CAPÍTULO 11 - Hora do show

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Luzes, flash, câmeras, pessoas e barulho. Era tudo o que resumia o último ensaio antes da premiação da melhor influencia literária moderna do ano. Vulgo, revistas. Era um evento e tanto para apenas algumas folhas de papel extrafino. Era incrível como a palavra escrita pode mudar a visão das pessoas, mesmo que a falada possa ir bem mais além.

— Um, dois, três, quatro. – Dave disse sentado no chão do palco principal enquanto Katherine contava o espaço que teria para suas danças loucas. Ela estava com saltos extremamente altos e uma saia esvoaçante e me perguntava como uma coisa não enroscava na outra e ela não saia tropeçando em qualquer coisa que houvesse no caminho. Eu no lugar dela estaria me estrangulando com aqueles panos no primeiro passo que desse.
— Tá tudo pronto? – Perguntou aos berros da plateia e os dois pararam o que estavam fazendo por um momento.
— Não. Mas está quase, xuxuzinho. – Dave falou colando o indicador e o polegar um no outro para indicar um “ok”.
— Não em público, Dave, por favor. – Pedi colocando a mão no rosto, olhando para os lados vendo se não havia ninguém olhando para a gente.
— É assim que você me trata depois de ontem, Joseph? – Gritou, ficando de pé e colocando as mãos na cintura batendo o pé no chão. Cadê o meu chicote, para eu meter na bunda daquela coisa? Peraí. Melhor não, vai que ele gosta? Uma vez ouvi Dave cantando “um tapinha não dói” em uma situação muito constrangedora e depois disso evitei bater nele.
— Quer parar? – Pedi em um grunhido.
— O que? – Katherine disse tão alto quanto ele. – Joseph, você me decepciona, como pode tratar ele assim depois de tudo o que aconteceu ontem? – Perguntou abraçando Dave que fingia chorar, repousando sua cabeça em seu ombro. – Eu jurava que você era mais homem do que isso, independente da sua opção sexual, eu pensava que você poderia fazer algo melhor por ele. Eu pensava que você era o cara certo para estar junto de Dave, mas estou totalmente enganada! Vem cá, Dave, não chora! – O abraçou alisando seus cabelos.
— TEM JORNALISTAS AQUI!

Katherine soltou Dave e os dois começaram a rir descontroladamente como se aquilo tivesse tido graça. Revirei os olhos fazendo bico. Minha imagem social não precisa mesmo ser mantida, não é mesmo? Degradação pública foi o que eu sempre sonhei.

— Terminaram? – Cruzei os braços e olhei no relógio. – Já são quase duas horas. – Katherine arregalou os olhos e começou a pegar as coisas que estavam no chão. – O que foi?
— Nada, nada é que eu... – Dizia recolhendo as coisas desesperadamente. Franzi o cenho olhando para Dave que deu os ombros.
— Katherine? – Chamaram e ela parou no mesmo momento antes de se virar. Sua cara lhe denunciava. Virei-me na mesma direção que ela, e no canto do palco, recostado em uma estrutura, Stark a olhava com uma cara séria o que dizia que ele não estava bravo, nem triste, mas também não estava feliz. Os olhos verdes a fitavam de modo que eu não podia distinguir o que era. – Tudo bem? Dave, Joseph. – Nos cumprimentou com um aceno de cabeça, já que suas mãos estavam enfiadas no bolso do jeans.
— E aí. – Falei e ele foi até o palco, descendo os degraus que havia ali, ficando do meu lado ainda olhando para a morena estática.
— Katherine, você não está com fome? – Perguntou para ela, mexendo nos cabelos. – Não sei, por que eu estava morrendo de fome, sabe? Mas ai, eu fui almoçar. Sozinho. Enfim, se eu fosse você, iria comer, é sempre bom manter a alimentação regrada. Mas tanto faz, você não cumpre muito os seus horários mesmo. – Deu os ombros, antes de se voltar para mim e para o Dave. – Não é verdade? Vocês que a conhecem bem, devem saber disso. Eu não sei, já que não a conheço. Enfim— Sorriu dando os ombros. —, tchau.

Ele travou o maxilar antes de olhar para ela e dar as costas. Dave abriu a boca como se tivesse entendido tudo e olhou para a menina batendo os pés como havia feito comigo. Eu ainda estava sem saber o que havia sido aquilo.

— Não fala nada. – Ela disse erguendo os dedos.
— Safada! Você não me falou nada depois daquilo! – Disse ele, lhe repreendendo com o olhar. – Você me decepcionou Hunnigan.
— Cala a boca. – Ela dizia enquanto voltava a pegar as coisas no chão.
— Eu realmente não acredito nisso. – Falei a fazendo parar de novo. – Katherine Hunnigan ex Uckermann! Como se atreve? Eu não acredito que você está...
— Shhhhhhhh! – Colocou o dedo na boca pedindo silencio. – Fica quieto!
— Saindo com o Stark. – Disse com um sussurro. Ela revirou os olhos. – Estou chocada! – Falei, subindo no palco, fazendo a mesma pose que o Dave. — Você partiu meu coração! Nunca imaginei que você seria capaz de fazer isso comigo. – Funguei me debruçando em Dave, imitando a cena anterior. Como assim ela está fazendo isso? EU SOU O MELHOR AMIGO DAQUELE MACACO DE ASA! Ela tem a obrigação moral de me contar todos os seus romances.
— Cala a boca! – Ela pediu de novo, com sangue nos olhos. – Isso morreu aqui, entendeu! – Disse apontando o dedo na minha cara.
— Ui. – Ergui as mãos como quem se rendesse. – Ela tá brava, querendo esconder o romance.
— Cala a boca! – Gritou novamente, e ri. – Ninguém pode saber disso, muito menos a imprensa e a Summer! Ele é ex dela. – Afirmou e eu revirei os olhos.
— Mas eles terminaram.
— Você nunca levou isso à sério depois de ter terminado comigo e companhia, certo? – Engoli a seco e não respondi. Não vos jogar as merdas dos amiguinhos na cara, vamos? – Pois é, então, por favor, keep a secret. – Piscou antes de pegar sua bolsa e seguir até seu camarim que por sinal ficava na mesma direção que Stark havia ido.
— Ei. – Dave me chamou ao ver que eu observava o lugar para onde Katherine havia ido um tanto quando pensativo. Voltei-me para ele, erguendo o queixo para que prosseguisse. – Você gosta do rapaz? – Dei os ombros.
— Depois que ele terminou com a Sun parei de pensar sobre. – Ele deu os ombros também, mas eu sabia que queria falar mais alguma coisa. — O que você tem a dizer, Dave?
— Não sei. – Deu os ombros. – Só que... Perseguição, não? Mas, e a Margot, vai bem? – Então deu as costas assoviando como se tudo fosse fácil e simples. Ergui a sobrancelha, sem entender o que ele queria dizer com aquilo.

Todas Contra Ucker (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora