A noite passa, as crianças pegam no sono, todas estavam dormindo tranquilamente em seus confortáveis beliches, porém, Erick e Elise ainda estavam acordados, deitados em colchonetes no chão do quarto, era impossível fechar os olhos e não imaginar as cenas horríveis que ambos haviam presenciado, contando com aquela, era a terceira noite sem sono dos dois.
_ Elise! _ Erick sussurra.
_ O quê? _ Ela sussurra de volta.
_ Nós não podemos ficar aqui!
_ Por que não?
_ Eu não confio no regente!
_ Mas ele foi gentil, nos deu abrigo e comida!
_ Sim, mas lembra que o pai dizia pra nunca confiar em quem é bondoso de mais?
_ E para onde iríamos após sair daqui?
_ Eu não sei, talvez voltar para o reino, quem sabe já tenham acabado com os monstros!
_ Não tem como voltar para o reino, são dois dias de caminhada!
_ Eu posso propor para o regente, pedir para alguns de seus homens que nos escoltem de volta.
_ Mas e se chegarmos lá e os monstros ainda estiverem atacando?
_ Qualquer coisa é melhor que fic... _ Erick é interrompido pelo ranger da porta de madeira, que se abre lentamente e por ela passa uma figura alta e magra, segurando um lampião com suas mãos pequenas, enrugadas e trêmulas.
A figura usava uma capa marrom, com um capuz ocultando a maior parte de sua face, ela caminha até o centro do quarto, olha para os gêmeos deitados que o seguem com o olhar e diz:
_ Eu sinto muito pela sua perda, venham comigo, há algo que vocês precisam ver.
Erick e Elise, sem dizer nada, apenas se levantam e seguem o velho por um longo corredor, passando por diversas portas, todas fechadas. Em certo ponto, o corredor se divida em dois caminhos, um seguia reto à direita e outro à esquerda, porém no encontro destes três caminhos havia uma larga janela adornada em prata, com as cortinas brancas abertas. O velho aponta para a janela, Erick e Elise se aproximam e avistam uma enorme chama ao longe, nada precisou ser dito, na hora em que viram a grande coluna de fogo e a densa fumaça negra saindo daquele local, as crianças souberam que era a sua casa que estava em chamas, o reino das rosas agora era uma grande luz laranja ao longe, não havia nada a ser feito, além de assistir aquela cena horrível. Elise fica completamente paralisada, porém Erick se desespera, ele começa a gritar e bater na janela de vidro, lágrimas umedecem sua face, sua garganta dói, devido aos berros desesperados ele se ajoelha e bate com a cabeça no chão, fechando os olhos com força e arranhando o tapete com força.
O velho se ajoelha e gentilmente põe uma das mãos nas costas do garoto para consolá-lo, deixando o lampião no chão.
_ Calma crianç... ARGH
Antes de terminar a frase, Erick solta um berro, se levanta e estica o braço direito num movimento brusco, neste movimento, um rastro de energia dourada é criado e o velho é arremessado há vários metros de distância, os olhos de Erick, agora estavam incandescentes, brilhando em vermelho, ele salivava e apertava seus dentes, segundos após, ele torna a si mesmo e corre na direção do velho para ajudar, enquanto Elise assiste apavorada.
Com a gritaria de Erick, várias crianças haviam acordado, assim como os servos do castelo, que testemunharam o garoto arremessando o idoso.
_ Me desculpe por favor, eu não queria fazer isso, eu juro, foi sem querer! _ Ele chora ajoelhado ao lado do homem que estava no chão, cuspindo sangue e com um rasgo enorme nas roupas.
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Rosas de Fogo
FantasyDuas crianças que são obrigadas à crescer muito cedo, devido à tragédias familiares, dedicam o resto de suas vidas à achar o responsável pelo fim das mesmas