Magias, poços e montarias

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                  Os olhos de Erick se abrem, mas tudo o que ele enxerga é penumbra, cordas apertam firmemente seus pulsos. Ele sente o chão balançar, em um ritmo enjoativo.

_ Veetrum felinotum _ Ele sussurra e seus olhos brilham em azul, seu nariz sangra, pois seu corpo ainda não reagia bem à magia, mas pelo menos agora ele podia ver perfeitamente o que havia ao seu redor. O garoto observa o metal enferrujado à sua frente, e logo presume que está em uma prisão, ele encosta o rosto no ferro gelado e úmido, para tentar ver o corredor de madeira, porém, não havia nada para se ver, as outras celas estavam completamente vazias, com exceção dos ratos que passeavam por lá.

_ Uh, oi? _ O garoto fala em voz alta e dispersa a magia anteriormente conjurada.

_ Erick!? _ A voz de Elise sai da cela ao lado, uma fina parede de madeira separava cada cela, impossibilitando que quem quer que estivesse preso pudesse interagir com a pessoa da cela ao lado.

_ Onde nós estamos? _ O garoto pergunta.

_ Não sei, aparentemente em um barco, escute! _ Os dois ficam em silêncio e ouvem barulho vindo de cima, homens, pulando, dançando, cantando e gritando.

_ Vá ver os bonitinhos Isac! _ Uma voz masculina diz.

Logo após a voz falar, um homem desce as escadas, vestindo botas de couro que subiam pela canela, uma calça preta folgada, assim como sua camisa, que era branca, coberta por um colete vermelho. O homem era jovem, seus cabelos pretos e longos estavam amarrados, sua expressão lembrava a expressão dos subordinados que serviam Erick e Elise e ele carregava consigo uma tocha acesa que iluminava seu caminho. Ele se aproxima das celas, sorri maliciosamente e balança a cabeça negativamente.

O homem acende as tochas das paredes do corredor, se agacha, no meio das duas celas, para ter visão de ambas as crianças, olha para os lados cuidadoso e sussurra:

_ Vocês sabem nadar?

_ Vai se ferrar! _ Elise se sente ofendida e insulta o rapaz.

_ Quieta Maeve! _ Erick chama a atenção de Elise.

_ Olhem, eu sei o que vai acontecer com vocês, se quiserem eu posso jogá-los ao mar, não estamos longe da terra, apenas alguns minutos nadando e vocês estarão à salvo.

_ E por que nos ajuda? _ Erick pergunta.

_ Aqui... _ O homem tira uma folha amarelada de seu bolso, e ao desdobrar, revela uma pintura de duas crianças em roupas nobres, dois garotos. _ Estes são meus filhos, Robb e Thyr.

_ E daí? _ Elise pergunta.

_ Eu sei a sensação horrível que é, não saber o paradeiro dos próprios filhos, quero que vocês voltem para seus pais. Deem um abraço em sua mãe e pai e nunca se percam novamente.

Ao ouvir o homem falando sobre mãe e pai, Elise não fala mais nem uma palavra sequer, a garota fica parada, com o olhar fixo no homem e sua expressão facial não se altera. Já Erick, fica completamente descontrolado, o garoto agarra as barras com força, bate a cabeça contra elas várias vezes e grita.

A mente, é de fato algo engraçado, as pessoas reagem de diversas maneiras à diversos estímulos, ao passar por tudo o que passaram, aparentemente, a mente de Erick e Elise ignorava os acontecimentos ruins ao todo, porém, ao serem lembrados, o trauma era "reativado".

Erick berra e bate sua cabeça até sangrar, ele se levanta e pisa firmemente com o pé direito, por coincidência, ou não, ao pisar com o pé direito, uma onda forte inclina o barco, arremessando o garoto para frente. Antes de atingir o ferro, ele desfere um poderoso chute contra a cela, energia laranja sai da sola de sua bota e a porta da cela explode para frente, caindo no meio do corredor, o garoto com seus olhos incandescentes em vermelho encara Isac. Erick então, se aproxima do homem, o segura pelo pescoço com sua mão direita e ergue o mesmo cerca de dois centímetros do chão, porém, logo volta ao normal, largando o homem que se afasta com pavor estampado em sua face

Rosas de FogoWhere stories live. Discover now