Carlos Eduardo - Pensei se ainda deveria ir

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Pensei se ainda deveria ir ao escritório, por mim, eu não iria. Não estava com disposição para problemas. Mas a responsabilidade me pegou pelo braço. Eu precisava assinar muitos papéis e verificar os trâmites do contrato da próxima banda a tocar na Atmosfera. Em outras palavras, eu teria de trabalhar até de madrugada.

Fiz corpo mole o quanto pude. Queria que minha mãe já tivesse saído quando eu chegasse, embora a conhecer a teimosia que herdei dela, sabia que seria a primeira pessoa com quem eu daria de cara.

Demorei no banho tentando entender as mulheres. Milena e sua crise de choro. Suas brigas com o troglodita olímpico. Ficamos sem saber o que dizer um ao outro depois do beijo. Ela pediu desculpas. Eu também.

Depois, Bruna "Incompreensível" Drummond. Quando eu fujo, ela me procura, ela se expõe, fala de amor. Se me aproximo, se baixo a guarda, se a defendo, recebo um cala a boca, um tchau e beijo. Viro amigo com um estalar de dedos.

Dirigi com o pensamento a mil. Talvez fosse melhor mesmo a gente se afastar de vez. Que a próxima apresentação viesse logo. Que cada um voltasse a ser o que era. Se bem que eu jamais voltaria a ser o que eu fora. Eu dei passos demais em direção a mim mesmo, venci vários obstáculos. Não conseguiria mais voltar.

E a próxima barreira estava me esperando na porta do escritório. Dona Débora.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora