#3 Fim..?

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Ele não diz nada. Ela torna a repetir:

-Pode informar as horas, tio?

Dessa vez num tom mais alto, talvez pensando que o homem é surdo.

-São... dez.

Ele diz, guardando o aparelho.

-Obrigada.

-Nove e cinqüenta.
Sussurra uma velha ao lado da moça.

-É?

-É, o relógio dele tá parado.
Diz a velha, acenando discretamente com a sobrancelha.

-Maluco, né?

-Acho que é.
Diz a velha.

O metrô vai parando nas estações e as pessoas vão descendo.

Há cada vez menos pessoas nas estações.
O homem ouve que o metrô vai parar numa estação.

As portas se abrem e ele salta. Sai correndo. As pessoas do metrô ficam olhando a cena. O metrô fecha as portas e se vai.
O estranho velho com cara de doido corre pelas escadas do metrô.

Ele se esconde entre uma pilastra e um quiosque de sorvete.
Nas escadas, subindo, está a mulher.

Ela anda preocupada. Olha de um lado para o outro, agarrada a uma bolsa. Tem expressão de medo. A plataforma está vazia. Não há ninguém.

Ela vai caminhando e seus sapatos altos ecoam no longo corredor vazio.
Derrepente, o velho louco salta de trás do quiosque do sorvete.

Ele tem os olhos arregalados e o sorriso de dentes amarelos.

-Arrááá!

-Não! Me deixa em paz, seu louco!
Grita a mulher, assustada.

-Filha da putaaaa!
Ele grita.

Enfia a mão no saco plastico e retira um punhal pequeno de prata.

Pouco mais de seis dedos de lâmina.

-Não. Não...
A mulher geme, caminhando para trás. Agarra-se a bolsa.

-Eu... Preciso.
Diz o velho.

-Ahhhh!
Grita a mulher, que sai
correndo pelos corredores.

O velho corre atrás.
A mulher salta as roletas. O salto fino quebra-se sob o esforço. Ela tropeça e cai.
O velho vem correndo com a lâmina nas mãos.

-Volta aqui bruxa!
Ele grita.

A mulher levanta e sai correndo. Vem vindo dois rapazes de uns
18 anos. O boné para trás, a camisa de skatista, meio desbotada e uma mochila suspeita nas costas.

-Qualé? Alá!
Um fala para o outro.

A mulher vem correndo na direção dos garotos.

-Que foi?
Um deles pergunta.

-Um maluco. Com uma... Faca. Quer... Matar... - Falou ofegante

-Que?
Um fala

-Há. Tá me tirando, tia?

-Ih, Marcos. Lá. Alá, porra!

O velho dobra o fim do corredor. Está com a faca na mão.
Os manos puxam a mulher para trás deles.

- Qual é tio?

-Parô, Parô
Grita um deles. Estendendo a mão aberta para ele parar.
O velho vem se aproximando.

A Garota Do MetrôOnde histórias criam vida. Descubra agora