Capítulo 29 - Você quer casar com...?

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Pisco repetidas vezes antes de me adaptar à claridade. Minha visão está embaçada agora, como um pequeno borrão tentando se acostumar aos pequenos lampejos solares que invadem a sala branca através das frestas da janela.

Movo meu rosto para o lado, balançando-o suavemente ao ver Paulo dormir desconfortável em uma poltrona ao lado da cama que estou.
Ele é tão mais bonito do que me recordava. O aroma de seu perfume, a forma que seus lábios se movem quando solta um baixo roncado.
Seu rosto é tão gracioso que olha-lo é quase imperceptível perceber os furos dolorosos espalhados por meus braços. Pequenos fiapos transparentes presos em minhas veias. Tubinhos finos interligados a sacolas de soro.

Mesmo que dolorido por agora, fico momentaneamente feliz porque sei que tudo finalmente acabou.
Não queria que ninguém morresse no percurso, mas, ele tentou fazer mal a Paulo. Foi baleado pela polícia enquanto tentava fazer mal a alguém, e, ela... Era só uma garota. Eu não podia culpa-la por acompanhar o pseudo-demônio de olhos azulados.

"Você acordou" Paulo sussurra, ainda um pouco sonolento. Coça os olhos por um breve instante antes de me encarar com suas enormes biles verde-água. "Você está bem? Quer alguma coisa?"

Ele se levanta brevemente.

"Um pouco d'água, por favor." Imploro, sentindo uma sequidão repentina em minha garganta.

Como o próprio flash, o garoto se prontifica de me trazer a água. Há um recipiente na mesa de cabeceira e ele é agil e cuidadoso e agora está sentado a meu lado me ajudando a bebericar o líquido incolor.

"Que horas são?" pergunto.

"Pouco mais de seis, eu acho."

Como ele saberia da hora sem olhar para qualquer tipo de relógio? Penso que esteve em claro por toda a noite e no motivo de ter o feito.

Acho que Paulo me ama. Acho que ele me ama como eu descobri que também o amo. E...Dios! Eu o amo tanto!

No meio do caos, durante as noites que passei naquele sequestro, seu rosto, seus lábios, cada pedaço de momento que tivemos juntos me fizeram segurar numa fina corda invisível de força.
Eu quero tanto beija-lo agora que ele está realmente perto de mim.
Quero deslizar meus dedos por sua pele, por debaixo de sua camisa e contornar cada canto. Grava-los em minha memória. Para sempre.

"Onde vai?" Pergunto, superprotetora quando ele faz menção de sair da cama e voltar para a poltrona que dormia, mas, não quero que ele o faça. Preciso dele perto. De seu calor. "Fique! Por favor!"

Ele para ao ouvir minha voz, ainda de costas para mim, percebo que respira fundo, inspira, suspira.. E então volta a me encarar "Tenho medo de não conseguir mais me afastar"

Mordo o lábio. "Não se afaste então!"

Seus lábios se movem num pequeno esboço de sorriso. Repetindo os passos anteriores, ele volta para onde estou, tendo cautela a deixar na cama junto a mim. "Kat" beija-me o pescoço. "Se você tivesse noção do que passei...Dios! Eu nunca mais quero perder você!"

Meus cabelos estão opacos, numa junção do sujo ao frágil. Mas, ele pouco parece se importar porque inspira meus cabelos como se quisesse ter a certeza de que eu estava ali, e que era real.

"Katrina" ele segura minhas bochechas e me obriga a encara-lo. "Eu vou te proteger. Vou cuidar de você como uma criança, vou te amar... Caramba, Kat. Eu vou mesmo te amar!"

Estou sorrindo para ele feito uma boba. "Eu acredito" aninho-me mais em seu peito. "Eu acredito em você, amor."

"Você não está entendendo, Kat." Suspira. "Quero que você deixe a pensão e venha morar comigo. De vez. Quero que seja minha, por completo. Eu sei que é muito cedo pra pedir isso, mas estou pronto para dar esse passo com você..."

Estou trêmula. Muito nervosa.

Ele não vai fazer isso. Ele não vai...

"Katrina Sanchez Cavalieri" seu tom é melodramático e a cada pequena letra dita eu sinto que vou morrer. "Eu sei que você vai me achar louco, mas você quer cas..."

"Bom dia!". Um médico entra na sala. Bem no meio da fala de Paulo e o atrapalha de continuar.
Não sei se rio ou se choro.

"Bom..." Paulo está desconcertado. "Dia. Bom dia, doutor." Diz, rindo.

Olha de volta para mim, e balança a cabeça, repetidamente, ainda sem acreditar que foi impedido de completar seu pedido.
Meu coração ainda está a palpitar como um turbilhão, repleto de emoções no mesmo segundo.

"Eu atrapalhei algo?" O médico pergunta. Está constrangido.

"Não. Nada!" Paulo afirma.

É... Nada.

KATRINA | DYBALA ✨ Onde histórias criam vida. Descubra agora