Bruna - Onde você estava com a cabeça?

85 10 0
                                    

─ Onde você estava com a cabeça quando resolveu beijar a Milena? – Perguntei enquanto colocava um pouco mais de gelo no rosto dele.

─ Talvez num sonho infantil... – Ele sorria descaradamente. – Fui apaixonado pela Milena uma vida inteira.

Bem sentado na minha cozinha, ele me sai com uma confissão dessas sem nem tremer o rosto. Beijou a namorada do Felipe, porque era apaixonado por ela. Conhecendo o ciúme do meu amigo, o murro que levara tinha sido pouco.

─ Sério isso? – Fez que sim com a cabeça. – O que vocês veem naquela garota mimada?

─ Ela é bonita. É delicada. Uma princesa.

─ Falsa. Metida. Patricinha...

─ Você realmente não gosta dela. – Estava se divertindo as minhas custas. Apertei mais a compressa de gelo na cara dele, reclamou com uma careta.

─ Pudera. Já é o segundo cara por quem me interesso que... – Controlei meu pensamento a tempo de não dizer mais besteira. – Quer dizer... Felipe foi meu namorado e Altair a achou linda naquele dia na boate.

─ Ah! Você namorou o nadador... – Fingiu surpresa. Era péssimo ator. Todos naquele colégio sabiam do meu passado com Felipe. – Ele te batia também?

─ Felipe é um dos caras mais bacanas que já conheci, se quer mesmo saber.

─ E por que terminaram, então? – Ele brincava com o seu sanduíche de atum. Resolveu dar uma dentada.

─ Depois de hoje, você não consegue imaginar o motivo? – Fez que sim com a cabeça enquanto mastigava. – Milena. É louco por ela. Chegou na minha porta um dia, despejou a verdade e foi se arrastar atrás dela.

─ E você continuou amiga dele depois dessa presepada?

─ Sim. – Afirmei sorrindo. – Não sou de sofrer por amor, bobinho. Além disso, ele me pediu para continuarmos amigos. Afinal, quem prova do gostinho de Bruna "Delícia" Drummond sempre fica com um quê de quero mais.

─ Essa é uma lição que estou aprendendo na prática. – Agora seus olhos estavam fixos em mim. Ele se levantou e encostou carinhosamente a sua cabeça na minha. – Obrigado por me defender hoje de manhã. Obrigado por cuidar de mim. Obrigado por me ajudar com o apartamento. Você tem sido maravilhosa comigo. Só queria que você soubesse o quanto estou agradecido.

─ Não tem de quê.

Não consegui sustentar o olhar. Não consegui manter o clima de intimidade natural que começava a surgir entre a gente. Era um sorriso muito encantador. Uma gentileza muito constante. Uma tatuagem de tigre fascinante demais para que eu conseguisse controlar meu pobre coração. Logo meu coração, que já estava se acostumando em perder, o bichinho não precisava de mais uma dose dessa droga chamada esperança.

─ Vamos ver o apê? – Mudou de assunto sem ter consciência do estrago que fazia em mim.

─ Vamos. – Forcei o sorriso. – Vamos buscar as chaves na portaria.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora