Capítulo II

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Baekhyun estava em sua sala, andando de um lado para o outro e fitando o relógio de parede que marcava exatamente 6:50 da manhã. O garoto havia acordado mais cedo do que de costume, na verdade, não conseguiu ao menos dormir direito, pois as palavras de Jongin ecoavam em sua cabeça.

"Sem atrasos, lembre-se que é uma oportunidade de mudar seu futuro."

Bastou aquelas simples palavras para que o jovem perdesse completamente seu sono, e talvez, um pouco de sua sanidade mental, porque aquela voz séria de Jongin.... ah, ela estava extremamente sexy.

Baekhyun, pobre garoto, realmente não sabia onde estava se metendo.

Mordeu o lábio e suspirou, se jogando no sofá, ansioso e nervoso, perguntas rodeavam sua cabeça a todo instante. O que Jongin iria perguntar? Por que o havia escolhido? Existiam muitas outras pessoas competentes naquela empresa, o que intrigava mais ainda o baixinho de olhos castanhos.

Baekhyun decidiu sair mais cedo de casa, e assim o fez, trancou a porta de entrada e passou pelo pequeno portão de madeira que havia no princípio de seu jardim. Andou calmamente sobre a calçada, admirando tudo ao redor, já que isso não era possível pois sempre saía atrasado de casa. Após andar alguns quarteirões, sem perceber já estava em frente a empresa que trabalhava, suspirou e ajeitou seu terno, olhou para os seus sapatos, que Baekhyun mesmo poliu um dia antes, e sorriu quando constou que o mesmo estava impecável, assim como todo o seu visual. Andou até a escadaria do local, subindo lentamente os degraus, com destino ao quarto andar, que era onde se encontrava o escritório do presidente da empresa, no caso, Kim Jongin.

Quando finalmente chega ao andar desejado, Baekhyun se direciona até a recepcionista, apresentando alguns de seus documentos e revelando seu propósito, a mulher, que não era desconhecida de Baekhyun, já que seu olhar de desprezo sempre era evidente quando ela e o garoto se cruzavam no corredor, pediu para que ele sentasse e aguardasse ser chamado, pois a entrevista estava marcada para 8h da manhã, e o relógio marcava exatamente 7h32min.

Baekhyun mordia seu lábio em sinal de nervosismo, sempre olhando para o relógio e batendo o pé levemente no chão, causando um baixo som de "tac, tac, tac".

Suspirou e voltou seu pensamento ao sonho que teve alguns dias antes, por que depois de tanto tempo teve mais um pesadelo com seu amado? Já não bastava a eterna tortura de ter que conviver sem ele? Saber que poderia ter evitado, mas não o fez? Baekhyun se irritava com o fato de que sua própria mente estava brincando com ele.

Mas não, ele não poderia, Sehun já estava perdido em um abismo interior que nenhuma outra pessoa conhecia. Era, de qualquer forma, tarde demais.

Pegou a carta que sempre levava consigo, a carta de Sehun, aquela que revelava todos os sentimentos escondidos e obscuros. O menor de olhos castanhos abriu o envelope, desdobrando o papel amassado e relendo palavra por palavra. Não demorou muito para que seus olhos se enchessem de lágrimas, e para que o garoto soluçasse, ele sabia que ao abrir aquela carta todos os sentimentos voltariam. O sentimento da perda, a angústia, a melancolia e, a vontade de tirar a própria vida assim como o, agora ex, namorado havia feito.

Rapidamente voltou a carta para dentro do envelope, onde ela pertencia e jamais deveria ter saído outra vez.

Jongin, que estava na porta de seu escritório, sorriu ladino, observando o garoto de longe.

Era um sorriso perverso.

- Baekhyun, eu estava esperando por você, entre. - Jongin o chamou, olhando diretamente para o garoto que agora esfregava rapidamente seus olhos antes de se levantar e andar até a porta, cumprimentando o maior rapidamente. - Você não chegou atrasado, estou surpreso.

Havia um leve tom de deboche em sua voz, porém o baixinho de cabelos castanhos ignorou e entrou na sala assim que Jongin deu passagem, sendo seguido pelo mesmo logo depois.

- Então, senhor... - a voz de Baekhyun soou trêmula, o nervosismo, que até agora não estava evidente, se revelou.

- Jongin, eu já disse para que me chamasse assim. - sentou-se em sua cadeira e o fitou com aquele olhar obscuro.

- Sim, sim, me desculpe. - engoliu em seco, sabia que deveria obedecer, afinal, era o seu chefe, mas ainda sim era muita intimidade para tão pouco tempo.

- Enfim, vamos começar logo. Me diga, quais são seus planos?

- Meus planos? - houve um pouco de hesitação - Bom, eu quero trazer cada vez mais lucros para a empresa e poder ter uma boa convivência com meus colegas, além de cooperar com os trabalhos em equipe...

- Não esses planos, e sim o que você planeja fazer com sua vida de agora em diante. - interrompeu, ainda mantendo o olhar sobre Baekhyun.

Jongin o fitava como se fosse um lobo analisando sua pequena ovelhinha, que estava prestes a ser devorada.

- Minha vida? - perguntou confuso, afinal, sua vida pessoal não importava, e sim sua profissional.

- Sim, Baekhyun, sua vida. - disse sério, Jongin realmente não estava para brincadeiras.

- Eu não sei... - disse honestamente - minha vida pessoal está uma bagunça, então não quero envolvê-la com a minha profissional, espero que me entenda.

A angústia do garoto estava explícita, o que fez Jongin sorrir levemente. O tic tac do relógio se tornou o único som emitido dentro daquela sala, até que o moreno resolveu quebrar o gelo.

- Bom, Baekhyun, irei te dar um formulário de qualificação, e você pode preencher ele, certo? é algo rápido, e eu irei analisar e te dizer se será o novo vice-presidente ou não.

- Tudo bem por mim, mas eu ainda acho que é uma grande oportunidade para ser oferecida para alguém como eu. - sua voz estava falha, a angústia ainda não havia passado, pois sua vida pessoal era melancólica desde sua grande perda.

- Eu sinto que você tem capacidade, e de que ainda será um homem muito poderoso, Byun. - proliferou, entregando o formulário e uma caneta para o menor.

Muito mais poderoso do que ele sequer poderia imaginar.

Conforme preenchia o formulário, o pequeno se perdia em pensamentos, tentando achar um motivo para ele estar ali, sentado em frente ao presidente da empresa, sendo escolhido para uma oportunidade de se tornar o vice-presidente de uma das maiores empresas de seu país. Afinal, para ele era algo irracional, ele era realmente capaz? Foi escolhido por suas habilidades ou por outra razão? Todas essas perguntas passavam por sua cabeça, e sua mente ficava cada vez mais cansada, até que seus pensamentos tomaram outro rumo, para algo que ele estava pensando muito ultimamente: o pesadelo que teve alguns dias atrás. Baekhyun balançou a cabeça em negação, aquilo havia sido apenas um pesadelo, nada mais.

Ele não sabia, mas aquela inocência, aquele jeitinho de não considerar todas as possibilidades, iria o condenar.

Entregou o formulário preenchido para Jongin, que começou a analisar no mesmo instante, com um olhar sério e focado no papel que exalava um cheiro conhecido, não o de caneta e nem o de papel recém impresso, e sim de medo e temor, o moreno conhecia bem aquele cheiro.

- Bom... por mim está tudo certo e de acordo com o que eu esperava de você. - o maior redirecionou o olhar para Byun, que o observava desde que entregou o formulário.

- Isso significa que eu passei? - indagou, sentindo uma leve tontura, mas ignorando a mesma.

- Exato, mas eu ainda terei que arrumar algumas coisas, então você poderá começar o seu trabalho no novo cargo amanhã, tudo bem? Por hora, pode arrumar suas coisas na sua antiga mesa.

- Sim, Jongin. Então eu já vou indo. - levantou-se meio tonto, e andou em direção à porta do escritório, percebendo que sua visão estava turva.

Ao se aproximar da porta, Baekhyun sentiu seu corpo perder totalmente as forças, desmaiando ali mesmo, mas antes que perdesse totalmente sua consciência e desabar sobre o chão, percebeu que algo envolveu seu corpo, amortecendo sua queda.

- Bem-vindo, Baekhyun. - Jongin sorriu, fitando o rosto pálido e desacordado do mais novo, o aconchegando em seus braços. - Garanto que iremos nos divertir bastante.

Byun não sabia, mas estava nos braços de alguém que mudaria sua vida para sempre.

Ashes of a Broken LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora