Recomeço

Acordo com um susto. O mesmo de sempre, do qual nunca consigo não me assustar.

Não conto a ninguém o que tenho passado ultimamente, tenho que passar para meus irmãos segurança. Nossa vida tem sido tão amarga, tão deprimente, e eles ainda não tem certo entendimento de tudo o que houve, principalmente minha irmã May.

Não que eu possa fazer algo a respeito, mas dói; No fundo me sinto totalmente culpada por todos que amo serem na maior parte do tempo infelizes.

Meu nome é Elisy, tenho 17 anos e desde que meu pai morreu sou a responsável por manter meus dois irmãos de boca cheia, o suficiente para não morrerem de fome, coisa não muito comum hoje em dia.

- Lisy?

Minha irmã acordou.

- Oi May. O que houve? Sonhando de novo?

Ela apenas assente. Depois que meu pai morreu, alguns meses atrás, minha irmã não consegue dormir à noite, coisa que não posso simplesmente culpá-la, também não durmo quase nunca, preocupada com a segurança de todos.

Ficamos durante um tempo planejando nosso dia que virá a seguir, quando ouvimos um barulho e ficamos imediatamente em silêncio. Estamos assustadas.

Então vimos uma silhueta de um homem desconhecido entrando em nossa tenda.

Não consigo pensar, caio em cima dele e tiro uma faca do meu sinto, ele consegue se soltar rapidamente dos meus braços e tirar a faca das minhas mãos, então sai correndo em disparada pelas ruas sujas e com restos das construções que um dia fizeram parte dessa paisagem seca.

Capítulo 2

Amanheceu e ainda estou com o coração acelerado, na verdade todos estamos. Mesmo que esses ataques sejam normais.

Todos estão famintos, há pouquíssimos recursos, e apenas uma pequena minoria tem o necessário para sobreviver.

Meu pai nos ensinou a ver o melhor em cada lugar, em cada coisa, até mesmo nos momentos mais sombrios, pois sempre há algo bom em cada um, mesmo que não sejamos capazes de ver.

Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos que não irão encher nossas barrigas, e que só causarão mais sofrimentos.

- Thomas, você fica de olho que eu já volto.

Meu irmão assente. Consigo ver em seus olhos que ainda está assustado.

Ando poucos metros quando percebo que alguém está atrás de mim, paro imediatamente me preparando para o golpe e pronta para revidar.

Viro-me lentamente, mas antes de conseguir ver quem era a pessoa, sinto alguém pegando nos meus pulsos.

Era ele, o garoto que pretendia nos atacar mais cedo. Mesmo com os cabelos e roupas sujas, não deixava de ser lindo.

Por um instante me perdi em sua beleza, fascinada com aqueles olhos negros, como em uma noite de lua cheia.

Balancei a cabeça e voltei ao normal, sabia o que essas pessoas eram, o que faziam.

Afastei – o e dei alguns passos atrás, procurando algo para jogar em cima dele, já que o troglodita extremamente lindo havia roubado minha faca.

Ele veio em minha direção lentamente, fiquei totalmente sem saber o que fazer.

Corre sua louca, era o que dizia a mim mesma.

- Até que você tem uma boa mira pra uma garota desse tamanho. Então me mostrou o rasgo em sua camisa, eu deveria ter o acertado com a faca enquanto ele tentava se desvencilhar de mim.