Capítulo 4

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Gabriel

Alguns momentos ficam impregnados em nossa memória pra sempre.

E este eu tenho certeza que é um destes momentos.

O momento em que Amélia Edwards disse: "eu vou ser a mãe do seu bebê".

Eu escuto em cima da chuva e do vento.

Escuto acima da minha dor.

E sinto lentamente aquele vazio inexorável dentro de mim sendo preenchido apenas com estas palavras. As mais belas imagens sendo construídas dentro de mim.


Capítulo 4

Milly

Gabriel me encara por instantes sem fim e eu escuto minha própria voz reverberando com o vento e de repente entendo o que disse e sacudo a cabeça.

– Quer dizer... sua barriga de aluguel. – me corrijo.

Obviamente a palavra mãe não se aplica naquela situação.

Oh Deus, e que situação!

Eu tinha mesmo concordado?

Sinto meu coração disparando no peito e minha cabeça rodando em confusão.

Gabriel ainda me fita sem dizer nada.

– Fala alguma coisa. – murmuro, soltando sua mão e dando um passo atrás.

Ele passa a mão que eu soltei entre os cabelos. Algo que ele faz muito, noto.

– Eu estou tentando entender se ouvi direito. – ele diz entre divertido e chocado e um sorriso desconcertado se insinua em seu rosto.

Eu mordo os lábios, incerta.

Talvez eu devesse recuar e dizer que estou brincando, ou que ele não ouviu direito. Mas em vez disto, eu o encaro com um sorriso igualmente incerto.

– Eu disse que concordo com sua proposta. Eu quero gerar o seu bebê. – digo baixinho e desta vez o sorriso que se abre em seu rosto é tão radiante quanto um dia de sol escaldante e iluminado.

É um sorriso feliz.

E de repente eu me dou conta que nunca tinha visto um sorriso genuinamente feliz naquele homem.

E o mais inesperado, é como isto me afeta.

Eu fico feliz também.

Estou feliz com a felicidade de Gabriel Collins.

– Você me surpreende Amelia Edwards. – ele diz.

– Eu? Acho que nunca ninguém me chamou de surpreendente. Na verdade, se me conhecesse direito, veria que sou uma garota bastante enfadonha.

– Enfadonha? Duvido muito. Desde que te conheci você sempre me impressiona.

Eu rolo os olhos.

– Acho que na verdade seria o contrário. Não sou eu que faço propostas assombrosas.

– Ok, esta você ganhou. Mas como me achou aqui?

– Sua secretária me disse. Mas por favor, não a culpe, acho que ela disse sem querer.

– Tudo bem. Eu gostei de vê-la.

Ele olha pra cima, e eu começo a reparar que chuva aumentou e está bastante fria.

Estremeço.

– Você está congelando. Vamos sair daqui.

Nós nos apressamos pelo cemitério e eu reconheço o carro de Gabriel parado a poucos metros. Ele tira a chave do bolso e destrava as portas, eu hesito apenas um momento, mas o sigo para lá. Que outra opção eu tenho?

Por um sonho -DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora