Os passos pesados ecoavam na rua vazia, seis da manhã, as pessoas ainda dormiam tranquilamente, os dois adolescentes na rua eram as únicas almas vivas naquele breu da recém manhã, o mais novo andava devagar atrás do mais velho, estava curioso, porém um tanto assustado, o mais velho parou abruptamente fazendo o outro bater contra suas costas e resmungar.
_Sehun, seja mais cuidadoso. _O mais velho-porém menor- se virou e sorriu, levou a mão ao bolso e tirou uma caixinha do mesmo._ Eu juntei as moedas a semana toda e consegui comprar pra gente.
_Luhan Hyung, não sei se quero isso e se não for bom?_os dedos do maior batiam uns contra os outros, o menor riu e segurou as mãos maiores que as suas.
_Essa semana você faz aniversário e na outra sou eu, isso é tipo um ritual pra nossa adolescência, 14 e 15 anos são os números certos.
_Ta bem...
Luhan sorriu para o maior e abriu a caixinha, o vento bateu contra seus fios os bagunçando, o cheiro doce invadiu as narinas de Sehun, o garoto fechou os olhos, mas logo os abriu ao ser chamado.
Na mão pequena de luhan tinha uma pastilha de chiclete.
_Como não acaba?
_Não acaba nunca e pronto
Sehun estava bobo, parecia descobrir um novo mundo, como nos contos de fadas, pegou a pastilha cor-de-rosa e a encarou por um bom tempo, seria aquele o elixir para a felicidade?! Aquela coisa possuía uma aparência tão inocente, mas tornava possível o mundo impossível. E a vantagem de ser bala eterna o enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.
Com delicadeza, Sehun colocou o chiclete na boca.
_O que faço agora?_ O garoto não queria decepcionar seu hyung no ritual.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca, hyung
O doce do chiclete agradou Sehun, voltaram a caminhar enquanto mastigavam.
_O doce acabou e agora?
_Agora mastigue para sempre.
Sehun se assustou, não sabia o porquê, começou a mastigar, aos poucos tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento borracha, não tinha gosto de nada. Não estava gostando daquilo, mas Luhan mastigava tão feliz agarrado ao seu braço, como o mais novo iria dizer que a eternidade que ganhou era tão ruim, observou o mais velho mastigar, seus lábios mexiam devagar e era tão bonito vê-lo assim.
Estava com vergonha de contar não estar a altura da eternidade, ele queria ser eterno como Luhan, nem que para isso tivesse que mascar chicle para sempre. A aflição aumentava, mas mastigava sem parar.
Porém Sehun não suportou mais, atravessando a rua, a última quadra antes da escola, Sehun tropeçou e o chiclete caiu de sua boca para o chão, não somente o dele, mas o de Luhan também.
Envergonhado o mais novo ajudou seu hyung a levantar e sorrindo sem graça coçou a nuca.
_Olha o que aconteceu_ Fingiu tristeza e Luhan manteve seu olhar no mais novo, segurando o riso._ Agora não posso mastigar, acabou.
_Já lhe disse, não acaba nunca, mas as vezes a gente perde, outro dia te compro outro. _Luhan sorriu e acariciou o rosto corado de Sehun_ A eternidade ainda está conosco.
Sehun estava envergonhado, mas aliviado por não ter mais o peso daquela eternidade em sua boca.
_Como pode? Perdemos o chiclete.
_Quer que eu mostre?_Luhan se aproximou e puxou o rosto de Sehun, estavam tão perto, o mais novo apenas acenou positivamente, seu coração disparou com o aroma adocicado do mais velho.
Luhan sorriu e fechou os olhos, os lábios se uniram inocentemente, somente um sugar no inferior um do outro e então após minutos, se separaram com as bochechas vermelhas.
_Beijos também trazem a eternidade junto de si...Ent-_ Luhan não terminou, Sehun selou seus lábios macios e sorriu.
_Podemos trocar nossas eternidades todos os dias, Hyung?_Luhan sorriu e segurou a mão do mais novo.
_Podemos.
_Essa eternidade não tem prazo pro doce acabar._ Riu e novamente os lábios se uniram em selares inocentes e sem malicia, doces e gentis.
A eternidade se encontrava em vários momentos...Principalmente quando Luhan sorria.
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Essa OS nenê foi baseada no texto de Clarice Lispector, medo da eternidade.
Apenas gosto tanto do texto que resolvi colocar hunhan nele <3