Casamento Arranjado [Completo]

Capítulo 42

  Eu estava nervosa, meus pensamentos oscilando entre Ian e Virgínia. Quando foi mesmo que comecei a me preocupar tanto com eles?
  Eu estava caminhando de um lado para o outro na sala, minhas mãos trêmulas e meu coração acelerado.
- Helena você vai abrir um buraco no chão! -disse Dorian.
  Eu nem lembrava que ele estava ali, meus pensamentos estão confusos, esse sentimento dentro do meu peito é uma coisa que eu nunca senti, e é ruim, não sei explicar...
- senta aqui Helena! -disse Dorian apontando para o sofá.
  Eu não discuti com ele.
  Me sentei e fiquei fitando o nada. Onde Ian está? Por que não voltou ainda? O que aconteceu?
  Um barulho estridente de algo se quebrando me tirou do transe me fazendo pular.
  Levantei-me rapidamente e corri para porta, preciso saber o que está acontecendo. Preciso encontrar Ian...
- HELENA PARA!-gritou Dorian segurando meu braço.
  Olhei para ele como se tivesse o notado pela primeira vez. Ele tinha uma expressão estranha, meio fechada e ao mesmo tempo irritada.
- Dorian... Eu preciso ir até lá! -falei aflita.
- não posso deixar você ir. Não pode se intrometer nisso... Ian não vai gostar nenhum pouco!
  Dorian me convenceu a voltar para a sala e me deixou sentada no sofá enquanto pegava alguma coisa.
  Ele se sentou ao meu lado e começou a limpar meu machucado, era apenas um pequeno corte na boca, mas meu rosto ainda está dolorido, tenho certeza que ficará um hematoma.
  Dorian tinha a mão firme, sabia o que estava fazendo. Ele me fitava com tanta intensidade que me senti estranhamente exposta. Nunca me senti desconfortável com Dorian, mas seus olhos castanhos penetrantes me olhavam com tamanha...
- Ah!-resmunguei de dor me afastando.
- sinto muito! -desculpou-se ele.
- tudo bem... Acho que já está bom!-falei confusa.
- está se sentindo bem?
- acho que sim...
- não está tonta? Enjoada? - insistiu ele.
- estou bem Dorian! - respondi irritada.
  Ele se retraiu com meu tom de voz. Nem eu me reconheci.
- descupa Dorian... Eu só estou...
- Confusa? Imagino que sim...
- estou preocupada Dorian. O que será que está acontecendo? -perguntei nervosa.
  Dorian protelou por alguns minutos antes de falar.
- Não sei!
  A voz de Dorian parecia distante, um tanto fria... Como se estivesse em outro lugar.  Seria preocupação com Ian ou raiva do seu pai?
-isso vai ficar roxo!-disse Dorian tocando minha bochecha.
  Seus dedos tocaram suavemente, eram macios e quentes. Me afastei imediatamente.
- desculpe! - disse Dorian.
  Deixei ele pensar que eu tinha sentido dor, mas eu estranhamente só queria que ele não me tocasse.
  Fiquei olhando para a porta na esperança de ver Ian aparecer.
  Senti lágrimas descerem por meu rosto.
- Helena? -chamou Dorian. - Está chorando?
  Não respondi, o que confirmou suas suspeitas.
- você se preocupa bastante com Ian! Não é? -perguntou ele me olhando intensamente.
  Sequei minhas lágrimas. Eu não queria responder a pergunta dele. Não queria que ele soubesse que eu gosto do Ian.
- eu me preocupo com todos vocês! -respondi indiferente.
- mas você e Ian... Se aproximaram bastante. Você gosta dele?
-onde você quer chegar com essa conversa Dorian? - perguntei irritada. - Não vê que estou nervosa. Isso tudo é culpa minha!
  Lágrimas rolaram por meu rosto novamente, eu sou um desastre. Estou sempre me metendo em encrenca, e agora colocando pessoas inocentes em minhas confusões.
  Eu sou uma idiota mesmo. Não consigo ser o que ninguém espera de mim, meu pai tinha razão em querer se livrar de mim, as vezes nem eu me suporto.
- eu sou um desastre Dorian... Estou sempre fazendo algo errado e prejudicando alguém! -falei entre as lágrimas.
  Dorian me abraçou me surpreendendo, demorei um pouco mas o abracei de volta, chorando sem parar.
-estou cansada de tantas confusões. Cansada de brigas. Eu, eu só queria ir pra casa...
  Lembro-me do abraço de Blair. Que saudades dela. Blair era a única pessoa no mundo que me entendia, a única que não me julgava e a única que me consolava.
- não se preocupe Helena. Isso não é culpa sua. Meu pai e Ian nunca se entenderam... Finalmente Ian tomou coragem pra enfrentar aquele velho. Isso não tem nada a ver com você. É coisa de família...
- Não Dorian, é minha culpa sim... Se eu não tivesse fugido, seu pai não teria ficado furioso. Seu pai me detesta, não sei por que não me devolveu ainda!-reclamei.
- negócios em primeiro lugar! -disse Dorian.
- desculpe, sei que ele é seu pai... mas ele é um cretino!
-eu sei disso!-disse Dorian suspirando.
  Respirei fundo e me levantei.
- como se sente? -perguntou ele.
- melhor, obrigada! -respondi com um sorriso fraco.
- disponha senhorita!
-vou para meu quarto... Preciso me deitar um pouco! -menti pra ele.
- quer que eu te acompanhe?
-não precisa. Eu quero ficar um pouco sozinha. Isso tudo... - toquei meu rosto. - Mexeu comigo.
- tudo bem!-disse ele.
  Sem responder, fui para meu quarto.
  Eu preciso encontrar Ian. Preciso saber o que aconteceu, essa confusão é culpa minha.
  Apressada,  fui para meu quarto em busca de um pouco de privacidade, preciso colocar meus pensamentos em ordem antes de...
   Ao abrir a porta, me surpreendi ao ver Ian ali, sentado no chão próximo a cama, olhando para o quadro do cavalo selvagem.
  De longe, vi algumas lágrimas escaparem de seus olhos, as quais ele não se deu ao trabalho de secar ou esconder.
  Meu coração tropeçou, parou e voltou a bater com a velocidade dobrada. Minhas pernas ficaram bambas e meu peito se contraiu em uma forte dor até então desconhecida.
  Que sentimento é esse?
  Ver Ian ali daquela maneira, me fez perceber o quanto eu me importo com ele.
  Ele parecia tão frágil e ao mesmo tempo tão assustador...
  Ele não pareceu me notar ali parada na porta, pois seus olhos nunca desviaram do quadro.
  O que será que ele está pensando?
  Reparei que seus punhos estavam serrados, e parecia que estavam machucados. Seu rosto estava petrificado em uma máscara de ódio e fúria que eu nunca vi na minha vida.
  Eu não podia me mover, estava assustada de mais.
  Não percebi que chorava até as lágrimas embaçarem meus olhos.
- Ian... - sussurrei com a voz embargada.
- Fecha a porta!- ordenou ele.
  Ele não me olhou enquanto falava, nem se moveu. Apenas ficou lá, fitando o quadro, como se não existisse mais nada ao seu redor.
  Fiz o que ele mandou.

.•*´¨'*•.ღ*★*ॐ✿

Meu Deus, não sei nem explicar o que estou sentindo...
A partir de agora vai ser tenso. Será que nosso casal vai aguentar?

Só posso adiantar uma coisa:

Estou anciosa pelos próximos capítulos!!!