Encarei a mesa. Estava farta, como sempre. Então encarei as pessoas sentadas em volta dela. Rafael, Elliot, Rosé, mamãe, Martha, Tadeu... e um cara que eu nunca vi antes na minha vida. Eu estava de frente para mamãe, o que me dava a visão do lado esquerdo de Elliot, Rosé e Tadeu e a visão do lado direito de Rafael, Martha e o desconhecido. Na verdade ele parecia um pouco familiar, mas eu não conseguia lembrar do seu rosto.
-Meninas, quero apresentar o senhor Lionel Lamar. Ele que está cuidando do testamento do pai de vocês.
-Prazer, senhor Lamar.-Rosé disse.
-O prazer é meu. Por favor, só Lionel.
A vi sorrir.
-Prazer, sr. Lionel.-Falei.
Ele olhou para mim e eu congelei. A cicatriz perto do olho esquerdo. Por isso o achei tão familiar. Ele era o fantasma da mansão, que ficava no andar proibido. Me segurei para não demonstrar minha surpresa.
-O prazer é meu. Por favor, só Lionel.
O analisei e assenti.
O jantar inteiro eu fiquei em silêncio, apenas analisando, bem discretamente, Lionel. Além de receber olhares preocupados de Elliot. Ele estava no carro quando cheguei aqui, e com certeza viu o que eu fiz com a minha mãe. Na verdade, ele me lançara olhares preocupados desde que saímos do hotel de manhã cedo. Eu não disse uma só palavra no carro. Eu sabia que ele estava achando que eu desistira de verdade ou que eu levara suas palavras a sério. Ele tentava decifrar minhas expressões. Mas não obteria sucesso, pois eu não expressava nada. Na verdade, "Prazer, sr. Lionel" foi tudo o que eu disse durante o jantar. E congelei por uns dois segundos, no máximo três. Isso, certamente, poderia ter frustrado Elliot, mas se frustrou ele também não demonstrou. Quando começaram a servir as sobremesas, vi o cabelo louro e os olhos verdes de Seth. Arqueei uma sobrancelha e balancei a cabeça incrédula. Ele estava lá também. Olhei rapidamente para Lionel e depois para Seth. Ele apenas assentiu. Tinha entendido minha mensagem e respondido minha pergunta.
-Não é, meu bem?
Olhei para mamãe. Ela me olhava daquele jeito que uma mãe olha para um filho mal educado.
-Desculpe, o que?
-Lionel estava elogiando o trabalho de vocês. E os meninos também. Vocês estão trabalhando duro.
-Ah, sim.-Porra, mãe. Me deixa quieta.- Bem, é, nós estamos trabalhando muito duro. Dando o nosso melhor pelas empresas e pelos funcionários. E vimos que valeu a pena né, quer dizer olha os nossos gráficos.
Lionel sorriu.
-Vocês duas são excelentes chefes. Eu estou acompanhando tudo o que vocês fizeram até agora. O pai de vocês ficaria orgulhoso, sei disso.
-É, talvez. Se estivéssemos fazendo isso por vontade própria. E se ele estivesse vivo pra ver.-Falei amargamente.
-Petúnia! Seu pai soube muito bem o que estava fazendo. Lionel tem razão, ele ficaria orgulhoso.
-Não tem como você saber. Ele está morto! Que é? Vocês conversam com os mortos agora?
-Petúnia!-Rosé se levantou e me encarou gélida.-O que pensa que está fazendo?
Me levantei também.
-O meu pai ficaria orgulhoso de nos ver bem sucedidas fazendo o que gostamos. O meu pai ficaria orgulhoso de ver a nossa carreira decolar. O meu pai ficaria orgulhoso de ver nos tornando o que sempre quisemos nos tornar trabalhando duro por isso.- A cada "o meu pai" meu dedo batia no meu peito.-O meu pai nos conhecia, e nunca nos obrigaria a brigar contra nós mesmas para receber algo que ele sempre disse que seria nosso.
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Herdeira Legítima
RandomEu preciso saber como uma empresa funciona, como posso fazê-la lucrar horrores e crescê-la ao máximo. Se eu não conseguir isso dentro de nove meses, eu perco meus direitos como herdeira, propriedades que ganhara de meu pai e qualquer vínculo com a e...