não vou fazer isso.

- Ah vai sim. Estamos criando novas lembranças.

- E não pode ser com o Caio?- Indaguei.

- Só confia, certo?- Ela me olhou com seu olhar persuasivo. Mas eu me mantive calada.- Vem, a Ana está nos esperando.- Disse se levantando e fazendo sinal para que eu a seguisse e assim eu fiz.

Encontramos a Ana na praça de alimentação, ela estava acompanhada de seu marido e o marido da Cris.

Tô vendo que eu vou ficar de vela.

Nos sentamos junto a eles.

- Bom, você vai ler isso aqui.- Cris me entregou alguns cartões com textos escritos neles.

- O que é isso?- Falei olhando para os cartões em minhas mãos.

- Vamos fazer novas lembranças para você, mas você precisa nos responder com as palavras aí escritas.- Respondeu.

Isso não vai dar certo!- Pensei!

CONTINUE

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