M Y G & J H S
s o l o c h a p t e rPôr os pés na escola naquele dia parecia uma tarefa zilhões de vezes mais desgastante do que o normal, e eu já não sou muito fã de acordar cedo por obrigação.
Era perceptível que meu rosto estava contorcido em uma carranca que insistiria em continuar ali pelo resto da manhã, a mochila cheia de livros fazia meu corpo pesar ainda mais e toda a situação só compactuava com o meu mau humor.
Os demais alunos que, assim como eu, haviam decidido chegar mais cedo e conversavam em grupos, calavam-se instantaneamente assim que eu passava por eles. Sem realizar esforço algum, sentia como se pudesse ter a atenção de todos voltada para mim somente com um suspiro e, enquanto que isso deveria servir para inflar meu ego, eu só conseguia trincar o maxilar em desconforto.
Cruzei o corredor com passos um tanto mais apressados, por pouco não travando quando escutei uma das garotas que conversavam próximas aos armários soltar uma risadinha debochada.
Não acredito que estão fazendo todo esse drama por uma coisa tão idiota.
Deus, como eu odeio essa galera.
Na minha cabeça, a minha súbita irritação poderia ser facilmente explicada. Afinal, atire a primeira pedra aquele que gostar de acordar às seis da manhã, em plena segunda-feira, para ter dois horários consecutivos de Matemática Analítica. Se você é uma dessas pessoas, eu não sei se te admiro ou recomendo um psicólogo.
Qualquer um que me conhecesse o suficiente estaria acostumado com essa onda de mau humor que se instalava em mim durante o dia, e eu mesmo poderia dizer que já estava me habituando à rotina. No final das contas, as aulas acabaram sendo o menor dos meus problemas.
Não, o que estava me tirando do sério eram aqueles boatos-barra-fatos que corriam pela escola.
Diante do meu armário, abri a mochila e guardei os materiais dos quais não precisaria nos horários seguintes, levando o máximo de tempo possível. Tentei não remoer o fato de que estava começando a me sentir vulnerável demais por conta de uma coisa tão fútil, pequena e (na minha mais sincera opinião) nem um pouco importante, porém meu coração havia saltado de paraquedas em direção ao estômago no mesmo instante em que pisei naquele lugar.
Se eu focasse um pouco mais no que estava fazendo, seria capaz de ignorar os comentários curiosos que chegavam aos meus ouvidos, vindos de alunos tão discretos quando uma bomba explodindo ou uma sirene de ambulância. Escolha o seu lutador.
— É verdade que ele rejeitou a Ji-hyun? — alguém sussurrou atrás de mim e eu revirei os olhos, incapaz de me conter.
— Aham — outra pessoa respondeu. Mesmo que não estivesse as encarando diretamente, seu tom me dava a certeza de eu não ficaria muito feliz ao escutar o que estava por vir. — Eu ainda não acredito que ele passou essa vergonha na frente de todo mundo. Coitado, sinceramente.
— O que aconteceu? — a primeira voz tornou a questionar e senti o sangue em minhas veias correr mais rápido.
— Foi meio engraçado, já que ele tem toda essa fachada de fodão — riu. — É até bonitinho, ele ser tão inexperiente...
Ok, hora de fazer alguma coisa antes que a minha integridade se afunde mais ainda.
— Você não acha que está cuidando demais da vida alheia, não? — virei o corpo de repente, apertando os olhos na melhor expressão mortal que poderia fazer e sobressaltando as meninas à minha frente. Senti como se estivesse fumegando. — Ao invés de se preocupar com os podres dos outros, deveria tentar corrigir os seus. Bom dia.
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LIP LOCK • sope
FanfictionEu já estava cheio de todos zombando da minha - aparentemente inesperada - inocência. É só um primeiro beijo, caralho! Qual é o problema em não ter dado o meu, ainda? c. crystal alves, \ fanfic sope, outubro de 2017. fluff; comedy; school!au não per...