Por Onde Andei

Carlos Eduardo - Por que ele fez isso?

─ Por que ele fez isso? Por quê? – Dez minutos depois, Milena ainda chorava nos meus braços. A esta altura eu já tinha ao menos conseguido levá-la para a sombra. Ela despejou em cima de mim toda a discussão que tivera ontem com o nadador olímpico. Eu até poderia ter explicado que ambos passamos boa parte do dia tentando dar uma força para Bruna. Mas ela não me dava espaço para falar. Aliás, não havia nada que eu pudesse fazer para lhe consolar. – Você acha que eu engordei? Você acha que ele encontrou alguém mais bonita que eu? – Mulheres e suas inseguranças. Até essa garota maravilhosa na minha frente acha que é preciso ficar mais bonita do que já é por conta de um cara. Que bobagem!

─ Hei! Calma, Milena. – Cansado da choradeira sem fim dela, alterei meu tom de voz. O que a finalmente a fez parar um pouco e olhar para mim. – Escuta aqui. – Segurei seu rostinho delicado com as duas mãos. Olhei dentro dos seus olhos. Meu Deus! Como é bonita essa garota! – Não interessa o que aquele idiota pense ou fale sobre você, eu acho você perfeita. Ok?

Para minha total surpresa, Milena, num gesto rápido, me puxou para um beijo. E eu esperei esse beijo por tanto tempo que nem pensei. Minhas mãos desceram pelo seu corpo e a puxaram para mais perto de mim. Esqueci se um dia fui tímido, como eu me prometi mil vezes que faria caso isso chegasse a acontecer. Eu a beijei como se o mundo fosse acabar. E ela correspondeu como nos meus sonhos mais íntimos.

Quando nos soltamos, sem fôlego. Olhávamos um para o outro. Estávamos incrédulos. Ela, provavelmente, não esperava essa reação de mim. E eu, definitivamente, não esperava sentir o que senti. Ou melhor, o que não senti. Eu não senti nada. Nada vezes nada. Nadinha.