Capítulo 3

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Milly

Se eu achava que todos os meus encontros com Gabriel Collins eram surreais, eu não saberia o que dizer do que eu acabara de ouvir.

– O quê? – murmuro em choque.

– Eu estou propondo a você que ceda sua barriga para gerar o meu filho. – ele repete quase didaticamente.

– Espera... Não pode estar falando sério! Sinceramente eu já acho toda esta história de barriga de aluguel um tanto... exagerada, mas é uma escolha sua e da sua esposa e não tenho nada a ver com isto se é um desejo seu, mas... Gabriel, da onde tirou esta ideia de que eu seria.... seria... Eu não consigo nem pronunciar!

– Eu sei que pode parecer chocante e absurdo, mas... Eu realmente estou falando sério, Milly.

– Não, não pode! Como achou que... eu... justamente eu, concordaria com algo assim? Gabriel você nem me conhece!

– Eu te conheço sim. Você era a pessoa mais feliz do mundo carregando um bebê.

– Sim, um bebê meu! - eu ainda estou meio em choque. Ou meio revoltada.

– Me desculpa, eu não deveria ter jogado isto em cima de você deste jeito. Vamos conversar direito, eu vou te explicar.

O garçom escolhe este momento para chegar com nosso pedido e minhas narinas são invadidas pelo agradável cheiro de chocolate quente e algo que parece torradas francesas. Mas comer é a última coisa que passa ela minha cabeça naquele momento.

Eu encaro aquele homem na minha frente. Vestindo um terno tão caro que deve custar mais do que todas as minhas roupas juntas. Que surgiu na minha vida do nada duas vezes e que eu achei que começava a conhecer. Que era de confiança.

Mas que agora me vinha com uma proposta absurda e irreal. E por um momento tenho vontade de pegar minha bolsa, me levantar e sair daquele café sem olhar pra trás. E nunca mais ver Gabriel Collins.

Mas ele respira fundo, como se preparando para uma árdua batalha verbal.

Eu deveria dizer a ele que era uma batalha perdida. Mas em vez disto, eu mordo meus lábios e o encaro seriamente.

Talvez eu devesse isto a ele. Apenas escutar sua proposta descabida e depois dizer não educadamente e ir embora.

– Eu sei que pode parecer absurdo.

– É absurdo. – rebato.

– Não é absurdo pra mim. – ele diz seriamente, se inclinando pra frente. - Eu quero muito ter um filho, Milly. Tanto que você não imagina o quanto.

– Não estou questionando esta sua vontade. Claro que querer ter um bebê não é absurdo. Mas querer ter um filho por uma barriga de aluguel...

– Eu não quero isto. Eu não tenho escolha. Minha esposa não pode gerar este bebê.

– E não pensaram em adotar?

– Não é a mesma coisa. Quero um filho meu, que tenha meu sangue, meus genes. E se a única maneira de realizar este sonho é por meio de uma barriga de aluguel, estou disposto a aceitar isto. – ele diz com convicção e percebo que esta decisão já está muito bem fundamentada em sua cabeça.

– Certo. Acho que eu posso entender. É um direito seu, mas... Por que eu? - murmuro.

– Porque eu confio em você. Confio em você pra ter, gerar e cuidar do meu filho.

– Ainda não entendo, sinceramente. – eu desvio o olhar, confusa com sua intensidade.

Ele realmente não pode estar falando sério.

Por um sonho -DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora