Capítulo 3

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 Estava no meio da rua, carros passavam a alta velocidade, arrepiando meu pelo. Olhava em todas as direções, estava afilto, estava desorientado, estava em demasia trêmulo, para conseguir evacuar o local.

 Olho para todas em direções, mas especialmente, quando olho para a frente, vejo um camião aparentemente gigante, vindo na minha direta direção.

 Entro em transe e fecho minhas pálperas com uma certa força, respirando fundo e preparo para o meu último dia, a minha última respiração, o meu último momento.

 Quando o camionista me observa, toca a buzina e eu abro os olhos vendo o camião...

                                                                            SONHO OFF

 Começo a ganir desperado, e quando abro as minhas pálperas miro dois homens com redes na minha frente.

 Reparo que aquilo não passara de um sonho, mas ainda estava assustado.

 Volto para a realidade e tento enxergar melhor os dois seres no meu campo de visão com duas redes gigantes. Observo ao longe, uma carrinha de onde só ouvia cães a ladrar e a uivar.

 De repete, aquelas duas e estranhas criaturas colocam a rede à minha volta, e eu encolho-me com medo de me fazerem alguma outra maldade.

 O sangue havia congelado, o coração havia travado, as pernas haviam amparado.

 Um homem aproxima-se e consgo sentir seu mau cheiro intenso, penetrar nas minha narinas, arrepiando a minha espinha. O outro vai retirando aquela rede branca e preta, para a outra criatura maldosa poder mexer comigo.

  Aquele monstro, pega-me pelo cachaço, fazendo meu despertar me informar que ele me iria fazer mal.

 Eles abrem a carrinha e um deles abre uma gaiola, fazendo o meu agressor atirar-me lá para dentro.

 Agora, fazendo o inverso, fecham a carrinha, ficando tudo escuro dentro daquela gaiola imunda.

 Mas reparava agora que havia uma pequena luz, que iluminava um pouco do meu alojamento. Olho à minha volta mirando outros vários cães ali aprisionados.

*   *   *

Tratado como um lixo, como um objeto indiferente, como um pouco de carne para ali despedaçada e sem sentimentos.

Era assim que este meu primeiro dia correu, aqui nesta casa indesejada, onde milhares de cães são descuidados da mesma forma que a minha.

Já era o segundo dia aprisionado numa cela, onde nem condições tenho.

A dor aqui bate bem forte, fazendo meus músculos se contorcerem e minha mente rodar.

Autor Narrando

Era só mais um cão... só mais um cão para ali atirado e acolhido.
Segundo dia consecutivo em que Bill fora para ali aprisionado numa cela bem pequena e fria, sem um ninho confortável para uma boa noite.

Faltavam 5 dias... 5 dias para mais um cão morrer... 5 dias para Bill ser abatido. 5 dias para ir morrendo por dentro.

Bill sempre achara que teria um fim, onde o dono e a dona estavam com seus braços enlaçados no Bill.

Com exceção de alguns dias para cá. Bill aí já se perguntava se ia ter uma morte cruel, fria, dura, solitária...

Mas aquele cachorrinho acolhido por 2 pessoas magníficas estava agora num canil!

Como ainda existem seres que chamam a essas duas pessoas "magnífica" sendo que foram as próprias a matar o pequeno cão por dentro e abandona-lo numa rua escura e com o orvalho da noite a ser sentido?

Retirando estas minhas palavras ilustradas atrás... vamos pensar nas possibilidades de morte do Bill...

Centenas de cães por mês acolhidos no canil tendo seguimento de morte, pois raramente alguém aceita um pequeno cachorro como seu companheiro de estimação.

Daí Bill ter 99% de probabilidade de ser abatido no canil.

Agora estava ele ali na cela, arrasado, com esperança de puder contornar a regra e ser adotado por alguma criatura que lhe desse amor, um teto, 4 paredes, comida, água e algo confortável para dormir.

Mas a esperança ia sendo morta conforme as torturantes horas passavam.

Bill, já não era aquele cão gordinho e fofo. Bill havia se transformado num cão com um pelo áspero e uma estrutura, em demasia, magra.

*   *   *

Bill Narrando

7° dia de estadia, sendo torturado por todos os contribuintes da minha dor.
Não sei porquê, mas a esta hora, por norma, é a hora de me trazerem uma comida resumida a cereais.

Vejo um homem que abre a minha gaiola e me coloca noutra.

Estava assustado, o que era aquilo, iam acabar de vez comigo? Iam me dar murros secos e pontapés gélidos até desfalecer? Iam me entregar para um humano frio e sem brilho nos seus olhos, que me causa-se feridas contínuas que nunca iriam parar nem cicatrizar, porque para cicatrizar é preciso tempo, tempo agradável, confiança e carinho, e com uma fórmula especial e única de amor. Qualquer animal é capaz de mirar e de imitar uma coisa assim, portanto o humano não pode, não quero, que seja diferente, diferente, cruel e doloroso, frio.

Chego a uma sala onde tapam aquela gaiola claustrofóbica, impedido a luz penetrar ela.

"A minha dor, cruel e fria, serve de exemplo, de exemplo para mais de dez milhões de cães em todo o mundo."

                                                                           

                                                                     

Destino d'um Cão Abandonado (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora